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Narração por Caio. 

O Hugo infelizmente fugiu, mas eu havia o arrebentado. Nunca mais ele tocaria novamente, ou eu não me chamo Caio Belluce. Eu não consegui dormir depois que cheguei em casa por volta das 9 horas da manhã.

Depois de toda a merda que rolou na boate, levamos a Luna para um hospital e lá souberam cuidar dela. Meu pai a levou pra casa junto com a Andréia e eles ficaram cuidando dela. 
Estava tomando café olhando para a janela e senti os braçinhos da Emilly me envolverem pela barriga. 

Emilly: Não dormiu ainda amor? –Depois que chegamos ela ficou um pouco comigo e foi dormir. Eram já 18:45. 
Caio: Estou sem sono. 
Emilly: Você precisa relaxar, graças a Deus ele não chegou a fazer nada com a Luna. 
Caio: Mas tentou fazer e ele não vai parar, Emilly. 
Emilly: Eu sei, Caio. Eu entendo que você queira proteger sua irmã, eu também quero e muito ver esse cara preso. Eu não sei o quão mal ele já fez na vida da Luna, mas posso imaginar. Mas a Luna precisa de você forte. 
Caio: Ta. –Eu não estava a fim de conversar e também não queria ficar ouvindo sobre o que aconteceu.

Me soltei da Emilly e fui para o primeiro andar, deitei no sofá e fiquei ali sozinho. 
Estava cochilando já quando ouvi a porta da sala abrindo. Abri os olhos e vi a Emilly saindo com sua mochila nas costas.

Caio: Vai embora? 
Emilly: Vou. 
Caio: Fica. 
Emilly: Tenho que resolver uns problemas. 
Caio: Quais? 
Emilly: Não é nada. –Ela não me escondia nada, ainda mais com aquela cara de que havia rolado um mega problema. 
Caio: Espera que eu vou pegar as chaves do meu carro.
Emilly: Não precisa. 
Caio: Emilly, não começa. –Levantei do sofá, fui ao meu quarto, peguei as chaves e desci às escadas.
A Emilly estava com uma cara pensativa e preocupada-. Me conta de uma vez. 
Emilly: Não é nada, só me deixa em casa. 
Caio: Vai ficar me escondendo mesmo? 
Emilly: Não estou escondendo, por acaso você me conta de toda as coisas que você faz? 
Caio: Conto. E a maior parte das horas você está presente nas minhas coisas. 
Emilly: Ta bom, Caio. –Ela rolou os olhos e saiu. Fui atrás dela e a segurei pelo braço. 
Caio: Emilly, eu fico puto quando me escondem uma coisa. 
Emilly: Corrigindo: Você fica puto quando não tem controle sobre as coisas. 
Caio: Não é controle, Emilly eu conheço essa sua cara. Aconteceu alguma coisa séria. 
Emilly: Eu amo passar os dias com você, amo ficar com você, amo namorar com você. Mas eu tenho que cair na realidade não é? Eu tenho minhas contas pra pagar, tenho minha casa. Não dá pra ficar dentro de um quarto esperando seu temperamento esfriar enquanto minha vida lá fora está se afundando. 
Caio: Do que você está falando? –Ela desviou o olhar e cruzou os braços-. Ein, Emilly? Fala! 
Emilly: Eu não quero te envolver nisso. 
Caio: Pensei que um namoro fosse um sabendo das coisas do outro, sem segredos e sem esse negócio ai que a gente está discutindo agora que eu nem sei se tem um nome. 
Emilly: Porque isso é um problema que eu quero resolver, porque eu sei que você se meteria e iria dar o seu jeitinho, mas eu não quero. Eu não quero depender de você. –Ela me olhou com os olhos marejados e eu peguei na mão dela. 
Caio: Eu sei que sou difícil, Emilly. Mas poxa, eu só quero cuidar de você. Não quero te deixar sozinha na sua casa, como não quero ficar sozinho aqui. Me conta o que está acontecendo, eu não vou prometer que não vou te ajudar, porque eu me conheço. Eu estou cansado, estressado, não consigo dormir e sei que deixei isso afetar na gente. Você é a que sempre pensa melhor entre a gente. Só me conta, Emilly... 
Emilly: Eu fui despejada, o aluguel da casa já estava atrasado há um tempo.

Eu sabia que a Emilly desde que a mãe dela ficou doente ela que começou a manter a casa dela. Tratamento, remédios, contas e tudo mais. O salário dela não dava pra tudo né? Uma coisa ou outra teria que deixar de lado. Eu sabia que aquilo tudo era demais pra ela, que ela era nova demais pra passar por tudo isso. A abracei e dei um beijo em sua testa. 

Caio: Emilly, entra aqui. –Peguei em sua mão e a levei para dentro da minha casa. Sentamos no sofá e a coloquei sentada no meu colo-. Você tem 18 anos, beleza? Vamos deixar a realidade bem clara, você recebe um pouco mais do que um salário mínimo, eu sei que é só você ali sozinha. Mas hoje em dia pra se manter só com isso não dá. Você quer terminar seus estudos, tem vontade de fazer faculdade. Eu acredito no seu potencial, sei que você é uma mulher inteligente, independente, vai longe na vida. Mas pensa bem, pega as suas coisas e vem morar aqui comigo. Se você quiser eu monto um quarto só seu, você nem precisa dormir comigo, um conto apenas seu. Mas deixa aquela casa de lado, eu sei que eu sou complicado, você já passa uma parte do seu dia comigo e às vezes eu sou muito estressante, mas vem morar comigo. –Ela ouviu e ficou quieta. Ela olhou para o chão e pelo seu jeito parecia que sua mente trabalhava a milhão. 
Emilly: Se eu morar aqui as pessoas da empresa vão acabar descobrindo. 
Caio: Cansei de manter as coisas em sigilo, não sei disfarçar. Se você está no mesmo lugar do que eu, vou olhar mesmo e que se dane. 
Emilly: Não vai complicar as coisas? 
Caio: Complicar o que? Em que século esse povo vive? 
Emilly: Eu só não quero ficar dependente de você, Caio. Porque eu sei que querendo ou não vai acabar acontecendo. Você é meu namorado e não meu pai. 
Caio: Não complica as coisas, Emilly. Pra onde você iria? Pra casa da sua tia que mal liga para você se você não ligar? Seus tios moram longe, você nunca que chegaria a tempo pra trabalhar. 
Então pensa, aceita a minha proposta, ouve o que eu tenho pra te dizer. Deixa de ser orgulhosa, não estou te dando nenhum prêmio da loteria, só uma casa e o meu colo pra você dormir. Vai facilitar sua vida, você vai ter tempo de voltar a estudar, de formar sua carreira. Se depois você quiser ir embora eu não vou brigar. 
Emilly: Você não veio com um manual, Caio.
Caio: Eu estou tentando melhorar... Por você. Eu não quero te perder e eu sei que se eu continuar assim vou te perder. –Disse sincero. 
Emilly: Não precisa mudar, vou me adaptar ao seu jeito. –Ela cantarolou, abriu um sorriso e me deu um selinho. 
Caio: Liga para o dono da casa, avisa que amanhã a gente vai lá pegar suas coisas. –Levantei a segurando no meu colo e subi às escadas. 
Emilly: Vamos deitar? 
Caio: Vamos, quero dormir com você, se você quiser. 
Emilly: Claro que eu quero. –Ela sorriu e me deu um beijinho no pescoço-. Obrigado por tudo, Caio. Obrigado mesmo. 
Caio: Não precisa agradecer. –Entramos no meu quarto, ela apagou a luz e fomos para a minha cama. Nos enfiamos debaixo do edredom e a abracei em forma de conchinha. 
Emilly: Vamos dormir juntos todas as noites? 
Caio: Todas elas. –Dei alguns beijinhos na nuca dela. 
Emilly: Promete não brigar comigo? –Ela pegou na minha mão e deu vários beijos quentes nela. 
Caio: Você briga comigo toda hora. 
Emilly: Ah não se faz de vítima. –Ri. 
Caio: Está certo. –Logo ficamos em silêncio e fiquei pensando até pegar no sono. 

Eu queria ser mais carinhoso e mais aberto com a Emilly, mas sabe quando você quer fazer uma coisa e tem vergonha de fazer? Ou não sabe como fazer? Então quando eu resolvo fazer eu me sinto mal-interpretado.

Porque eu sei que eu sou bem estranho e essas coisas de romance não combina nada comigo. Mas eu pretendia deixá-la mais confortável possível na minha casa, eu sentia que era uma nova fase da minha vida se iniciando. Sentia que a Emilly não seria alguém que viesse a minha vida apenas a passeio. Ela ficaria ali e eu estaria ali por ela.

Quando decidi voltar para o Brasil, eu sentia algo me gritar pra cá. Coisa doida do destino mesmo. E eu tinha certeza que quem gritava era a Emilly, porque até as mãozinhas dela se encaixavam nas minhas mãos. Ela é minha, meu amor.

MIL RAZÕES (F!)Where stories live. Discover now