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Narração por Gael. 

A Luna é uma menina calma, uma pessoa que eu me sentia bem e eu gosto de conversar com ela. Já que agora vamos ter que conviver mais pelo pai dela e a minha mãe, porque não contar sobre meu pai e meu irmão? Respirei fundo, fitei o mar e comecei a falar. 

—Eu tinha 10 anos quando meu pai e meu irmão morreu. Minha mãe casou com meu pai muito nova, ela tinha uns 16 anos e meu pai tinha 22. Eles tiveram o Henrique, depois a Mirella e eu. A Mirella tem um restaurante em Santa Catarina e já está casada. Então, eu, meu pai e meu irmão éramos muito ligados. Não vivia sem meu pai, ele sempre foi e sempre vai ser meu herói. E meu irmão, pow meu sonho era crescer e ser como o Rique. –Senti meu peito apertar ao falar deles, lembrei da notícia chegando em casa. A Luna me abraçou de lado, fez carinho no meu peito. 
—Se quiser não precisa continuar, eu entendo que seja doloroso pra você. –Ela falou calminha. 
—Não, sem problemas... Então, meu pai saiu pra trabalhar e estava demorando pra voltar, ele não atendi o celular. O Rique não tinha 18 ainda, mas ele já pegava no carro, então ele pegou o carro da minha mãe e foi atrás do meu pai. Meu pai tinha ficado em uma reunião na empresa onde trabalhava, então o Rique esperou ele. Na volta pra casa, o cara dirigindo o caminhão dormiu no volante e pra frear caminhão é muito difícil e ele perdeu o controle. A caçamba do caminhão virou e bateu no carro do meu pai e arrastou mais 3 carros. O do meu irmão, de um casal e de um senhor. –Olhei para o céu e imaginei meu pai e o Rique olhando para mim e para Luna nesse momento. 
—Nossa, Gael. –Ela me abraçou apertado-. Eu sinto muito pelo seu pai e pelo seu irmão. 
—Tudo bem, morena. –Sorri e dei um beijo no topo da cabeça dela-. Quando minha mãe quis oficializar com seu pai eu fiquei muito com o pé atrás, não queria deixar seu pai tomar um lugar que é do meu pai. Mas se eu impedisse minha mãe de recomeçar ela seria infeliz pra sempre. Então eu dei essa oportunidade pra ela. 
—Olha, meu pai nunca vai substituir seu pai. Ninguém no mundo pode substituir seu pai e seu irmão, eles vão sempre viver na sua memória e na da sua mãe. Seguir em frente faz parte e faz bem. Meu pai e a sua mãe estão felizes juntos, seguindo em frente juntos. Podemos acompanhar eles só dando nosso voto positivo, apoiando.
—Você tem razão. Eu só quero vê-la feliz, mas eu vacilo tanto. Sou grosso, faço merda e a deixo triste. 
—Ninguém é perfeito. –Ela olhou pra cima e nossos olhares se encontrou-. Mas temos que buscar melhorar. Tudo no seu tempo. –Eu já não ouvia nada que ela dizia, apenas estava focado em seus olhos. Até ela perdeu a fala, nossos lábios estavam próximos e eu não sentia e nem pensava mais nada. Era apenas a Luna e eu ali. 
—Gael. –Ela chamou minha atenção e e se afastou de mim-. Então... –Ela disse sem graça e eu me toquei do clima que rolou entre nós dois. Eu não posso nem pensar em ficar com a Luna. 
—É então... –Falei sem graça e cocei a nuca. 
—Eu acho que quero ir embora. –Ela disse. 
—Sim, vamos. 

Levantamos da areia e fomos embora quietos. Em casa, entramos e foi cada um para o seu quarto. 
Na cama, eu fiquei pensando em como estava sendo fácil essa minha ligação com a Luna. Como ela me atraia pra coisas simples e me ouvia como ninguém. Acabei dormindo com os pensamentos distantes. 

O resto da semana que se seguiu foi maravilhoso. Nós quatro saímos muito, tiramos várias fotos e foi bom conhecer mais da Luna e do João. 
Logo estava no carro, às 2 horas da manhã, deixando a Luna em casa. O João havia ido levar minha mãe na casa dela. A Luna estava dormindo, então eu a acordei de leve. 

—Oi. –Ela falou com uma voz fina de sono e o rosto cansado. 
—Chegamos já. –Parei o carro no portão dela. 
—Ain eu estou com preguiça. –Ela se ajeitou e olhou pra mim. 
—Eu também estou. –Ri e dei um beijo na testa dela. 
Sai do carro e abri o porta-malas. Tirei a mala da Luna e ela saiu do carro. Ela abriu o portão, levei a mala dentro e deixei dentro da casa dela.
—A gente se esbarra por ai, morena. –Falei e estiquei os braços. Ela veio até a mim, me deu um abraço. 
—Quero só ver, vai esquecer que eu existo. –Ela fez draminha. 
—Claro que não. –Mordi a bochecha dela. 

Ficamos um bom tempo abraçados, o cheiro gostoso dela e sua aproximação fizeram meu coração acelerar. Eu tentava me controlar pela Maia, mas não dava pra evitar o clima que estava rolando entre nós dois. 
Dei um beijo em sua bochecha e me afastei. Ela me levou até o portão. 

—Te mando mensagem quando chegar. 
—Manda sim. ––Ela disse e fui até o meu carro. Abri a porta e vi que ela não entrava. Parei na porta do carro e fiquei olhando para a Luna. Aquele olhar dela era diferente, era de que ela queria algo. Parei olhando pra ver o que ela iria dizer. 
—O que foi, morena? –Perguntei e ela me chamou com o dedo. Já entendendo a intenção dela, bati a porta do carro e fui até ela. A puxei de leve pela cintura e ela colocou as mãos em volta do meu pescoço. 
—Se alguém perguntar só diz que a viagem foi maravilhosa. –Ela disse, sorri e então a beijei. 

Matei a vontade que eu estava da boca dela a semana inteira. Uma vontade que eu nem sabia direito que tinha, mas foi despertada no momento que meus lábios tocaram os dela. Eu estava traindo minha amizade com a Maia, mas isso seria trair a mim mesmo e do que eu estava com vontade. Do que a Luna também estava com vontade de fazer. 

O beijo era leve, calmo e sem pressa. Acariciava a cintura dela e a puxava cada vez mais para mim. Nossas línguas se tocavam delicadamente e nossos lábios se tocavam com prazer. Os lábios macios da Luna cada vez que tocavam ao meu me levava a puxar mais o corpo dela contra o meu. Me sentia atraído, não com vontade de levá-la pra cama, mas com vontade protegê-la. De tê-la somente para mim. Eu não sei se ela estava sentindo aquele beijo intensamente como eu estava sentindo, mas aquela boca gostosa da Luna se encaixou perfeitamente na minha.
Paramos o beijo com alguns selinhos, ainda extasiados pelo momento. 

—Boa noite, Gael. –Ela falou me olhando nos meus olhos. Aquele sorriso que fazia até os olhos dela brilharem era demais. 
—Boa noite, Luna. –Dei mais um selinho nela e fui para o meu carro. O liguei e dei partida. 

Fui o caminho inteiro pensando no beijo que dei nela. Cheguei em casa, joguei minha mala na sala mesmo e fui para o meu quarto. Até esqueci de mandar a mensagem pra ela. 
Tirei a camisa, a bermuda e me joguei na cama. Estava morto de tão cansado.

No dia seguinte fui acordado com alguém pulando e gritando em cima de mim na cama. Reconheci a voz, Íris. Puta que pariu mano! Abri os olhos já de mau humor e a olhei com cara de cu. 

—Sabe a hora que eu cheguei em casa? –Perguntei. 
—Não, mas eu estava com saudades amor. –Ela pulou em cima de mim sorrindo e me encheu de beijos. 
—Sai Íris. –Falei mau humorado e ela se enfiou debaixo do edredom. 
—Então deixa eu dormir contigo até seu mau humor passar? –Ela pediu manhosa. 
—Faz o que tu quiser. –Virei e voltei a dormir. 

Ela veio atrás de piru, mas não conseguiu. Acho que ela ficou brava, porque quando acordei ela já não estava mais lá. 
Já eram 14 horas, quando fui caçar alguma coisa pra comer. Já estava de banho tomado e com o humor mais leve, tinha lembrado do beijo com a Luna e fiquei até mais feliz. 

—Fala viado. –O Lipe falou quando me viu. 
—Fala mano. –Fiz um toque de mão com ele. 
—E ai cachorrão. –O Bruno falou comigo e eu fiz um toque com ele também. 
Eles estavam almoçando e eu me juntei a eles pra comer. Servi-me e comecei a comer. 
—Como que foi a viagem? Você e a gostosa da Luna postaram várias fotos. –O Bruno falou e deu um sorriso malicioso. 
—Respeita ela oh caralho. –Fechei a cara e dei um tapa na cabeça dele. 
—Hmmmm Gael e essa cara de ciúmes. –O Lipe zoou. 
—Cala a boca, mano. –Rolei os olhos. 
—Rejeitou a Íris foi? Ela saiu daqui quieta. –O Bruno disse. 
—Eu querendo dormir e ela querendo foder, ficar de mimimi. Ah eu hein. –Rolei os olhos e dei uma garfada na comida. 
—Alguém chegou mudado dessa viagem. –O Lipe falou me olhando suspeito e eu nem dei ideia. Continuei comendo na minha pra não ter que ficar dando muitas explicações.

MIL RAZÕES (F!)Where stories live. Discover now