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Narração por Luna. 

Eu estava me sentindo morta e oca por dentro. Saber que o homem que eu amava já havia colocado outra na cama e não havia ao menos ouvido minha explicação, estava me corroendo. Sai dali sentindo meu mundo ruir, cheguei em casa e ver o Caio ali não deu, corri pra abraçá-lo. 

Caio: Luna... Eu estou aqui, eu vou cuidar de você. Não vou te deixar sozinha dessa vez. –Ouvir aquilo do Caio me fez se sentir segura.

Deixei que ele me levasse para o quarto. No seu colo chorei, desabafei, coloquei tudo pra fora. Ver o Gael com a Raíssa, pelados na cama, me subiu uma raiva incontralável. A Luna havia morrido ali naquele momento. 

No sábado eu fiquei atrás do Gael feito louca, eu queria contar do Eduardo, queria me explicar, queria que ele me entendesse. Porque eu já sabia ali, no silêncio e no seu sumiço, que ele havia descoberto a filhadaputagem do Eduardo e não ficou ao menos pra ver a verdade e se levou pela raiva. O Bruno e o Felipe me deram vários conselhos como lidar, porque de tarde eles descobriram que o Gael estava na festa da Raíssa e com ela. Isso me matou por dentro, eu nunca havia chorado tanto em toda minha vida. 

O Caio me entendeu, em momento algum disse palavras de ódio contra o Gael, apenas me acalmou e emprestou o seu ombro para que eu chorasse. 

Caio: Luna... –Ele disse depois que já estávamos em silêncio há algum tempinho. 
Luna: Oi. 
Caio: Dá a volta por cima, você não precisa de nenhum moleque de barba e muito menos do Gael. Se ele ao menos quis ouvir o que você tinha pra falar, então ele não merece que você escute qualquer desculpa que ele dê. Porque é mania de moleque mesmo colocar o erro da mulher, sendo o menor que seja, em cima do erro dele e fazer ela de culpada. Então você enxuga suas lágrimas, você é inteligente, independente, sabe onde quer chegar. Lá fora tem um monte de HOMEM pra você. 
Luna: Você tem razão, Caio. Eu vou me recompor e dar a volta por cima. –Disse isso mais da boca pra fora, porque eu não estava convencida disso. Porque a dor no meu peito era tão grande, a cena da minha briga com o Gael ainda estava viva na minha mente.
Caio: Eu preciso ir avisar a Emilly que não vamos sair mais, deixa eu ir só pegar meu cel. –Ele levantou debaixo de mim e ficou em pé ao lado da cama. 
Luna: Não Caio, vai sair com a Emilly, eu vou ficar bem. –Olhei para ele. 
Caio: Certeza? 
Luna: Absoluta. –Forcei um sorriso, ele beijou minha testa e saiu.

Fui para o banheiro e tomei um banho, coloquei meu pijama e deitei na cama. Peguei meu cel e havia um monte de mensagem da minha mãe, da Íris, do Bruno, do Lipe e até da Déia. Incrível mesmo é saber que minha mãe lá do outro lado do mundo já sabia do problema. Respondi minha mãe e os meninos, então respondi a Íris que estava online já no momento. 

Início da Conversa 
“Luna como você está? Se precisar de alguém estou aqui. Por favor, não some ta princesa? Qualquer coisa me chama” —Íris. 
“Oi Íris, eu estou bem. Não precisa se preocupar” —Luna. 
“Não precisa fingir, sei o que é um coração partido. Eu tenho pipoca, sorvete, chocolate, posso comprar uns salgados e tenho NETFLIX. Vem aqui pra casa” —Íris. 
“Sério mesmo?” —Luna. 
“Sério amor, deixa eu cuidar de você” —Íris. 
“Estou indo” —Luna. 
Fim da Conversa 

Troquei por uma roupa qualquer, peguei uma mochila, coloquei umas roupas e dinheiro. Sai do meu quarto e procurei meu pai pela casa. O achei no deck olhando para o céu e o abracei por trás. 

João: Oi filha. 
Luna: Oi pai. 
João: Sinto muito. –Ele virou pra mim, me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.
Luna: Não precisava ter contado pra minha mãe. 
João: Eu não sabia o que fazer, você se trancou no quarto chorando com seu irmão. 
Luna: Eu vou ficar bem, só preciso de um tempo. 
João: Promete? Eu não aguento ver você assim. 
Luna: Não tem problemas. Eu vou dormir na casa da Íris tudo bem? 
João: Se vai te fazer bem. Quer que eu te leve lá? 
Luna: Não precisa, eu vou dirigindo. –Amostrei minhas chaves, dei um beijo no rosto dele e fui.

Entrei no meu carro, mandei mensagem pra Íris para ela me explicar como se chegava na casa dela e ela me ensinou direitinho. Logo cheguei em seu prédio, a Íris já me esperava em frente. Estacionei meu carro, peguei minha mochila e sai do carro. Atravessei a rua e fui até a Íris. Ela abriu os braços, me abraçou bem forte e quentinho. 

Luna: Oi. 
Íris: Oi nega, vamos que já pedi até umas pizzas pra gente. 
Luna: Oba. –Abri um sorriso amarelo e entramos no prédio. Fomos para o apartamento dela, ela abriu a porta e entramos. Até que ele era bem bonito e ajeitadinho, bem pirua e a cara da Íris. Ela havia arrumado a sala com um colchão inflável de casal, com vários travesseiros e do lado em cima da mesinha de centro cheio de coisa de comer-. Não precisava de tanto, amor. 
Íris: Claro que precisava e nem vem. –Ela pegou minha mochila e levou para algum cômodo.

Depois voltou e me puxou para gente deitar no colchão. Eu não estava muito afim de conversar, ela entendeu, então começamos a comer e ver uns filmes de comédia que ela selecionou. Na metade do primeiro filme, nossas pizzas chegaram e atacamos assim mesmo. 

Até que aqueles filmes e comer me fizeram muito bem. Já havia dado boas risadas ao lado da Íris e estava com um clima tão gostoso. Nunca soube o que era ter uma amiga, sempre tive colegas homens e que eram passageiros na minha vida. 
No final do terceiro filme, eu já estava estufada, mas com zero sono. Então resolvi abrir o verbo com a Íris, estava mais relaxada e mais segura de mim. 

Luna: O Eduardo era o meu parceiro de trabalho na faculdade, uma professora nos juntou como dupla, mas antes disso eu nem sabia do nome dele e nem havia o notado direito na sala.
O Gael não foi com a cara dele, eu não sei se eles já se conheciam antes, mas o Gael não gostou dele falando comigo. –Falar no nome do Gael foi tão doloroso, me segurei para não derramar mais nenhuma lágrima por ele-. Mas o Eduardo eu só o via como um parceiro de turma, ele me olhava diferente, mas o meu respeito era com o Gael. Na quinta-feira, eu e o Eduardo nos enrolamos pra fazer nosso relatório e ficamos depois da hora, quando saímos o corredor vazio e ele me arrastou pra dentro de uma sala me beijando. Eu bati nele e ele saiu puto da sala. E foi isso que o Gael viu, por conta daquela mensagem. Na sexta-feira ele já tinha sumido. Ai hoje, depois de pressionar a Déia, ela me disse onde o Gael estava porque eu contei pra ela o que estava acontecendo. Íris, quando eu cheguei lá, a vó do Gael estava saindo e me deixou entrar. Eu falei com todo jeitinho com ela e ela bem de boa me deixou entrar. Quando entrei no quarto que ele estava, meu mundo desabou... –Não consegui falar mais porque o nó já havia se formado na minha garganta, a Íris me abraçou de lado e me aconchegou no seu colo. 
Íris: Gael é tão moleque. –Ela falou alisando meus cabelos-. Ele prefere enxergar o erro, ao invés do que é certo, aquilo que está na cara dele. 
Luna: A forma como ele falou comigo, como me tratou, sério mesmo Íris, pra mim não tem mais volta. –Disse chorando sentindo meu coração doer em mil pedaços que já estavam quebrados ao mesmo tempo. 
Íris: Não vou nem questionar sua decisão, acho bom mesmo o Gael tomar vergonha na cara dele. O Bruno está com muita raiva dele, o Felipe então nem se fala. 
Luna: Eu não quero que vocês fiquem com raiva dele, vocês já o conheciam muito antes de mim. 
Íris: Acontece que a gente conhece o Gael e quando ele está errado não admite. Vira um poço de ignorância. Por isso ele só comete burrada. 
Luna: Sabe o que mais me dói, Íris? 
Íris: O que? 
Luna: É saber que apesar de tudo, de saber que ele fez sexo com a Raíssa, saber que ela conseguiu o que eu já sabia que queria. Eu ainda amo o Gael, amo muito.

MIL RAZÕES (F!)Where stories live. Discover now