1º Capítulo

6.6K 202 33
                                    


*ATENÇÃO!! Antes de iniciar a leitura, tem em atenção que pretendo reescrever esta história. Ou seja, a maioria dos aspetos desta realidade fictícia irão ser mudados, modificando por completo a mensagem da história, tanto como os acontecimentos no geral. Vou dar uma nova vida a esta minha ideia. Obrigada. Agora, se decidiste, podes continuar com a tua leitura.*


« "Don't touch me, I may shatter" she told quietly, while stepping away from me. Sparkles in her blue eyes.

She was like a masterpiece - too beautiful, but heartless. I kept coming to her, attempting to save her from darkness, but she pushed me away, every single time. She doesn't realize she needs help urgently, or else she'll die. »

"Eu preciso de ajuda..."

"O quê? Peço desculpa?"

"Estava a dizer que preciso de ajuda para encontrar um livro."

"Segunda vez esta semana" pensei. É a segunda vez que fico completamente consumida pelo livro que estou a ler, e esqueço-me de cumprir os meus deveres. Deveres esses que consistem em atender clientes numa pequena livraria local, que apresenta apenas uma vantagem: ler livros, sem pagar. Mas às escondidas do meu patrão, Mr.Clarks.

Robin Clarks é um homem já com alguma idade, julgando pelo seu cabelo grisalho. A sua aparência não é simpática. Contudo, se lhe dermos uma oportunidade, percebemos que tem muitas histórias para contar e livros mágicos para mostrar, incluindo o que estou a ler agora.

É um romance antigo. Não tem o autor escrito em parte nenhuma do livro. Por vezes, penso que foi o próprio Robin que o escreveu. No entanto, ele insiste que o encontrou no topo da estante E (romances esquecidos), enquanto escolhia livros para jamais vender e, deste modo, reduzir a área da loja para diminuir as despesas.

O seu pequeno negócio não é muito lucrativo, devido à falta de clientela. Como o próprio Robin diz: "A vossa geração carece apaixonados pelos livros". Penso que essa foi uma das razões pela qual me contratou - faço parte da minima percentagem de pessoas que AMAM ler.

E hoje, parece que estou a atender outro membro do clube - um rapaz tímido e adoravel que procura o best-seller de ficção-científica. É fascinante a diversidade de pessoas que entram pela porta degradada da livraria. O rapaz ajeitou os óculos, pagou pelo livro e apressou-se para a saída, olhando obssessivamente pelo ombro, como se estivesse a ser presseguido.

Sorri para mim própria, abanei a cabeça e mergulhei de novo nas páginas amarelas e finas do meu livro. Apenas para ser trazida de volta à superfície por um riso vindo do armazém.

"Mr.Clarks!" exclamei, escondendo o livro.

"Sim, querida. Já sabes que não podes ler no trabalho. Muito menos esse livro sagrado. Dá-mo já!" exigiu.

Lembro-me de ele mo mostrar com paixão e dizer que não lhe podia tocar. Todavia, resistir a um bloco de páginas antigas não era algo que eu planeava fazer.

"Não me vai dispedir por uma estupidez destas, certo?" interroguei o homem, com humor na voz.

"Claro que não. Que pervoíce. Sei perfeitamente o quanto precisas deste emprego e também partilho da tua curiosidade por livros. Mas tens de perceber que há coisas que, por mais curiosos que estejamos, não podemos tocar."

Com isto, desapareceu no armazém, deixando-me a apreciar as estantes ou arrumar livros que, eventualmente, estivessem fora de lugar, para o resto do dia.

No caminho para casa leimbrei-me das palavras de Mr.Clarks. "Sei perfeitamente o quanto precisas deste emprego". Na nossa pequena vila era muito dificil encontrar emprego. Todso os postos haviam sido ocupados e os jovens eram obrigados a mudarem-se para a cidade. Algo que eu não posso fazer, já que isso significa deixar os meus pais e o meu irmão sozinhos.

O meu pai era o único que trabalhava, e o que ganhava não era suficiente. Assim, decidi que ajudaria com o que Mr.Clarks me pagaria na livraria. Chegamos ao final do mês sem nada, mas não nos queixamos. Pior seria se eu não trabalhasse. Os nosso problemas financeiros também são a razão pela qual não fui para a universidade.

Tenho 18. Acabei a escola há 3 meses. E Robin aceitou-me na sua loja um mês após tal.

Estamos, agora, em setembro. Por esta altura gera-se uma azáfama na cidade, uma vez que todas as crianças regressam à escola. E os pais andam de um lado para o outro na rua principal para comprar tudo, uma semana antes. As crianças correm atrás deles com compridas listas que alcançam o chão, tentanto fazer chegar aos ouvidos dos seus atarefados parentes, as coisas desnecessárias que desejam.

Com um sorriso carinhoso viro para o trilho onde se situa o meu lar, na entrada de uma floresta. É uma casa que nos ficou da minha bisavó, o que diz muito acerca do seu aspeto: paredes com rachas, que ameaçam desabar a qualquer momento, janelas que deixam o frio penetrar, porta com uma fechadura insegura. No entanto, é acolhedora e cheia de alegria.

Com passos inseguros e apressados dirijo-me para a porta, atravessando a escuridão. O facto de apenas árvores e arbústos rodearem a casa nunca me agradou. Demasiado mistério e suspense para mim. Contudo, é esta a casa que temos, é nesta que vamos viver.

Quando introduzia a chave na fechadura, um movimento entre os arbustos captou a minha atenção. Congelei. Foquei o olhar no sítio, esforçando-me para reparar em algo entre o negro da noite. Quando percebi que não conseguiria ver nada, decidi encaminhar-me para o arbusto misterioso. Devagar, com a respiração pesada e pernas trémulas, aproximei-me e afastei os ramos. Os meus olhos assustados e despertos pousaram num pedacinho reluzente. Era um pedaço de vidro. Peguei nele com as mão a tremer, para o poder analisar. Foi então que me apercebi do sangue que pintava a ponta do objeto. Num movimento brusco, atirei o vidro para o chão e corri para casa, encostando-me à porta, depois de a trancar. Mal os meus batimentos cardiacos estabilizaram e a repiração regularizou, juntei-me à minha família na sala de estar.

"Alexandria, querida. Chegaste!" saudou a minha mãe.

"Mana!" o meu irmão abraçou-me pela cintura. Consegui libertar-me do seu forte abraço, e informei:

"Hoje estou um pouco cansada, vou para o meu quarto. Ah. E não vou descer para o jantar. Peço desculpa."

"Está tudo bem?" a minha mãe questionou, com a dúvida e preocupação evidente na sua voz.

"Sim está. Não te preocupes" disse massajando o seu ombro "estou apenas cansada."

Com isto, percurri o corredor até alcançar o meu quarto. Não era muito espaçoso. Cabia apenas a minha cama e uma mesinha de cabeceira. As peredes eram brancas acinzentadas e apanhavam humidade facilmente.

Sentei-me na cama, encostando as costas à parede.

Não era hábito eu deixar a minha família. Normalmente, sentava-me no chão a brincar com o Luizinho, enquanto os meus pais conversavam. E juntos viamos televisão, que por vezes precisava de umas pancadas para funcionar decentemente. Nós somos unidos, muito unidos. Temos de ultrapassar as dificuldades juntos. Damos muito valor à tardes que passamos a saborear a companhia uns dos outros. E os risos de partilhamos ajudam a esquecer o lado negro da nossa vida. Rir é, portanto, algo que fazemos com frequência. Uma espécie de cura para a tristeza.

Sorri perante esta conclusão e a minha mente viajou, de volta, até ao pedacinho cintilante salpicado de sangue que encontrei no jardim. No entando, eu obriguei-a a concentrar-se em descobrir uma maneira para continuar a ler o livro que Robin me proibiu de tocar. Havia algo sobre aquela obra que me atraía como um ímen. Finalmente, contentei-me com a decisão de que ficaria na livraria até mais tarde na altura em que chegarem novos livros, para os organizar, e deste modo teria oportunidade de encontrar a obra e continuar a minha leitura. Contente com o meu plano, deixei-me cair no sono, ansiosa por saber o que o dia de amanhã me traria.

Se gostaram da história gostaria que comentassem ou deixassem um voto para eu continuar a atualizar. xo (se houver erros informei-me).


Glass Masterpiece || h.sDove le storie prendono vita. Scoprilo ora