9º Capítulo

1K 89 14
                                    

Os dias estão cada vez mais frios. As folhas caídas rodopiam á minha volta, levantadas pelo vento. A chuva molha o cimento, que não tem tempo para secar, sendo violentamente atacado por mais gotas caídas do céu. Decido começar a calçar as botas, e um casaco fino prova não ser suficiente para me proteger do vento frio.

A minha rotina consome-me e nem reparo em quanto tempo passou desde que Styles me levou a casa, naquela noite. Apenas sei que, desde então, o tempo mudara muito. 

Passo todos os dias por sua casa, olhando-a curiosa, e penso o que estará a fazer neste momento. Como será aquela casa por dentro? O que terá no jardim traseiro? E porque Styles voltou para a vila?

Pensamentos sobre ele levam-me ás notícias e aos artigos dos jornais que consulto todos os dias, para acompanhar o progresso do caso da rapariga assassinada.

#Flashback

Estou na cozinha a arrumar a loiça, após o almoço. O pano percorre o prato, deixando o objeto completamente seco. A minha mãe decidiu sair com Luís para passear, deixando-me na cozinha, enquanto o meu pai descansa na sala. Tento livrar-me de qualquer tipo de pensamentos para não levar á exaustão a minha cabeça, já cansada.

"Temos mais pistas. Uma análise mais detalhada do corpo da vítima levou-nos a uma descoberta."

Ao ouvir isto, todo o meu corpo levou um choque elétrico. Coloco-me muito direita, com os olhos esbugalhados e páro o que estou a fazer. Num ápice encontro-me na sala de estar. 

Assim que me coloco ao lado do sofá o meu pai fala:

"O que os obrigou a esforçarem-se? Pensei que já se tivessem esquecido, tal como acontece com todos os outros crimes da vila - nunca encontram o culpado. Parece que os incompetentes decidiram começar a trabalhar" 

Concordo plenamente com o meu pai. Quero pensar mais nisto, e dizer-lhe algo, mas, mais uma vez, todas as minhas ações e pensamentos são interrompidos.

"O assassino deixou um número, escrito a tinta preta, no pulso da jovem."

"Espanta-me precisarem de uma análise detalhada do corpo para reparar num número escrito no pulso. Incompetentes. Gostava de saber quem os obrigou a investigar!" penso alto e o meu pai assente com a cabeça, com concordância nos seus olhos. Decido então que tenho de falar com o rapaz de olhos verdes acerca disto. Ele sabe algo. Eu também quero saber, tenho todo o direito, afinal podiam-me ter incriminado, já que a arma do crime foi encontrada no meu jardim. Algo que não o fizeram, porquê?

"Como mostrou a inverstigação, o número 19 tinha sido escrito após a morte da rapariga. Pensamos que representa um dia."

As minhas sombrancelhas tinham-se juntado e um arrepio percorreu o meu corpo. O meu pai virou-se para mim com uma expressão surpreendida. O choque com que ficámos após a próxima declaração, deixou-nos boquiabertos e paralisados.

"Estamos, muito provavelmente, a lidar com alguém com disturbios mentais."

Não estava à espera que a nossa vila tivesse um psicopata. Nada passa despercebido numa vila onde todos se conhecem. Onde os nossos vizinhos sabem tudo o que acontece connosco, pois vigiam cada passo que damos, tentando prever o próximo. Algo como "o psicopata da vila" já devia ter aparecido no jornal local. Por oposição, todos os habitantes estão surpreendidos com a nova descoberta.

#End of Flashback

Todos se focam na descoberta e durante todo o mês não se ouve mais nada nas ruas. Apenas todos a tentar adivinhar quem será o misterioso assassíno com "disturbios mentais". Não se sente o medo a pairar no ar, ou algum tipo de receio. Apenas conversas intrometidas, teorias ridículas e conexões absurdas. O vento arrasta as palavaras ditas de uma ponta à outra da vila.

Tento não ser derrubada por esse vento, enquanto faço o meu caminho até à livraria de Mr.Clarks.

Este também se encontra incomodado com as notícias, e recebe visitas de colegas, ficando a conversar com eles acerca do assunto. Os visitantes contam-lhe todos os rumores e novas teorias, mantendo-me, também, atualizada.

Com tudo isto a acontecer decidi parar, por um pouco, a leitura do livro. Deixando o mesmo marcado na parte em que o jovem percebe que Mia não passa de uma obsessão débil. Li-o pela última vez na noite em que Mel me obrigou a ir a casa de Styles. Na noite em que ele nos levou a casa. Na noite em que eu acreditei nele.

Desde então, decidi concentrar-me no que se fala na rua, nas notícias e na livraria. Parece que voltei ao mundo real. 

Apercebi-me de que a livraria era agora mais frequentada e que as pessoas optavam por ficção-científica ou romance. Reparo que algumas se encostam à estante, para ler, quando não pretendem comprar o livro.

Enquanto os meus olhos navegam pelo pequeno espaço que se tornara mais vivo, lembro-me do rapaz de óculos que aqui apareceu, quando ainda fazia calor. 

A sua figura insegura e frenética e os seus olhos preocupados que olhavam em volta obsessivamente, através das lentes dos óculos. O lábio inferior preso entre os dentes, em concentração, procurando o livro. Tinha o cabelo com gel, para mante-lo no lugar. Rio-me para mim própria perante estas imagens e arrependo-me de não ter falado com ele. O rapaz deve ser engraçado.

O meus olhos desviam-se para a porta do armazém e vejo Mr.Clarks de braços cruzados no peito, a sorrir orgulhoso, observando as pessoas entrar e sair.

Robin não comenta nada comigo. Tentei saber a sua opinião acerca de toda a exaltação, mas ele apenas disse: "Espero é que apanhem o imbecil." com incerteza na voz.

Hoje encontra-se ligeiramente mais alegre. Ao invés de me dar uma lista com tarefas, disse-mas pessoalmente. A diferença não é grande, mas é melhor do que receber um papel com ordens.

Sorrio, enquanto atendo um cliente.

"Boa escolha" decido sublinhar, com um sorriso, ao ver que alguém ainda lê clássicos. 

"Sem dúvida" uma voz grave e familiar responde. Fico por momentos a encarar a máquina registadora, antes de erguer os olhos. Estou completamente congelada.

Quem será que veio visitar a Alexa? Quem será, mas que será? Saberão no próximo capítulo.

Quanto ao aviso que aqui estava, e que ninguém leu lol. Eu decidi que vou continuar a postar a fic. Independentemente das leituras, já que estou a adorar escreve-la. E mesmo que ninguem leia eu não quero saber, porque eu adoro escrever. E o importante não se a tua fic é famosa mas a qualidade das pessoas que a lêem.

Depois eu preciso de agradecer à Ca_Styles por me ajudar a organizar aqui umas coisas na fic, e por me ter dado umas ideias.

As poucas que lêem isto, por favor leiam "Don't let me go", escrita por esta rapariga fantástica! Vou por no link externo. 

 E só mais uma coisa, o capítulo é pequeno por causa do suspense, e o próximo também, talvez será pequeno. 

*imaginem que estão envolvidas naquele abraço quente do Harry, ele apoia a cabeça no teu ombro, tu sentes o seu cheiro inconfundível, os vossos corpos estão perto que consegues sentir cada centímetro do seu corpo, e a roupa parece estar a mais... Ele vira a cabeça e dá-te um beijo molhado no pescoço, deixando um rasto de beijinhos até a tua orelha mordendo a ponta de depois sussurra numa voz sensual...*

Só para compensar por não haver muito Alarry (ship name by Ca_Styles).

Glass Masterpiece || h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora