8ª Capítulo

1.1K 103 5
                                    

Consigo ouvir os batimentos do meu coração acelerado. Parece que colocaram-no dentro da minha cabeça. Se não me engano, consigo também ouvir o coração de Mel. No entanto, este bate de excitação e não de medo, como no meu caso. Ela está, neste momento, a tentar ver para dentro da casa que pertence a Styles.

Maltrato-me mentalmente por não ter conseguido fazer Mel mudar de ideias. Como que por sorte, ou destino, a casa parece vazia, o que sem dúvida é um alívio. Puxo pela manga do casaco de Mel, para ela virar a sua atenção para mim.

"Está vazia, " constato o óbvio "Já podemos ir embora" refilo numa mistura de sussurro e grito sufocado.

Mel revira os olhos, obviamente irritada com a minha falta de entusiasmo. Acabou, no entanto, por concordar e seguimos caminho para casa.

Estou tonta e cansada de virar a cabeça para todos os lados, estando atenta a cada som. Mel, em contaposição, parece calma e alegre. É esta a faceta dela que admiro muito. Nas situações mais tensas e preocupantes, ela consegue manter o sorriso e a calma. Contudo, por vezes, esta sua despreocupação faz com que ela não sinta o prigo, quando este é evidente. A rapariga caminha ao meu lado, como se tivesse acabado de fazer a coisa mais emocionante do mundo. Abano-lhe a cabeça negativamente, provocando uma gargalhada abafada escapar a sua boca.

A rua está escura, mas os faróis iluminam a parte do cimento suficiente, para podermos ver onde colocamos os pés. Ainda assim, o espaçõ entre os faróis é guardado pelo negro da noite. Tento ver por entre o negro. Arrependo-me de todos os segundos desta ideia de Mel. Uma mistura de adrenalina e medo corre nas minhas veias, sendo aquilo que me move por entre a escuridão. 

Escuridão esta, que se ilumina repentinamente pelos faróis de um carro. Páro, estática, no lugar onde me encontro, seguro Mel o mais perto de mim que consigo. O meu coração é como um bomba que ameaça explodir A qualquer altura. Os segundo passam. Um a um. Tick, tick, tick.

O carro pára ao nosso lado.

A janela desçe.

"Vocês são loucas?"

Styles.

Nunhuma de nós responde. Entreolhamo-nos. O meu cérebro bloqueou temporáriamente. Não consigo pensar, mexer-me ou falar.

"Entrem já no carro. Sabe-se lá o que vos pode acontecer! Anda aí um criminoso à solta e vocês a andar nas ruas, a noite". Abana a cabeça. Os seus olhos estão esbugalhados, preocupação a brilhar neles. A única emoção que eu vi nos seus olhos, desde que o ando a observar. E tinha de ser preocupação. Com duas estranhas.

Eu e Mel voltamos a olhar uma para a outra. A minha cabeça grita que não podemos confiar nele. No entanto, o medo de morrer aqui e agora é mais forte e impulsiona-me para dentro do carro.

O medo pode levar-nos a agir irracionalmente. Pode mudar-nos por completo, fazer de nós o demónio em pessoa. Ou pode acionar o turbo e transformar-nos na mais poderosa arma defensiva. O medo. Aquilo que todos temem. Irónico. Pois embora o medo seja a emoção que ninguém quer sentir, ele é totalmente inevitável. Acompanha-nos desde o início da vida. O medo. Aquilo que manipula a nossa mente. Pode quase colocar-se ao mesmo nível do amor. QUASE.

Neste caso, o medo sentou-me dentro do carro de um rapaz que mal conheço. O que poderá acontecer a seguir?

"Como te chamas?" Mel pergunta. Curiosa de mais, penso. E olho pela janela. Não dando tempo para resposta Mel prossegue "Eu sou a Melissa, mas chama-me Mel..." estica o braço até ele. Ela quer uma passou-bem? "Oh. Pois estás a conduzir." desculpa-se. 

Glass Masterpiece || h.sWhere stories live. Discover now