A sua voz penetra os meus ouvidos como o meu pior pesadelo e lembro-me do pesadelo dentro do meu sonho. Aquele mesmo em que um homem de negro, simplesmente pegou no meu corpo e levou para longe de Harry, enquanto o mesmo gritava o meu nome.
A minha respiração acelera, apenas para prender-se na garganta. Agarro a mão de Harry com mais força.
“Quem vejo eu aqui” continua ele, aproximando-se de nós com passo lentos e relaxados, como se conhecesse o desenrolar destes eventos. “Harry, então? Decidiste desprezar o nosso acordo?”
A minha cabeça vira-se instantaneamente para Harry.
“Que acordo?” interrogo, mas ele não me devolve o olhar, fuzilando o homem, que parece ter o nosso destino nas suas mãos.
“Oh!” exclama com uma admiração, claramente, fingida. ”Não contaste a amada dos teus sonhos que era suposto tu entregares o seu belo corpo para as minhas mãos?”
Arregalo os olhos. Ele mentiu. O Harry mentiu. Nem sei porque estou admirada, afinal eu não sei nada sobre ele. De qualquer forma, olho o jovem, que agora encara o chão e fecha e abre os olhos lentamente, tentando conter a sua raiva.
Então outro pormenor daquilo que o homem disse ressalta na minha mente:
“Amada dos sonhos?” repito as suas palavras, sem perceber nada do que está a acontecer.
Isto parece mais surreal que o meu sonho.
“Também não lhe contaste isto?” pergunta, algures atrás de mim, e viro-me, largando a mão Harry, enquanto ele permanece paralisado.
“O que se passa aqui?” elevo a voz, em desespero, por sentir-me ameaçada sem conhecer a proveniência dessa ameaça e do perigo eminente. “O que ele tinha de me contar?” penso por alguns segundos: “E quem é você?” pergunto no limite da minha paciência.
“Bem parece-me que antes da diversão terei de contar uma história… sabes?” dirige-se a mim e olho-o com suspeita “Eu sempre detestei histórias” gargalha e acrescenta “por isso vou ser breve.”
Observo atentamente, enquanto ele ajeita a sua gravata e o blazer preto que cobre os seus ombros largos. Aclara a voz e coloca-se exatamente a minha frente, apoiado na sua bengala.
“Chamo-me Andrew Morgan. Sou o chefe máximo do Harry.” Apresenta-se, estendo-me a mão, que olho com desprezo. Ele sorri e coloca-a atrás das costas. “Ora então, este rapaz, que vês ao teu lado, sonhou contigo várias vezes, foi por causa de ti que a sua namorada o deixou,” vira-se para Harry “que por sinal era filha de uns sócios importantes” diz entre dentes com uma expressão descontente e devolve-me a sua atenção, “foi também por causa de ti que ele falhou uma das suas tarefas mais importantes.” Fala num tom de reprovação e eu não vejo como isso possa ser culpa minha. “Então, eu perguntei-lhe, se a encontrares, achas que te focas mais no trabalho?” olha de relance para Harry e sorri-me de forma trocista: “Acho que sim – foi o que ele disse. Então, a sua família decidiu voltar para a vila e Oh! Que coincidência, lá estavas tu. Ora, sendo eu uma pessoa inteligente, perguntei-lhe novamente, para te focares mais no trabalho preferes perder uma rapariga com quem apenas sonhas ou a tua mãe?”
Assimilo toda informação que Andrew me expõe. Todas as palavras, que se libertam da sua boca venenosa, atingem-me como setas afiadas. Harry também sonha comigo. O meu coração aquece, apenas para para de bater novamente - esses sonhos afetam o seu desempenho no trabalho, portanto, Andrew quer matar-me.
Abano a cabeça e tento respirar fundo. Não quero assimilar esta realidade assuatadora.
Cruel. Que cruel é este homem. Nunca vira ser vivo mais cruel, nem nos loucos livros, nos quais me afogava.
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Glass Masterpiece || h.s
Fanfiction"E algures, do outro lado da cidade, alguém pinta no vidro uma nova obra prima". Uma batalha entre a realidade, a fantasia e uma obra-prima de vidro. Conseguirá Alexandria derrotar esta obra e quebrar o destino que ela propõe? Será que algo, uma vez...