4º Capítulo

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Manteiga de amendoim. Parece-me que descobri o paraíso na terra. Suave. Nem doce, nem salgada. E uma excelente maneira de acalmar os nervos, ao assitir ao jornal da tarde.

"Na manhã de ontem, foi encontrada morta, uma rapariga de 18 anos. A jovem estava amarrada a uma àrvore da floresta, quando o lenhador local chamou a polícia. Os peritos dizem ter encontrado a arma do crime no jardim da família Moore, um pedaço vidro salpicado de sangue da própria vítmia."

Desligo a televisão antes de ouvir muito mais.

Lembro-me de todos os detalhes da conversa com os detetives, ontem. O som da campainha. A minha respiração acelerada. Eu ajoelhada diante do arbusto, revelando a arma letal. Expliquei que terá as minhas impressões digitais, por ter pegado nela. Não me consigo esquecer, também, das minhas perguntas ignoradas, numa tentativa de saber se existe algum suspeito. Revivo a situação vezes sem conta na minha cabeça, tornando-se impossível concentrar-me em algo diferente. Penso que talvez o meu dever fosse contar acerca do vidro no jardim do "rapaz mistério", contudo algo impediu que as palavras deixassem a minha boca. 

Com a cabeça perto da explosão, guardo o frasco na cozinha. 

"Mãe." faço com ela pare o que está a fazer e se sente à mesa, à minha frente.

A minha mãe é extremamente bela. Mesmo com rugas causadas pelo cansaço e o cabelo despenteado, ela nutre uma sensualidade natural capaz de encantar qualquer um. Imagino como seria quando era jovem. Quais as aventuras que viveu, mas que não tem coragem para me contar? Reparo também num brilho nos seus olhos, algo que não tinha visto antes. O que será que o causou? Abordá-la-ei sobre isso noutra ocasião.

"Sabes algo sobre a família que viveu mesmo em frente aos Jacksons?" questionei, ansiosa por saber que eram os avós do jovem de olhos verdes.

"São os Styles. Essa família sempre foi evitada aqui na vila. Muito reservados e antiquados."disse casualemente. "A casa estava desabitada por 40 anos. Depois do assassinato de uma jovem daquela família, nunca mais ninguém colocou os pés lá dentro. A morte foi incrivelmente misteriosa." A minha mãe baixou a cabeça, olhando para as mãos. "Nunca encontraram o culpado. As pessoas supeitam que ele continua a viver aqui connosco." Com um suspiro, continuou. "De qualquer modo, o neto dessa mulher decidiu instalar-se na casa, após dois anos e meio de estar ausente."

Então o apelido do rapaz é Styles. Sorri perante a revelação.

"Como assim? A casa estava desabitada, mas os Styles continuavam na vila?" pressionei o assunto, mesmo sendo evidente que a minha mãe queria para por ali.

"O filho daquela mulher fugiu da vila, instalando-se longe daqui. No entanto, o neto da assassinada decidiu voltar quando tinha 18. Depois, algo o fez partir, e agora está aqui de novo. Apenas Deus sabe o que aconteceu, Alexa. Mas o que dizem, é que nesse período, dois anos e meio, aconteceu-lhe algo terrível que mudou o miúdo para sempre." 

Percebi que aquilo era uma espécie de aviso para me manter afastada da casa e do Styles. Mas as palavras da minha mãe intrigaram-me. O rapaz cheirava a mistério e segredos a quilómetros de distãncia. Parece hereditário. Mas será ele é capaz de matar? Alguém escondido atrás das prateleiras intermináveis da minha cabeça gritava que não. Todavia, outro alguém sussurrava que sim, estando mesmo ao lado do meu ouvido.

Os meus pensamentos foram interrompidos por um som extremamente irritante produzido pelo meu telemóvel "do século passado", como se expressava Mel. Assim que atendi a chamada fui obrigada a afastar o aparelho do ouvido:

"Alexandria Moore, tira-me esse cu do sofá e arranja-te. Vamos jantar juntas daqui a exatamente 3 horas e depois vamos à enaguração do bar ao pé de minha casa."

Glass Masterpiece || h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora