Epílogo

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"Um café rápido e vou para a livraria!" Informo a minha mãe, enquanto pego no café, bebendo-o da forma mais rápida possível. Engulo uma certa quantidade de líquido para poder falar: "Os trabalhadores já acabaram a casa de banho?" Pergunto curiosa.

A minha velha casa está a ser remodelada, por dentro e por fora, de forma a faze-lá ficar de pé durante mais tempo. Os meus pais passam os dias a controlar os trabalhadores e a comandar os trabalhos, em si. O cheiro a tinta fresca, cimento e outros tipos de matérias de construção envolvem a casa num ambiente, algo, desconfortável. Na verdade, alegra-me ver esta azáfama e a preocupação dos meus pais, para que tudo fique perfeito.

"Não," abana a cabeça negativamente, noto que pretende dizer algo mais, mas é interrompida.

"Bella" a sua cabeça vira-se para a fonte do som.

"Bem parece que me estão a chamar." Diz e desaparece da cozinha.

Sorrio para mim mesma e sigo para a porta, pronta para ir trabalhar.

Nesta tarde de verão, quando Julho bate as suas asas livremente, decido que devo usar a minha bicicleta, como meio de transporte. A suave brisa acaricia os meus braços e pernas descobertos, enquanto rodo os pedais lentamente, demorando o tempo que considerar necessário para chegar a livraria.

"Olá Alexa!" Alguém grita e não paro a bicicleta, sabendo exatamente a quem pertence aquela voz.

Sorrio e viro a cabeça para a direita.

"Olá Mel!" Grito-lhe.

Ela está no pequeno portão da sua nova casa, com o saco do lixo na mão. Atrás de si, aparece o seu marido, com quem casou há dois meses.

Foi quando fomos à cidade que ela conheceu aquele homem moreno, de cabelos negros e olhos azuis. Lembro-me de a incentivar a ir falar com ele, algo que se mostrou desnecessário, já que o próprio aproximou-se dela assim que proferi as minhas palavras encorajadoras.

Então, os meus olhos encontram a familiar casa, na qual não entro há, exatamente, 3 anos. Durante 36 meses evitei esta madeira que ameaça desabar a qualquer altura, sem aviso prévio. Desde que acordei naquele hospital deprimente e percebi que, mais uma vez, Harry havia sumido da minha vida, que evito, a todo o custo qualquer proximidade com aquele lugar.

Rodo o pedais até à livraria, onde me esperam os meus empregados.

Oh sim. Agora, a livraria pertence-me a mim. Mr.Clarks morreu poucos dias após eu acordar e deixou-me a livraria. Desde então, eu abri mais duas lojas na cidade, que me ajudaram a começar a remodelação da minha casa.

"Olá meninas!" Saúdo sorridente.

"Bom dia!" Dizem ambas em uníssono e volto a sorrir-lhes, decidindo que devo deixa-las a cumprir as suas tarefas.

Entro no armazém, observando a forma como o transformei. Agora, é como um gabinete, onde posso coordenar tudo aquilo que seja necessário. A secretária está ao fundo da sala, e as estantes rodeiam a mesma, envolvendo a sala numa atmosfera de palavras e folhas que emanam cheiros acolhedores.

Sento-me à secretária e rodo a cadeira encarando o teto, do qual pendem espanta espíritos. Suspiro.

Passados 3 anos continuo sem saber o que fez Harry partir e deixar-me sozinha. Passados 3 anos, continuo a tomar o sonho como uma realidade alternativa e Harry como uma parte de mim.

Salto na cadeira subitamente, pois o som do meu novo telemóvel, a tocar, acorda-me dos meus pensamentos e evocações.

"Sim" atendo com um suspiro.

"Alexa" uma voz que se tornara familiar no último ano chama o meu nome.

"Hum... olá" digo sem emoção, nem alegria na voz.

"Então? Hoje sempre vamos jantar?" Tom pergunta entusiasmado e eu simplesmente confirmo.

Tom. Thomas. O homem que conheci há 11 meses. O homem que não sabe nada sobre mim, mas insiste em tentar. Contudo, não sabe que sempre que olho para os seus olhos verdes, Harold é quem emerge da minha memória, apertando o coração.

Pego no telemóvel num impulso. Olho para o contacto, cujas letras forma um nome constituído por três letras - Tom. Pressiono o botão que indica " escrever mensagem".

'Eu não venho jantar hoje. E não me ligues mais. Eu amo outro homem.'

"Alexandria" Ouço Jamie chamar e salto da cadeira, dirigindo-me até ele.

Contudo, assim que saio do armazém, deparo-me com um alto homem que veste um fato, cujo cabelo é bastante comprido e encaracolado.

"Sim. Sim claro. Quando chegar vemos isso. Eu ainda preciso de falar com o meu pai, para ver o que ele pensa." A sua voz rouca ecoa pelo espaço, ainda vazio.

Permaneço paralisada pela minha perplexidade. O sangue nas veias congela e o coração para de bater. Espero a confirmação dos meus instintos.

Então, ele vira-se.

O seu cabelo está significativamente mais comprido, o fato acentua a sua altura e estrutura do seu corpo. Como sempre, a sua aparência, deixa-me boquiaberta, mas tento deixar o meu rosto sem emoções evidentes. Algo que aprendi nos últimos anos - esconder as minhas verdadeiras emoções.

"Alexandria" ele fala e um sorriso expande-se no seu rosto.

Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha, cruzando os braços no peito.

"Harry" reproduzo.

Sorrimos um para o outro. E a perdida ligação volta a estabelecer-se e percebo que agora está mais forte que nunca. Percebo que ambos conseguimos derrotar a obra-prima de vidro. Talvez.

E algures, do outro lado da cidade, alguém pinta no vidro dois jovens, deitados no chão e sangue escorre dos seus corações. Talvez seja esse afinal o seu destino. Morrer juntos.

Final feliz? Eu não queria! Eu queria que um deles morresse, mas depois pensei que vocês iriam querer que tudo acabe bem! Bem aqui vai!

Quero agradecer a todas o apoio durante toda a fic! A minha primeira experiência que eu não penso que tenha corrido assim tão bem... de qualquer forma, OBRIGADA!!!!! Um abraço a todos!!!!

Quero também que vejam a minha nova fic, a Bloodstream, já lá está um pequeno prefácio!!! Só para saberem do que trata. (Link externo). Bem, e é isto.

OBRIGAAAAADDDAAAAA.

Glass Masterpiece || h.sWo Geschichten leben. Entdecke jetzt