Fico cansada de esperar pelo sono, e num movimento silencioso, mas rápido, salto da cama. Visto-me e deixo a casa.
Vou de novo a casa de Styles. Preciso de falar com ele. Pergunto-me quantas vezes pisarei a relva do seu jardim.
Não faço ideia que horas são, apenas forço o meu corpo cansado a caminhar pelas ruas. Não sei onde encontro a coragem para andar na rua à noite, sabendo que posso ser assassinada a qualquer instante. Styles parece um hímen – eu sou sempre atraída para onde ele se encontra. Ou será o mistério que me puxa para si?
Vejo a sua casa velha ao fundo da rua, e um sorriso involuntário irrompe no meu rosto. Ainda há um mês atrás a sua casa parecia-me a mais assustadora que alguma vez vira. Agora, vou até ela por vontade própria e sorrio ao vê-la. Parece-me uma grande mudança.
Apresso o passo e olho à minha volta. Um súbito medo ameaça tomar conta do meu corpo. Viro-me para trás, de forma a confirmar que ninguém me segue. Dou uma pequena corrida e volto a andar de forma rápida. A minha visão periférica indica uma pessoa de preto que caminha ao mesmo ritmo que eu, do outro lado da rua. Evito virar-me para ele e tento confiar naquilo que fica no meu campo de visão. Vejo o homem a atravessar a rua, e presumo que agora encontra-se atrás de mim. Isto é suficiente para substituir um receio por puro pânico. Os sintomas habituais fazem-se sentir – a respiração irregular, o coração acelerado, que bate extremamente alto, ameaçando saltar do peito – justa-se a ele uma nova sensação – a minha visão fica desfocada e uma dor de cabeça pressiona os meus templos.
Começo a ouvir os seus passos. Acelero o meu ritmo ainda mais passando para uma meia-corrida.
Ouço a sua respiração, o que significa que está demasiado perto.
Largo a correr.
Corro o mais rápido que posso, utilizando toda a adrenalina, fornecida pelo medo, para chegar a casa de Styles.
Não olho uma única vez para trás. Tenho medo do que possa ver.
Empurro o pequeno portão e subo os degraus, quase caindo no primeiro. Esperança acende-se em mim quando vejo luz numa das janelas da sua casa. Bato à porta com ambos os punhos, desesperadamente. Bato. Bato. Bato. Bato vezes sem conta. Não percebo como a porta não cai, cedendo ao meu desespero. No entanto, ninguém abre. Cheia de medo, volto-me para trás e encosto-me à madeira.
Os meus olhos seguem o homem de preto a desaparecer da rua, a correr. Percorro todo o espaço com os olhos, mas nem sinal do meu perseguidor. Ele fugiu.
O meu corpo desliza pela madeira, substituindo uma posição em pé por uma sentada. Respiro fundo. O meu estado volta ao normal. Todavia os batimentos do meu coração, apesar de regulares, estão bastante altos.
O que foi aquilo? Será que imaginei tudo? Estaria ele mesmo a perseguir-me? Porque Styles não me abriu a porta? Estas perguntas fazem-me doer a cabeça, que se encontra a letejar.
Lembro-me, então, porque estou aqui e levanto-me, cuidadosamente, fazendo o meu punho colidir com a madeira, desta vez mais calmamente.
“Eu sei que estás em casa.” Digo aborrecida. “Consigo ver a luz acesa, sabes?” pergunto retoricamente. Ninguém responde. Bato à porta mais algumas vezes. Bato à porta até me doerem os nós dos dedos.
Bufo frustrada, ao perceber que ele não vem abrir a porta. E, acabando por desistir (começo a reparar que desisto muitas vezes), volto a sentar-me encostada à porta, numa posição confortável.
“Porque não abres?” desabafo após alguns minutos de silêsncio. “O que tens a esconder dentro de casa? Melhor: O que escondes?” corrijo, à medida que os meus pensamentos se desenrolam. “Porque não dizes o nome?" pergunto e decido explicar-me: "Quer dizer, entendia se não me dissesses o apelido, mas o nome? Porquê?” continuo a partilhar os meus pensamentos, sabendo que ele deve estrar a ouvir tudo. “Sabes, eu tenho algo para te contar.” Tento mudar de estratégia “sobre o assassinato” digo. Espero alguns minutos, antes de continuar. Quando percebo que o que disse ainda não é suficiente, acresento: “Falei com Edward. Ele estava apaixonado pela Teresa. Ele contou-me algo que, se calhar, interessa-te.”
ESTÁ A LER
Glass Masterpiece || h.s
Fanfiction"E algures, do outro lado da cidade, alguém pinta no vidro uma nova obra prima". Uma batalha entre a realidade, a fantasia e uma obra-prima de vidro. Conseguirá Alexandria derrotar esta obra e quebrar o destino que ela propõe? Será que algo, uma vez...