13º Capítulo

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"Mãe" grita o Luís do seu quarto. "Posso levar o camião?"

"Sim querido! Podes!" responde a minha mãe docemenete. Não percebo como te paciência suficiente. Durante esta manhã, já me cansei de revirar os olhos. Todos correm de um lado para o outro. Gritam, tentando comunicar, enquanto se encontram em quartos diferentes. Um caos insuportável instala-se na casa, quando nos preparamos para o piquenique. Em contaste a tudo isto, eu estou calmamente no meu quarto a cumprir a minha parte das tarefas, enquanto canto baixinho uma música:

        But if I kiss you will your mouth read this truth
        Darling how I miss you
        Strawberries taste our lips do 
        And its not complete yet, mustn't get our feet wet
        Cause that leads to regret, diving in too soon.
        But I'll owe it all to you, oh, my little bird

"Querida, onde arrumaste o carvão?" pergunta o meu pai.

"Na cozinha atrás do caixote do lixo!" grita a minha mãe, de modo a que ele consiga ouvir.

"Mãe! Não encontro o Ted!" ouço o meu irmão de novo, já quase a chorar.

"Está aqui comigo! Já estás pronto?"

"Vamos?" diz por fim o meu pai.

Finalmente, penso. Esta família é o grupo de pessoas mias desorganizado, que alguma vez conheci. Por vezes, esta particularidade faz-me rir, outras, fico extremamente irritada com tudo.

Mal saímos de casa, vejo os vizinhos a espreitar às respetivas janelas. Reviramos os olhos, todos sincronizados, e percorremos o trilho que concede um acesso à floresta.

A minha mãe e o meu irmão jogam às cidades:

"Florida"

"Atlanta"

"Atenas"

"S......." o meu irmão hesita. Já conhece bastantes cidades, para a sua idade. Eu ensino-lhe a maioria das coisas.

Rio-me dele e coloco os fones, ouvindo música. O meu pai guia-nos até ao local perfeito para piqueniques. 

Ainda não sei como poderei comer aqui, sabendo que, algures por perto, mataram uma rapariga. Tento não pensar nisto de modo a evitar arrepios e imagens desagradáveis. O meu cérebro gosta de pregar partidas sangrentas. Algo que eu não aprecio. 

Colocamos os pés com cuidado no chão, alternando-os. Vou tão concentrada no solo que piso, que quando o meu pai pára bato nas suas costas. A colisão é tão forte que quase caio para trás. Ele vira-se e ri-se para mim.

"É aqui" informa, assim que retiro os fones.

Olho em volta. É um clareira. A erva é verde e encontra-se ligeiramente molhada da chuva noturna. O meu pai cobre a mesma com uma manta. A rodear o espaço aberto, estão árvores altas, que marcam o início da densidade da floresta. Faço uma nota metal, para explorar o que se encontra para lá das mesmas. Estou fascinada com a beleza da natureza e o seu cheiro - acolhedor e selvagem, ao mesmo tempo.

O meu pai vai procurar pedras e ramos, para construir uma fogueira, enquanto a minha mãe organiza alguns petiscos na manta. O Luizinho já se encontra entretido, correndo pela relva. Observo tudo, ainda de pé. As imagens passam, como se fosse em câmara lenta, à minha frente. A floresta tem um efeito calmante em mim. E é nestes momentos que não quero pensar em nada.

Ajudo a minha mãe a colocar as coisas na manta, deitando-me na erva, logo de seguida, a encarar o céu.

"Alexandria" ouço alguém chamar. "Ajuda!"

Glass Masterpiece || h.sWhere stories live. Discover now