35° Capítulo

598 58 12
                                    

Viro a cabeça para o lado. A minha mãe está debruçada sobre mim com um olhar extremamente preocupado.

A minha visão esta desfocada e demoro alguns segundos a ajustá-la, de modo a ver claramente o local onde me encontro. Ainda sinto o calor de um abraço e o meu coração acelerado do beijo e da confissão. Reparo então que estou deitada na minha cama. Olho em volta freneticamente, pousando o meu olhar confuso na preocupação que espelha a minha mãe. Confusão acorda todo o meu corpo.

"O que se passa?" Pergunto, erguendo o meu tronco e suporto o peso nos cotovelos, olhando todo o meu quarto que está com uma temperatura estranhamente agradável.

"Dormiste durante 16 horas! O Mr.Clarks já me telefonou da livraria a perguntar o que se passa!" Explica - me exaltada, enquanto eu permaneço no mesmo estado de perplexidade e com o sentimento de que algo não está bem. 

Agora encaro a minha mãe, sem qualquer tipo de emoção. Vazia e com o sentimento que me falta algo. Algo importante escapa-me.

"Mãe?" Chamo calmamente "Que dia é hoje?"

"20 de Setembro,  querida!" Constata o óbvio,  que para mim não é tão óbvio. Junto às sobrancelhas e olho-a como se as palavras de escaparam por entre os seus lábios, juntas, constituem um absurdo. "Está tudo bem contigo?" Pergunta ainda com um tom divertido.

Assinto com a cabeça, desviando o olhar para o teto. Eu Lembro-me vivamente de olhar hoje de manhã para o calendário e ver 20 de dezembro. Ontem eu discuti com a minha mãe e hoje ela fala comigo normalmente, como se eu nuca tivesse preferido esta com o Harry, ao invés de ficar com ela... O que se está a passar?

"Mãe?" Paro-a antes que saia do meu quarto. "Nós não tínhamos discutido? Eu não fui atacada por um psicopata? Eu ontem saí de casa!"

Ela olha para mim divertida, sorrindo docemente, provocando-me para um olhar interrogativo "Tu dormiste durante 16 horas, isso deve ter sido tudo um sonho, querida."

Com isto desaparece do meu quarto.

A sua afirmação impulsiona-me a saltar da cama num ápice. Um sonho? Visto o primeiro conjunto de roupa que vejo. Um sonho não pode ser tão complexo. Pego nas botas e num casaco de inverno, mas decido que, atendendo ao que a minha mãe disse anterioemente, não precisarei deles. Algo está muito errado.

Corro, então, para a porta gritando uma despedida à minha mãe, que sai da cozinha apenas para me ver fechar a porta, enquanto visto o casaco.

Sigo em direção à livraria.

A sequência dos eventos que vivi, ou sonhei, estava demasiado bem encadeada para agora me dizerem que é apenas um sonho. Eu recuso-me a acreditar nisso. As emoções foram demasiado reais.

Caminho rapidamente de forma a chegar o mais rápido possível. Ignoro o sol quente, que acaricia a minha pele, e a leve brisa que me guia. Avisto a pequena loja de Mr.Clarks, e algumas pessoas a sair da mesma. Ansiosa por colocar as perguntas que rodopiam no motim da minha cabeça, corro até entrada.

Empurro a porta com força encontrando Mr.Clarks na caixa, concentrado na sua tarefa. A pequena loja está vazia, na solidão das páginas que contam histórias.

"Mr.Clarks!" Grito, fazendo-o parar aquilo que estava a fazer e olhar-me, surpreendido.

"Apareceste!" Diz casualmente e levanta-se com dificuladade.

Só agora é que reparo o quão perto da morte parece o meu patrão. Os seus passos pesados e dificuldade em fazer movimentos rápidos e habéis indicam que a sua idade já é avançada. Então, uma estranha sensação de culpa invade as minhas veias, por pensar que este homem é um assassino cruel.

Glass Masterpiece || h.sTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon