14º Capítulo

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Peço desculpa logo no inicio pela nota de autora gigante no fim! Mas leiam, juro que vai ser a unica gigante! JURO JURO JURO. LEIAM POR FAVOR! DEIXO-VOS COM UM CAPÍTULO INTENSO!

"Ouvi-te a mexer. E ouço-te respirar." diz uma voz rouca calmamente, sem emoção.

Sem emoção.

Styles.

Fico, instantaneamente, mais calma. O meu pobre coração acalma-se e já respiro normalmente. Engulo em seco por ter sido descoberta tão facilmente e revelo-me.

Olho para ele de cabeça baixa, brincando com os dedos à minha frente. Pareço uma criança que acabou de fazer uma asneira.

Styles está de cócoras e olha para mim.

"Que fazes aqui?" pergunta.

"Piquenique com a família" levanto o braço, indicando a direção atrás de mim e acrescento "na clareira".

O rapaz levanta-se e fico surpreendida com a sua altura e sou, portanto, obrigada a levantar a cabeça de modo a olhar para ele. Avanço para o sítio onde se encontra e o rapaz afasta-se progressivamente. Preciso de utilizar todas as forças que tenho para lhe perguntar:

"E tu? O que fazes aqui?"

Os meus olhos navegam, pelo espaço. Fitas amarelas e pretas rodeiam uma pequena área. A cena de crimeO culpado volta sempre à cena de crime, sou relembrada. Viro-me lentamente, com os olhos muito abertos, para voltar a encarar Styles, que abana a cabeça negativamente ao reparar no meu olhar revelador. 

"Não." começa "Eu apenas vim cá porque quero encontrar mais pistas."

Ergo uma sobrancelha, duvidando da veracidade daquilo que me disse.

"A minha avó também tinha um 19 no pulso." acaba por dizer, para se justificar. Então, tudo faz sentido na minha cabeça. A conversa no carro, o facto de querer ver o assassino preso. Tudo. Ou talvez não completamente tudo: "Mas a pessoa que matou a tua avó há quarenta anos atrás não pode ser a mesma que matou a rapariga agora." reproduzo os meus pensamentos.

"Como sabes que a minha avó morreu à 40 anos? E que foi assassinada?" confronta-me.

Dou meia volta e afasto-me mais dele. Sinto que me segue com o olhar, provocando arrepios na minha pele. Sinto, também, tensão entre nós.

Ainda de costas digo: "Uma vila pequena, toda a gente sabe tudo, Styles". faço enfase no seu nome propositadamente.

Olho para todo o verde que vejo à minha volta e não o encaro, esperando a sua reposta. No entanto, esta nunca chega a vir. Ele ignora todas as partes do meu comentário que era suposto afetá-lo. Parece-me que não posso atingir o rapaz alto, que veste umas simples calças pretas e uma camisa de tecido fino, com os primeiros três botões desapertados, coberta por um casaco quente. Simples palavras não podem atingir esta figura composta, sem emoções.

Quero quebrar o gelo e, por isso, viro-me, permanecendo no mesmo lugar.

Após respirar fundo, pergunto:

"Foi por isso que voltaste? Para saber a verdade sobre a morte da tua avó?"

"Não" responde simplesmente. Ao reparar que estou à espera que elabore a resposta, acrescenta: "Mas isso faz parte das coisas que quero fazer aqui."

Estamos longe um do outro, ambos em pé. Eu admiro as suas belas íris verdes, ele fixa as minhas. Ele a tentar dominar-me, eu a tentar impedi-lo. Parece que, aos poucos, uma aranha envolve-nos nas suas teias, tecendo um único fio a unir-nos. Continuamos a olhar um para o outro. Os meus olhos cravados nos seus, tentando percebe-lo. Reparo o quão belo é este rapaz - lábios em forma de coração. A cor do sangue envolve-os. Podemos vê-los presos, como numa jaula, entre os seus dentes. Ou sendo massajados pelos longos dedos. Longos dedos, mãos grandes. Serão macias? Como será o seu toque? Será suficientemente elétrico para fazer um coração morto funcionar? Grandes mãos passam pelo seu cabelo. Caracóis achocolatados que, uma vez, vi escondidos debaixo de um chapéu. Os olhos também se escondem. Escondem-se por baixo das sobrancelhas juntas e carregadas. E os olhos. Aqueles olhos de vidro, sem emoção. Que nos controlam, manipulam, hipnotizam. E eu tinha acabado de ser hipnotizada.

Glass Masterpiece || h.sWhere stories live. Discover now