Charlotte on
Eu gosto de trabalhar no café, vejo muitas pessoas diferentes todos os dias, algumas puxam assunto quando eu vou levar os pedidos até suas mesas, falam sobre o clima, sobre suas vidas, e contam episódios que julgam interessantes de serem contados, até desabafam sobre alguma coisa que os deixaram indignados, é realmente divertido. E outros apenas agradecem e as vezes me dão um sorriso. É um trabalho calmo, exceto pelas vezes que os clientes decidem reclamar ou questionar coisas irrelevantes, totalmente irrelevantes; como aconteceu hoje com um senhor velhinho de cabelos bem brancos, que sempre vem aqui, ele trabalha em algum lugar por perto e sempre finaliza suas tardes tomando um chocolate quente com um croissant. Mas hoje, ele decidiu que queria opiniar sobre a decoração.
- Carlota, você não acha que tem quadro demais naquela parede?? - Ele disse enquanto se dirigia ao caixa que estava, apontando para umas das paredes.
- É Charlotte, Sr. Lucio e sendo sincera eu gosto dos quadros, tem um charme - completo gentilmente com as mãos no bolso do avental
- Pois, eu não gosto não! Eles estão em uma posição que não fica legal. - Ele afirma e vai até a parede com quadros, começando a tirar alguns e troca-los de lugar.
- Se esse daqui ficar aqui em cima e esse de lado, fica melhor. Pronto desse jeito.
- Eu gostei dessa sua adaptação senhor. - Digo na intenção de deixa-lo contente. - Mas também gostava da anterior.
- Não minha filha não, deixa assim tá bom?! - Ele insiste e me entrega os quadros que tirou do lugar.
- Vamos ver o que o Sr. Evans vai achar disso, porque você sabe bem como ele é né?! - Respondo e pego os quadros que ele me entregava
- O Evans é muito ranzinza... - ele ia continuar sua reclamação sobre o gerente, mas eu já finalizava sua compra no caixa.
- Pois é Sr.Lucio, mas aqui esta seu chocolate para viajem, tenha uma boa noite! Até amanhã - encerro gentilmente e ele também se despede e deixa o café.
Essa definitivamente não é a primeira vez que Lucio cisma com alguma coisa na loja, semana retrasada ele disse não tinha nada a ver as prateleiras com livros na cafeteria, e mês passado ele queriar mudar a posição das coisas na vitrine, por sorte o gerente estava aqui para impedir que ele mudasse por conta própria a decoração. Enfim, esses clientes que reclamando de irrelevâncias são chatos, porém eu gostava daquele velhinho e gostava também de ve-lo dar sua opinião sobre tudo.
Saí de trás do caixa, afim de colocar os quadros na sua posição de origem, antes que Evans aparecesse e começasse o discurso de que eu não posso permitir que esse tipo de coisa aconteça; claro como se eu pudesse controlar um idoso super crítico de arte e decoração.
Depois de arrumar as pinturas, voltei para o interior do balcão, arrumando meu cabelo em um coque alto, deixando alguns fios soltos cairem pelas laterais do meu rosto. E foi quando eu escutei o barulho do sininho que ficava em cima da porta avisando que a mesma havia sido aberta. Involuntariamente levei meu olhar para entrada do café, e ali entrava um rosto diferente, um rosto qual eu nunca tinha visto aqui antes. Se tratava de um homem, que naquele instante também me olhava.
O cabelo era ondulado, castanho claro e perfeitamente arrumado com um camada de gel quase imperceptível. Tinha um rosto bem branco com lábios finos, uma das sobrancelhas tinha uma falha e isso era inacreditavelmente charmoso. Não era muito mais alto que eu. Usava uma roupa social azul escuro, que marcava seus ombros fortes e o músculo de seus braços. Seu olhar que agora estava de encontro ao meu, era... tão firme e intimidador quanto ele parecia ser, vendo de longe os olhos eram castanho escuro, o que combinava completamente com ele todo. Meu Deus aquele homem era extremamente lindo.
Desviou o foco de mim depois de uma troca de olhares que durou pouco mais de 1 segundo e veio em direção ao balcão que eu estava. Se sentou em um dos bancos e eu percebi que de perto, ele era ainda mais bonito.
- Boa tarde! Ja sabe o que vai querer? - estava próxima a ele, então perguntei gentilmente como sempre.
- Ainda não, o que vocês tem? - perguntou sério, me olhando de forma tão intimidadora que eu engoli em seco; ele parecia querer que eu falasse o cardápio inteiro.
- B-Bom, temos Latte, expresso... - começei a falar, tentando lembrar sobre a pressão daqueles olhos tudo o que tinhamos.
- Eu to brincando, não vou te fazer falar o cardápio todo pra mim, eu quero só um chá por enquanto. - Concluiu com um sorriso debochado nos lábios.
- Ainda bem, eu realmente ia ter dificuldade pra te falar o menu inteiro- Digo alíviada mas também entrando no clima da brincadeira, não ia deixar ele debochar de mim. - Chá normal ou com leite?
- Que tipo de inglês descente toma chá sem leite? - perguntou fingindo uma indignação.
- Não sei, você pode ser o primeiro - Aproveitei o clima de deboche que havíamos entrado.
- Não, não hoje! Chá com leite por favor! - ele diz ficando repentinamente muito sério novamente e me intimidando outra vez.
Claro que eu não ia deixar ele perceber que eu estava tendo mini surtos internamente, então apenas concordei plenamente com a cabeça, dei as costas e fui buscar o tal chá com leite.
- Mais alguma coisa? - Perguntei colocando a xícara na frente dele com cuidado.
- Não, hoje vai ser só isso mesmo, obrigado! - Falou pegando a xícara e levando a mesma até os finos lábios, colocando em destaque suas mãos fortes e seu pulso com um relógio caro.
- Cuidado 'ta' bem quente.- Avisei tarde demais porque ele já havia aparentemente tomado o primeiro gole.
- Podia ter me avisado antes de beber. - Disse tirando a xícara da boca como se a temperatura tivesse realmente machucado seus lábios.
- Desculpa.
- Poxa Charlotte, como vamos resolver essa queimadura na minha boca agora?! - perguntou com um olhar levemente carregado de malícia.
- Que? como? como você sabe meu nome?- Atropelei todas as palavras por conta do nervosismo que a pergunta indecente dele me causou.
- Essa é fácil, seu avental, tem um cracházinho com seu nome. - Respondeu apontando com a xícara em movimento bem sutil, pra minha roupa.
- Ah! - sorri soltando um riso nasal.
Continuamos aquela conversa cheia de brincadeiras e olhares intimidadores, até ele terminar a sua bebida e pagar a conta. Depois ele foi embora sem dizer seu nome e fazendo questão de olhar pra mim por cima dos ombros quando estava de costas, na porta saindo e deixando o café. Eu não sabia se o veria amanhã ou em outro dia, sabia apenas que queria ve-lo novamente.
...
Cheguei em casa depois do expediente, e encontrei Liz na cozinha, na frente do fogão preparando o que parecia ser o jantar.
- Humm dia de folga rendeu hein?! - Falei animada abraçando-a por trás - O cheiro 'ta' ótimo.
- Macarrão a bolonhesa, seu preferido princesa! E como foi seu dia?
- Normal... - respondi soltando-a e deixando escapar uma risada boba ao lembrar dele.
- Iiih, normal? e esse sorriso bobo Lottie? O que rolou?
- Nada... - Disse tirando minha jaqueta, sem parar de sorrir.
- Esse nada por algum acaso é do sexo oposto? -
- Talvez...
- Ok, ja entendi tudo.
É, ela me conhecia bem demais pra saber que aquele "nada", tinha mexido comigo.
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Maybe | Tom Holland
FanfictionNo auge dos seus vinte e poucos anos, Thomas é imensamente reconhecido por ser dono de uma das maiores empresas da Inglaterra. Ele divide seu tempo entre trabalhar e transar com mulheres que não vai lembrar o nome no dia seguinte. Thomas é feito de...