Capítulo 4

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Não preciso nem mencionar o quanto a Liz me encheu o saco pra contar o motivo do sorriso, ela queria saber quem era aquele "talvez" e não descansou até me fazer falar tudo. Ela terminou de fazer o jantar, enquanto eu arrumava a mesa, nós sentamos e eu começei a contar tudo pra ela. Liz era do tipo de pessoa curiosa, que não queria que detalhes fossem poupados, ela ouvia atentamente cada história que acontecia comigo, prestava atenção, comentava os detalhes, fazia a interpretação dos personagens, ficava ansiosa pra saber o desfecho de cada uma. E eu sempre amei compartilhar minhas coisas com ela apesar dela ser minha melhor amiga durante a vida toda e ter visto eu passar pela maioria dessas histórias. Até os sonhos que eu tinha durante a noite, eu contava pra ela no café da manhã. Talvez ela não fosse curiosa, apenas gostava de me deixar feliz ouvindo o que eu tinha pra dizer. Liz era realmente meu amor, minha melhor amiga.

-... e aí ele foi embora, mas quando estava na porta, olhou pra mim, por cima dos ombros. Eu tive que ser forte naquele momento. - Brinco por fim,
terminando de contar sobre ele.

- COMO ASSIM "ELE FOI EMBORA"? - questiona, largando o garfo em cima do prato de macarrão.

- Sim, você queria o que? nós somos só estranhos.

- As pessoas não costumam passar cantadas assim pra estranhos, sem nenhuma intenção. - Ela para de gritar, mas continua revolta.

- Ele só brincou, tudo bem. Para com isso.

- Mas a brincadeira dele fez você perder o rumo das palavras não foi?! Ah não espera, não foi só a brincadeira, a troca de olhares também! -

- Não é porque trocamos olhares...

- Olhares sugestivos. - Interrompeu, me corrigindo.

- Isso não significa que estamos em um filme de romance clichê. - Completei, por mais que quissese acreditar no contrário.

- Ok Charlotte, vamos aos fatos! Ele te cantou, te intimidou, vocês praticamente flertaram com os olhos, ele fez questão de te mostrar que sabia seu nome mas não disse o dele. E por fim, ele mexeu com a suas estruturas, esse é o maior fato de todos.

- Elisabeth, um homem como ele, mexe com qualquer um! - Encerro.

Usei seu nome inteiro porque começei a ficar irritada, por ela ter tanta razão. A garota jogou na minha cara, o que eu não queria ter visto tão claramente e muito menos assumir que havia ficado balançada logo na primeira vez que o conheci. Ele não devia, mas mexeu comigo, e eu não posso e nem vou expor isso, nem pra Liz, nem pra ninguém.

Thomas on

Eu costumo sair com muitas mulheres, eu as conheço no dia a dia, seja na empresa, seja em empresas parceiras ou até nos lugares que eu frequento. Modéstia à parte era fácil pra mim, elas pareciam gostar de caras como eu, me viam como um milionário, bonito e solteiro; então eu apenas aproveito esse privilégio que minha pessoa tem. Espero que isso não pareça com um completo babaca. Eu trato todas elas como verdadeiras ladys e deixo claro minhas intenções, não quero magoar ninguém, apenas me divertir e diverti- las também. Porém o ponto é que eu, com o tempo, aprendi a conquista-las.

Mas hoje, eu conheci uma mulher diferente. Ela não se rendeu na primeira cantada, nem na segunda, ela simplesmente entrou na brincadeira. Nem nos momentos em que eu fiquei sério e cortei o clima ela se abalou. Apesar de ter ficado sem jeito e as vezes tímida.

Era gentil e as vezes séria. Seus cabelos longos cor de mel, iam clareando quando atingiam as pontas. Os olhos eram castanhos bem claros que alcançavam um verde e destacavam em sua pele branca ficando pequenos quando sorria. Contanto ao seu sorriso, era singular, seus lábios carnudos afinavam assim que sorria e as maçãs do rosto tinham um tom avermelhado. Ela era linda.

Eu pude sentir que todas aquelas trocas de olhares que tivemos desde o primeiro momento em que eu entrei, até o último quando eu fui embora, significaram alguma coisa. Vazios eles não foram. Tinham um fundo de curiosidade, de interesse, de ambas as partes, eu acredito. Aquilo poderia até parecer uma simples conversa entre cliente e atendente, mas não era. E ela poderia ter sido só mais uma pessoa que eu conversei, mas não foi.

...

Depois que fui embora do café, andei de volta até o estacionamento da empresa, peguei meu carro para finalmente - ou infelizmente - ir para casa e encerrar aquele dia.

Chegando em casa, depois de estacionar na garagem escura do meu prédio, chamei um dos elevadores e fiquei ali olhando pro teto esperando ele chegar no andar em que eu estava. Foi então que Sofia apareceu ao meu lado, com um largo sorriso no rosto.

- Oii Tom, faz tempo que não te vejo. - Disse empolgada me dando um beijo no rosto.

- Oii, Sofi, apesar de morarmos no mesmo prédio, é difícil se encontrar né?! - Não estava feliz com aquele encontro, mas nao ia ser mal educado.

- Realmente... e você ta bem? - ela puxou assunto enquanto entrávamos no elevador que havia chegado.

- Estou ótimo, trabalhando como sempre, aquela coisa, você sabe...- Falei colocando a mão na parte de trás do pescoço, tentando evitar que ela percebesse meu incômodo com sua presença.

- Ah que bom, eu também continuo na mesma - Deu uma pausa- Tom... sinto sua falta. - Sua empolgação sumiu.

- Sofia, desculpe... - Eu fiquei extremamente sem graça, não acredito que ela tocou naquele assunto.

- Não, desculpa eu, não devia ter falado isso, é só que... é realmente inevitável não sentir falta de você, da gente... - ela disse e foi se aproximando de mim dentro do elevador - do seu cheiro - e ela estava cada vez mais perto - do seu abraço - e ela me abraçou!

Eu não sabia o que fazer, todos os meu neurônios iam explodir, aquela garota estava tão errada fazendo aquilo. Mas mesmo indo contra tudo que minha cabeça falava eu retribuí o abraço dela.

- Eu senti tanta falta do seu toque Thomas - Ela disse levantando a cabeça que estava em meus ombros e olhando em meus olhos dentro daquele abraço. - Eu juro que ele nunca me tocou igual a você.

Ela colocou as mãos em minha nuca, e eu estava querendo sair correndo daquele elevador, não chegava nunca no meu andar. E naquele momento, por pura fraqueza eu não me mexia, deixei ela se aproximar, deixei me abraçar...

- Sofia, isso esta errad...- Ela interrompeu minha fala quando me roubou um beijo!

A garota realmente me beijou, e eu estava imóvel, nem meus lábios se moviam. Mas em um estalo, eu percebi o quão errado era aquela situação com ela, então a afastei, empurrando levemente para fora dos meus braços. Por sorte o elevador chegou em meu andar, e antes de sair eu apenas olhei pra ela com um olhar completamente reprovatório. Ela sabia que eu tinha detestado aquilo, mas ela também sabia que nem todos os sentimentos haviam acabado dentro de mim.

Ela foi a última pessoa com a qual me envolvi sentimentalmente nesses últimos tempos, nós realmente tinhamos um carinho muito grande, que passou de sexo para algo um pouco maior. Eu me apaixonei por ela sim, confesso. Mas a forma como ela me magoou, não tinha desculpa, então aquele possível relacionamento acabou antes mesmo de começar.

...

Ja estava na cama, depois de um banho reflexivo, eu coloquei minha calça de moletom cinza que eu chamava de pijama e me deitei ainda pensativo. Com tudo que acabará de acontecer durante esse dia. Eu só revivia em minha mente cada momento desde as reuniões estressantes, as negociações que deram certo, até o encontro com Charlotte e o reencontro indesejado com Sofia.

No fim, eu só eu fiz três novas notas mentais: 1° o chá daquela cafeteria nova é melhor do que o chá de onde eu costumava ir, 2° eu com certeza vou voltar lá e não é só pelo chá! e 3° eu preciso apagar a Sofia da minha existência.

Maybe | Tom Holland Where stories live. Discover now