Capítulo 40

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Semanas depois.

O período havia passado como uma lenta e amargurada tortura para Thomas. Tais dias eram como séculos e as horas mais pareciam andar para trás nos ponteiros do relógio, do que seguir em seu ritmo tradicional. Quanto mais ele tentava parar de pensar nela e nas coisas que aconteceram, mais os pensamentos ensurdecedores vinham à tona.

A princípio, Thomas sentiu falta da presença física dela, do sexo, de dominá-la, da forma como ela se entregava colocando no jogo tudo de si, sem hesitar. Ele se lembrava o tempo todo de como era prazeroso tê-la ou estar dentro dela.

Depois sentiu falta das conversas, das risadas, brincadeiras, até os vinhos e lugares que eles sempre escolhiam como ninguém. Sentiu falta do olhar e da voz, do toque na pele sensível e do calor quando estavam entrelaçados. De beijá-la e ter a sensação do sangue fervendo. De se embriagar com o perfume do corpo dela e se sentir completo.

Sentiu falta da conexão que tinham; aquela que Tom nunca conseguiu sentir em outros lábios ou em qualquer outra pessoa.

Entendeu que por isso, era tão inegavelmente apaixonado.

Mas então sentiu uma saudade insuportável do efeito que Charlotte fazia surtir em seu corpo, aquela pulsação freneticamente acelerada de seu coração bombeando sangue, o esquentando inteiramente quando ela estava por perto. Uma saudade inconfundível daquela exata sensação de estar unicamente com ela, respirar aliviado e se sentir bem.

Ela tornava toda intensidade e complexidade de Thomas em algo absolutamente bom. Lottis aceitava, entendia e gostava de cada circunstância, defeito e qualidade dele. Desde seus desejos sádicos e paixão possessiva até seus momentos de frieza e suas palavras de carinho. Holland sabia que podia ser o que era e ela ainda assim estaria ali, no mesmo lugar.

Aquela mulher literalmente o completava.

Porém, descobrir isso aconteceu tarde. Quando Tom finalmente entendeu tudo isso e compreendeu que a amava, já era tarde demais.

Então, a verdade caiu como uma guilhotina.

Às vezes a gente só descobre o amor quando já virou saudade. Quando não podemos mais tê-lo.

Perante aos fatos, a única coisa que ocupava a cabeça e os dias de Tom, era a ausência de tudo que ele perdeu. Era só nisso que ele conseguia pensar, quando despertava pela manhã, quando tomava café, no trabalho, nas reuniões, no jantar, antes de dormir e inclusive durante seus sonhos.

A vida dele havia virado um ciclo interminável de acordar e ir dormir pensando na mesma coisa o tempo inteiro. E isso acabava afetando desde sua saúde até sua desempenho no trabalho. Ele já não focava como antes, e nem se cuidava como antes. Para dizer a verdade, ele literalmente não se importava mais com a própria saúde. Nem física, nem mental.

Thomas Stanley Holland estava se matando pouco à pouco apenas por se consumir diariamente de uma mesma lembrança. De uma mesma culpa. De uma mesma saudade.

No entanto, racionalmente falando as emoções reprimidas sempre encontram uma saída extravasando-se através de manifestações e reações negativas do corpo.
Podem se extravasar em tensão muscular, bater de portas, punhos cerrados, pressão alta, ranger de dentes, lágrimas, mau humor, atos de violência. Não conseguimos enterrar nossas emoções, elas permanecem vivas em nosso subconsciente para nos ferir. E com Tom não foi diferente.

Holland chegou em um nível onde suas emoções eclodiram dentro de si e a necessidade urgente de fazer algo para suprir todo um vazio tomou conta dele. E logo ele lembrou, que antes de Charlotte entrar em sua vida, ele não sentia vazio nenhum. Tristeza nenhuma. A vida que ele tinha o fazia muito bem.

Maybe | Tom Holland Where stories live. Discover now