Capítulo 35

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Thomas on

O céu cinza, a temperatura fria, aquela mesa cheia de papéis e trilhões de telefonemas me trouxeram de volta à minha realidade. Sentado naquela cadeira, com todas as responsabilidades do trabalho voltando pra minha cabeça, eu precisava estar 100% concentrado nisso, no trabalho e na empresa. Contudo minha mente só conseguia lembrar e repassar cada momento daquela viagem. Cada um dos 10 dias, cada uma das 10 noites. 

Todos as conversas, todas as gargalhadas dela, todos os beijos e todos os... Enfim, eu não conseguia tirar aquilo da minha cabeça de forma alguma, porque tantos momentos bons acabaram com uma discussão. E essa discussão teve poder suficiente para anular cada momento bom.

Eu tenho uma grande parcela de culpa nisso. O que ela disse sobre estar cansada das incertezas é realmente culpa minha. Em várias situações em que a coloquei em uma posição de dúvida, de não saber o que fazer. Eu me mostrei imprevisível de uma maneira negativa e cansativa. Eu não a julgo por ficar insegura com esse tipo de comportamento, não mesmo. Mas esse é o tipo de coisa que eu não consigo controlar, eu simplesmente sou assim. 

Independente disso, eu não queria prejudicar a confiança dela. Eu tinha que me abrir e deixar que ela me entendesse, eu precisava facilitar e me explicar. Tentar de alguma forma me redimir e não deixá-la desistir de nós. Afinal, perdê-la era o meu maior medo e confessar isso, em partes, me assusta. Eu não fui com ninguém como eu sou com ela, e Charlotte me mudou de uma maneira que chegava a me incomodar. Porque apesar de parecer estar sempre no controle, eram muitas as vezes que ela me dominava. Devagarinho, com um sorriso tímido no canto da boca e ela me deixava completamente desarmado.

Se fosse em outro momento, com outra pessoa, talvez eu escolhesse um término do que mudar o meu jeito. Mas era ela, era a minha garota e por ela eu estava disposto a mudar, mesmo tendo que pagar um preço caro à mim mesmo por isso. 

Eu gosto e preciso demais de você, Charlotte. Eu vou fazer o que você precisar pra te manter segura e te manter comigo.

[...]

Charlotte precisava de uma conversa com alguém legal, pra distraí-la de tanta confusão que os pensamentos negativos estavam gerando na sua cabeça inquieta, e Sofia apareceu nesse momento exato, cheia de palavras amigáveis e más intenções. Péssimas intenções que a doce e magoada Charlotte não percebeu. 

Desde o momento que Coleman se sentou naquele balcão e prendeu toda atenção da garota, ela deu início à uma série de perguntas e assuntos sobre a viagem que havia feito com o namorado. Tentando a todo custo ganhar a simpatia de Lottie, que por sua vez respondia as perguntas mas não contava os detalhes mais delicados e frágeis. Ela achava que não fazia sentido contar sobre sua situação com Thomas para uma amiga que acabará de conhecer. Ainda mais porque falar sobre aquilo deixaria a ferida mais sensível. 

Quando Sofia chegou no café restavam apenas meia hora pro estabelecimento fechar. Seria a própria Charlotte que trancaria as portas do lugar quando seu expediente acabasse. Mas Sofia ficou ali durante essa meia hora inteira, conversando e ocupando o tempo dela até ter a hora exata pra finalizar os planos. 

- ... E eu passei o resto daquela tarde inteira no quarto dormindo... - A morena ria contando falsas histórias para entreter Charlotte, enquanto ela terminava de limpar algumas coisas no café, que agora já estava vazio.

- Então, não querendo ser chata nem nada mas eu preciso fechar o café. Nós vamos precisar ir embora. - Lottis disse forçando uma careta triste.

- Ah sem problemas.

- Nós podemos sair qualquer dia. 

Aquela era a oportunidade perfeita. A oportunidade que Sofia havia planejado durante muito tempo, desde o dia que saiu do escritório de Thomas. Ela precisou de certo esforço para encaixar os momentos tão bem, mas ela tinha certeza que o buquê de rosas teria sido sua melhor jogada. As malditas rosas foram o gatilho para a discussão do casal e o acontecimento ideal para deixar Charlotte fragilizada, a ponto de confiar em qualquer nova amiga que aparecesse. Era aquela hora onde ela poderia encerrar o plano, e começar a ter de volta tudo que queria: Thomas inteiramente para si.

Maybe | Tom Holland Where stories live. Discover now