Capítulo 30

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Eu sabia que as horas passariam como minutos e os minutos como segundos, e que eu precisaria aproveitar cada milésimo deles. Precisaria viver cada experiência mais importante da cidade luz e cá estamos.

Um rapaz uniformizado com uma roupa elegante que fazia jus ao lugar, ficava continuamente parado no começo da fila checando os tickets de cada visitante. Ouvimos ele anunciar o próximo, o que me fez dar três passos a frente e lhe entregar meu ingresso junto com o de Thomas. Ele verificou nossas identidades, conferindo com os nomes nos tickets e depois liberou nossa entrada ao famosíssimo elevador da Torre Eiffel.

Além de Tom, um enorme frio na barriga me acompanhou. Meu medo de altura não era grande coisa até eu colocá-lo a prova e com certeza subir a centenas de metros em um elevador panorâmico era ligeiramente assustador pra mim. O número de acidentes ali era de 0 à 1 mas isso não serviu de consolo, porque no momento que eu pisei na atração minha fisionomia mudou de extremamente animada pra uma cara pálida e tensa. Fora a Liz, ninguém sabia dessa fobia de altura, logo Thomas não fazia idéia de qual era o motivo da minha mão entrelaçada com a dele ter ficado repentinamente gelada, mas talvez ele nem tenha percebido, já que sua pele era tão fria quanto normalmente e só esquentava quando seu humor era igualmente quente. Mas eu precisava aproveitar o momento e esquecer por alguns minutos da distância que em breve eu estaria do chão.

Por consequência da minha sorte vista por mim mesma como azar, Thomas conseguiu um lugar pra nós bem na janela do elevador, que dava vista completa de Paris. Então aos poucos fomos subindo, metro após metro. Era nítido que todas as pessoas ali dentro estavam deslumbrados com a visão privilegiada da cidade e eu também queria me concentrar nisso e ignorar a sensação completamente gélida na minha barriga.

- Depois daquele bairro à esquerda fica o Museu do Louvre. - Thomas disse apontando para uma região que agora era pequena à olho nu, devido a distância. - Você quer ir lá não quer?

- Uhum... - Respondi sem dar muita atenção e sem olhar pra ele, estava distraída evitando ao máximo olhar pra baixo. E Tom me fitou desentendido.

- Nós vamos até lá amanhã. - Segurou minha mão.

- Legal... - Eu mal havia escutado o que ele disse.

- E hoje à noite eu vou te levar pra jantar em um lugar especial.

- Aham...

Reparei que Thomas suspirou levemente irritado e logo em seguida falou aumentando e engrossando seu tom de voz - Você tá me ouvindo, Charlotte? Eu estou falando com você!

- Desculpa, eu estou te ouvindo sim! Só fiquei distraída. - Rapidamente virei o rosto pra ele, me desculpando sem jeito.

- Sério? Então me ouviu dizer que teremos que voltar pra casa mais cedo? - Arqueou a sobrancelha.

- O que? Não! Como assim?

- Não, Charlotte, eu não disse isso! Agora presta atenção quando eu falar com você.

Assenti balançando a cabeça, engoli em seco e absorvi aquela bronca. Olhei com rapidez pra baixo e percebi que estávamos quase chegando ao topo da torre e pude sentir uma leve tontura me atingir.

- O que você disse mesmo sobre amanhã? - Tentei mudar o foco dos meus pensamentos e definitivamente não olhar pro chão. - A vista é realmente linda.

- É... é bem bonita mesmo. - Concordou desconfiado. - Tá tudo bem?

- Tá s-sim. - Menti.

- Desde lá de baixo sua mão 'tá fria e você parece totalmente tensa. O que foi?

Maybe | Tom Holland Where stories live. Discover now