Capítulo 34

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Londres
8 dias depois
Charlotte on

Os meus dias longe do trabalho haviam chegado ao fim e eu já estava de volta à parte de trás do balcão da cafeteria. Em uma terça-feira fria com um céu nublado, totalmente indiferente. Era o dia de folga de Jake, já que ele trabalhou dobrado enquanto eu estive fora, era mais que merecido um descanso. Depois de uma viagem que acabou mais cedo, minha rotina havia voltado ao normal.

Os mesmos clientes, os mesmos pedidos, mesmas perguntas, mesmos assuntos, mesmas reclamações, mesma música no despertador de manhã...

Tudo de volta ao normal depois de vários dias seguidos vivendo como se fosse os meus últimos instantes de vida, literalmente.

Se eu tentasse explicar pra alguém os meus últimos dias, seria em vão. Ninguém acreditaria se eu dissesse que saí de um coma e fui fazer uma viagem romântica cheia de acrobacias sexuais pela Europa. Cômico pensar que eu me recuperei de um trauma na cabeça e não demorou nem um dia pra estar me submetendo a certas coisas que poderiam me machucar tanto quanto. - Que fique claro que isso não é uma reclamação -. Eu não me arrependo de nenhuma mínima vírgula que seja desses últimos dias, eu só queria que eles tivessem acabado de outra forma.

A princípio, fizemos uma viagem tranquila de volta, e com tranquila eu quero dizer sem mais brigas e sem discussões. Tom e eu conversamos apenas o necessário desde o momento que eu pedi pra adiantar o voo. Eu simplesmente não queria mais falar nada, não queria argumentar e nem insistir em falar sobre aquele buquê ridículo. Não podia ter sido mais sincera, quando disse que estava cansada da montanha russa que é conviver com ele.

Sempre foi daquele jeito. Altos e baixos. Uma hora paixão e carinho outra hora uma secretária no meio das pernas dele e um buquê de flores. Em um momento ele está carinhoso e aí eu digo algo que não lhe agrada aos ouvidos e ele muda completamente de postura. Também tinham as vezes que eu não sabia como agir por receio de como ele iria reagir ou o que passaria na cabeça dele se eu fizesse "tal coisa". Era sempre assim, e no começo era bom. Essa montanha russa era o tipo de coisa que me causava frio na barriga quando nos conhecemos, e com o tempo eu fui aprendendo a manusear isso e usar ao meu favor. Mas, existem momentos em que conviver sempre com essas incertezas me desgasta. Eu precisava pelo menos que ele me ensinasse a lidar com esse jeito de "cara incomum" e eu estaria disposta a aprender. Assim como eu precisava que ele estivesse disposto a se adaptar a um relacionamento e ao fato de que eu preciso entendê-lo pra isso dar certo.

Meias palavras, meias verdades, maldades e metades... Como ele mesmo disse, eu me apaixonei por ele sabendo que Thomas Holland seria uma incógnita e um "talvez" constante nos meus dias. Mas me apaixonar por ele assim, não significava que eu iria conseguir manter uma relação onde eu preciso decifrar até o silêncio dele. E apesar de confiar cegamente em você Stanley, eu precisava te entender. Precisava desvendar você por completo... E como eu queria isso.

É complicado colocar em palavras a desordem e o vendaval de sentimentos que ele provocava em mim. No entanto eu sabia que "muito" era pouco pra definir. Eu gostava dele com cada fibra do meu corpo, cada átomo o queria perto e cada gota de sangue desejava tê-lo por mais tempo. Porque o que eu sentia por ele, era inexplicavelmente maior do que quaisquer coisas que eu senti antes e era indiscutivelmente sincero. Era mais forte que eu. Era um tipo de entorpecente, que me causava dependência.

Ele era como um sonho bom do qual eu jamais gostaria de acordar. Um perfume que marcava minhas roupas, minha pele e os lugares que passávamos juntos. Tom era a mudança mais rápida e inesperada da minha vida, como se ele tivesse me ensinado a ver o mundo através dos teus olhos. E se eu dissesse que ele é meu ponto de paz eu mentiria, porque ele definitivamente é o caos da minha vida, é a turbulência e a agitação; o furação que me rodeia tirando tudo do lugar e me levando do seu jeito. E mesmo assim, quando eu olho naqueles olhos entro em transe, quando toco naquela pele, a minha se arrepia e quando eu escuto aquela voz, meu corpo se preenche.

Maybe | Tom Holland Where stories live. Discover now