Capítulo 17

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Thomas on
Sabado 7h15

Sem necessidade do despertador tocar, eu acordei em mais um dia frio de Londres. Como de costume coloquei um moletom cinza no intuito de sair pra correr. Eram assim todas as manhãs em que eu tinha um pouco mais de tempo pra mim.

Passei pela cozinha e Marta estava lá. Distraída e sem notar minha presença, parecia ocupada com alguma coisa nos armários.

- Bom dia Marta!. - Cumprimentei e ela se virou pra mim em um pequeno susto.

- Bom dia senhor, eu não escutei você acordar, desculpe.

- Tudo bem, eu já estou de saída. Pega uma maçã na geladeira pra mim. - Ela concorda com a cabeça e me trás a fruta.

- Tem algum pedido para o almoço?

- Não vou almoçar em casa. Sinta-se a vontade pra ir embora mais cedo, assim que terminar as tarefas ok?!

- Pode deixar.

- Até mais Marta. - Falei colocando os fones de ouvido e indo pra porta.

- Ah, Sr.holland tem uma coisa pra você.

- O que? - Dei trés passos pra trás até Marta voltar ao meu campo de visão.

- Um bilhete. Quando eu cheguei estava em baixo da porta.

Ela me estende a mão com um papel branco dobrado, e eu não fazia idéia do que se tratava, até abri-lo no mesmo instante.

" Eu sei que você mudou o número pra me evitar. Sei que agora sobe pro seu apartamento pelo elevador de serviço apenas pra não correr o risco de me encontrar de novo. Sei que você fingiu não me ver sábado a noite no pub. Eu sei que você me evita a todo custo, e eu me pergunto por quê. Se não tem sentimentos não deveria ter medo de me ver. Mas eu ainda preciso te ver, quero te falar umas coisas e conversar sobre outras. Por favor aceite me encontrar, hoje às 12h no nosso lugar.
com amor, Sofia."

"Nosso lugar", ela ainda chama aquele restaurante de nosso lugar e isso não me surpreende nenhum pouco. Poucas foram as vezes que eu neguei ir a esse lugar com ela, poucas foram as coisas que eu neguei fazer com e por ela, durante um longo tempo da minha vida.

A agonia dela pra ter tudo que tínhamos de volta era palpável, não era a primeira vez que ela me chamava pra conversar. Mas eu nunca mais quis falar com ela depois do término, rever o motivo de um coração partido nunca é bom, e falar com ela só me fazia reviver a dor da traição.

Não era só a dor de uma traição carnal, era traição de confiança, de sentimento. Era uma dor de ter se jogado em alguém que não te segurou, que ficou apenas olhando você cair.

Aquela carta era um convite pra me sentir mal de novo, tocar em assuntos que ainda me assustavam. Eu nunca soube se eu superei aquela mulher completamente, mas não é ela que eu precisava superar e sim os meus sentimentos a respeito dela. Então eu confesso que precisava passar o passado a limpo pra seguir em frente, preciso enfrentar ela mais uma vez, mesmo que tudo viesse á tona de novo, eu precisava fazer isso.

Mas não agora, não hoje. Eu tenho outros planos pra hoje com outro alguém, e eu realmente espero que esse bilhete não assombre minha cabeça, tudo que menos preciso é que a Sofia volte a assombrar meus pensamentos. Eu quero me afastar disso por enquanto, até eu estar pronto pra esclarecer tudo com ela.

- Joga fora. - Estendi o papel de volta.

- Você tem certeza? Eu não pude deixar de ver
do que se tratava quando peguei ele do chão. - Ela respondeu com um olhar cabisbaixo.

Maybe | Tom Holland Donde viven las historias. Descúbrelo ahora