Capítulo 2

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Antes de Margot e Ravi voltarem para a Escócia, vamos conhecer a Belle Conseil.

Era um prédio grande e antigo, que tomava quase um quarteirão inteiro. Por fora a arquitetura era no estilo parisiense, mas ao entrarmos na escola, percebo que as instalações eram bastante modernas. As aulas ainda não haviam começado, então não há muitas pessoas circulando.

Margot informa que eu era uma aluna matriculada e que gostaria de conhecer pessoalmente a escola. Seu francês é tão bom quanto o meu, apesar de Margot não o praticar há muito tempo.

Uma senhora esbelta de cabelos grisalhos nos acompanha enquanto fazemos o tour pelo local. As salas de aula são amplas com cadeiras e mesas azuis que contrastam com as paredes brancas. Tudo parece muito limpo e perfeitamente ordenado.

Ela nos leva até uma das cozinhas, e me vejo deslumbrada enquanto desfilo entre as ilhas, equipadas com os mais variados equipamentos de cozinha.

Talvez alguém pudesse pensar que eu havia cometido uma loucura ao trancar a faculdade e me aventurar para fazer um curso de confeitaria por um ano, mas estando aqui agora eu começava a ter certeza de que havia tomado a decisão correta.

A Belle Conseil não oferecia um simples curso de culinária. Era uma verdadeira universidade do ramo. O conteúdo programático envolvia disciplinas de química e engenharia de alimentos, matemática e aulas de francês, administração, segurança do trabalho, noções de nutrição, e claro, técnicas de confeitaria e de decoração e panificação.

Ou seja, eu estaria muito, muito ocupada nos próximos meses. Mas o profissional que estivesse formado pela Belle Conseil estaria apto para trabalhar em qualquer pâtisserie do planeta, ou em qualquer restaurante de alta gastronomia com a parte de pães e doces.

Eu havia comentado algumas vezes com Margot que tinha aquele sonho maluco na minha cabeça. Mas nunca pensei que ele pudesse se tornar realidade, principalmente porque nos últimos anos minha vida havia estado tão presa à Virgínia.

Quando finalizamos o passeio, a senhora que nos acompanha, de nome Francine, nos oferece alguns macarons da confeitaria da escola para degustação. Escolho um de pistache e um de framboesa. Os macarons são simplesmente divinos!

Agora me sinto ainda mais ansiosa pelo início das aulas, que aconteceria em duas semanas.

No resto do dia Ravi e Margot me ajudam a me localizar na cidade. Da escola até o albergue eu poderia perfeitamente seguir a pés. Na esquina do albergue há uma padaria muito charmosa, onde posso tomar o café da manhã quando quiser e alguns quarteirões depois há uma rua com alguns bistrôs elegantes.

No outro dia, despeço-me de Margot e de Ravi na estação do trem que os levaria de volta à Escócia. Ela queria que eu não os levasse, para evitar voltar sozinha para o albergue. Mas aquela era a minha vida de agora em diante. Eu estaria sozinha na cidade, e teria que me virar daquele jeito.

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As duas semanas seguintes passam de forma lenta e dolorosa. As temperaturas negativas continuavam nas ruas de Paris, então evito ao máximo possível sair do albergue.

Quando comecei a planejar a viagem à Paris com Margot, eu me imaginei como uma garota que eu havia visto em um comercial de perfume na Tv, correndo pelas ruas de Paris usando um vestido frente única roxo, fino como papel de seda.

Mas não estávamos na primavera, então o frio que tomava as ruas era quase insuportável. A temperatura negativa fazia com que minha única vontade fosse continuar agasalhada em minha cama, lendo alguns livros em francês para tentar me aprimorar no idioma. O livro de hoje era Os Miseráveis, de Victor Hugo.

Para sempre sua, Lara JeanWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu