Capítulo 11

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Estou no meu quarto guardando algumas roupas limpas no guarda-roupa, quando Pierre atravessa a porta abanando dois envelopes nas mãos com um sorriso no rosto.

- O que é isso? – pergunto.

- São convites para nós dois.

- Convites? Convites de quê?

Ele se aproxima e se senta na cama.

- Convites para jantar no Le Grand Colbert.

- Fale em inglês, por favor. – eu peço e Pierre revira os olhos.

- Mon cher, o Le Grand Colbert é um dos restaurantes mais famosos da cidade. Tem mais de cem anos. Mas as reservas lá já estão esgotadas até para os próximos dois anos!

- Uau! Mas por que isso tudo por causa de um restaurante?

- Você assistiu ao filme Alguém tem que ceder? – ele pergunta.

- Sim.

- Algumas cenas foram gravadas lá. Era o bistrô favorito da personagem de Diane Keaton. O restaurante é muito charmoso e o chefe que está à frente do lugar agora é muito premiado.

- Que chique! – eu digo. – E quem lhe deu os convites?

- Quem nos deu os convites. Um deles está no seu nome! – ele fala e me entrega o envelope. De fato, meu nome está lá escrito com todas as letras.

- Um convite para mim? Quem pode ter enviado?

- Não sei, mon cher, mas amanhã vamos descobrir...



Chegamos ao Le Grand Colbert às 22:00 hs em ponto, horário indicado no convite. Pierre entrega os convites para a recepcionista, que nos acompanha até uma mesa que está reservada para nós dois.

Fico abismada com o lugar, que é muito refinado, mas muito acolhedor ao mesmo tempo. Os móveis são de madeira escura e a iluminação é feita por candelabros suspensos em todo o local.

Um garçom se aproxima e se apresenta. Ele diz que vai nos atender e que o nosso cardápio seria fechado, ou seja, tudo já estava pré-selecionado pelo chef da casa.

Nas entradas, somos servidos com um patê de salmão com pães artesanais e queijo de cabra tostado com salada. Para beber, o sommelier nos serve um delicioso vinho rose.

Observo as pessoas que chegam e ocupam as mesas do salão, me sentindo como um peixe fora d'água. Pierre havia escolhido a minha roupa. Era um vestido florido, frente única com a cintura marcada. Combinava perfeitamente com a ocasião, mas ainda assim eu me sentia como se estivesse ocupando o lugar de uma outra pessoa naquele restaurante tão renomado.

- Pierre, quem será que nos convidou? – eu pergunto. - Será que foi algum dos professores da Belle Conseil? Eu não conheço mais ninguém aqui em Paris.

- Vamos tentar descobrir. – Pierre diz e chama o garçom. – Por gentileza, gostaríamos de saber quem nos enviou os convites.

O garçom nos observa com um sorriso simpático.

- Foi o próprio chef, senhor. – ele diz.

- Você o conhece? - pergunto a Pierre, que me olha com a expressão surpresa.

- Não conheço. Quer dizer, o conheço, mas só de vista. E acho que você também não deve conhece-lo.

Para o prato principal, somos servidos por um Fondant de boeuf de 7h, uma carne cozida e muito saborosa acompanhada de molho e purê de cogumelos. É um daqueles pratos afetivos. É sofisticado demais para uma comida caseira, mas saboroso demais para um prato gourmet. Eu não imagino quanto custava cada prato daquele que nos era servido, mas tinha a impressão de que valiam cada centavo, pois os sabores eram simplesmente divinos.

Para sempre sua, Lara JeanWhere stories live. Discover now