Capítulo 5

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Estou no meu quarto no albergue agarrada a uma caixa de bombons que eu mesma havia comprado na confeitaria da escola e me dado de presente de dia dos namorados, enquanto releio algumas cartas que Peter havia me enviado quando eu estava na UNC. Eu fazia isso de vez em quando. Era algo masoquista, eu sabia, mas eu gostava de relembrar o quanto ele me amava naquela época. Talvez hoje não me amasse mais da mesma forma.

Meu celular toca de repente e vejo que é Pierre.

- Arrume-se que estou passando aí. – ouço sua voz falar de forma imperativa ao telefone.

- Como?

- Não vou me permitir ficar sofrendo aqui sozinho, Lara Jean. Arrume-se que chego aí em poucos minutos.

Ele fala e desliga, como se eu não tivesse opção de dizer não.

O que eu faço? Deixo os chocolates e as cartas de lado e obedeço.


Estamos em um restaurante muito sofisticado, o L'atelier Joel Robuchon. Era um dos principais restaurantes da cidade e em um dia dos namorados, então, deveria ser concorridíssimo.

O lugar é muito requintado, com enormes lustres de cristal pendurados no teto. Na mesa há tantos talheres que tenho certeza de que vou ter dificuldade de usá-los.

Um sommelier se aproxima e apresenta a carta de vinhos. Pierre a observa e faz a nossa escolha. Estamos sentados um do lado do outro na mesa.

- Você tinha uma reserva?

Ele sorri de forma esnobe antes de responder.

- Às vezes, só às vezes, eu me aproveito das prerrogativas do meu sobrenome.

Era engraçado como ele sempre usava palavras cultas para responder às perguntas mais simples.

Escolhemos um raviolle trufado para o jantar, que combina muito bem com o vinho bordô que Pierre pedira. Era engraçado como eu já passava a diferenciar os sabores dos vinhos. Nos Estados Unidos eu ainda não podia beber, mas aqui na França eu já estava me tornando uma especialista em vinhos e espumantes.

- Você está triste, Mien Cheir. – Pierre observa.

Dou um longo suspiro enquanto me pergunto onde Peter estaria naquele momento e com quem iria passar o dia dos namorados.

- Por que os homens conseguem seguir em frente tão fácil? Eu não entendo. Peter está lá, cheio de garotas loucas para comemorar o dia dos namorados com ele...

- E você está aqui... num dos melhores restaurantes do mundo, comemorando com um lindo francês... – ele fala de forma esnobe.

Dou um sorriso em reposta.

- Mas é diferente, Pierre...

- Eu sei. Sei que é diferente. E não sei porque os homens conseguem superar um relacionamento tão fácil. Eu mesmo sofro muito com isso. – ele diz com ares de tristeza.

E então era a primeira vez que Pierre falava sobre a sua sexualidade comigo, mesmo que de forma implícita.

- Quer dar o troco, Lara Jean? – ele pergunta, arqueando a sobrancelha.

- Quero.

Percebo que Pierre seria minha nova Ambry, porque ele pede que eu erga a minha taça, pega o meu celular e tira uma foto do nosso brinde. Ele não aparece na foto, apenas as nossas mãos segurando as taças.

- Ponha nas suas redes sociais que ele vai ficar louco. E não deixe de marcar o lugar onde estamos.

Penso em não fazer aquilo, mas me lembro do vídeo que Peter havia posto com aquelas dezenas de cartões, então sigo as instruções de Pierre.

Para sempre sua, Lara JeanWhere stories live. Discover now