Capítulo 4

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O mês de fevereiro chega trazendo temperaturas mais amenas, por isso me sinto mais à vontade para andar pela cidade. Ainda faltava um pouco para a primavera, mas a cidade já parece com a Paris que eu idealizara nos meus sonhos.

Eu e Pierre estamos almoçando em um bistrô próximo à Belle Conseil. Recebo algumas notificações no meu celular e as observo.

Há alguns minutos atrás eu havia publicado uma foto que havíamos tirado mais cedo na escola. O supervisor do curso havia pedido para tirarmos uma foto da turma enfileirada, vestida com o jaleco e nosso toque blanche, a nossa touca branca de cozinha. Como somos iniciantes, a altura das nossas toucas é pequena.

Havíamos tirado uma foto da turma, todos enfileirados com os braços cruzados e a expressão séria, e outra foto descontraídos. É claro que eu publicara a foto de nós todos descontraídos. Eu e Pierre estamos à esquerda da foto. Eu estou segurando com as duas mãos o fuê que a mãe de Peter me dera, com o rosto encostado em minhas mãos e sorrindo, e Pierre está fazendo uma cara esnobe com o cotovelo encostado em meu ombro. Formamos uma bela dupla, como Bonnie e Clyde.

- Pierre, posso fazer uma pergunta?

- Oui.

- Por que os outros alunos não se aproximam de você? Às vezes acho que eles até têm um pouco de... medo de você. E os professores, eles... eles parecem lhe respeitar muito.

Ele dá um gole em seu vinho e sorri para mim.

- Percebeu isso, não foi? eu confirmo com um aceno de cabeça. – Você conhece a Pierre Hermé? – ele pergunta.

- Sim.

Claro que eu conhecia. Era uma das principais confeitarias da França. O seu Macaron Isaphan era um dos mais famosos do país. Tinha sabor de rosas. Aproveito para acrescentar essa visita mentalmente ao nosso roteiro.

Pierre continua olhando para mim como se eu estivesse deixando escapar o óbvio.

- Espere! Essa confeitaria... é sua? – pergunto, me sentindo chocada.

Ele dá um sorriso antes de responder.

- Claro que não, Mien Cher. A confeitaria é do meu avô.

Tomo um gole do meu vinho me sentindo impressionada. Por isso Pierre se destacava tanto nas aulas. Acho que a confeitaria estava no seu sangue.

- O que foi, Lara Jean? – ele pergunta, me observando.

- Só estava pensando aqui... acho que vou ter um pouco mais de trabalho para ser a primeira da classe, como eu planejava...

Pierre dá uma gargalhada alta.

- Você não existe, Lara Jean!


14 de fevereiro. Não havia lugar pior para estar durante o dia dos namorados, sem um namorado, do que em Paris, a cidade mais romântica do mundo.

Em todas as esquinas floristas oferecem rosas para os apaixonados, e nas praças os casais se beijam e tiram fotos, ao som de violinos. Prevejo que aquele dia seria quase insuportável!

Checo o meu celular de vez em quando, mas não há nenhuma mensagem de Peter. Penso em mandar alguma mensagem para ele, mas acho melhor não.

Ele não havia mais dado qualquer sinal de vida para mim. Nas redes sociais, entretanto, sua vida continuava normalmente. Ele já havia voltado aos treinos de lacrosse, pois já fazia mais de dois meses do acidente, mas ainda não estava jogando nas partidas do campeonato universitário, pelo que eu podia perceber. Também saía de vez em quando com os amigos da universidade para um bar ou algo do tipo.

Para sempre sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora