Capítulo 60

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Na sexta-feira de manhã me acordo e Peter está lá, deitado na minha cama. É uma sensação tão boa vê-lo dormindo ao meu lado, que não tenho palavras para descrevê-la. Mas em breve eu não o teria assim comigo todos os dias, então tínhamos que fazer os nossos dias renderem o máximo possível.

Levanto-me da cama enquanto penso no que eu ainda teria que fazer antes de voltar para Paris. Eu não havia começado a organizar a minha bagagem e sequer havia conferido se o voo continuava marcado para o mesmo horário. Também não havia verificado o meu horário de estágio na Belle Conseil nem se precisaria levar mais algum material novo para o estágio.

A sensação que eu tinha era que as minhas férias haviam durado uma eternidade e um piscar de olhos ao mesmo tempo.

Visto meu pijama que está jogado no chão e vou até o banheiro para fazer o meu ritual de limpeza matinal. Peter aparentemente continua dormindo.

A casa está silenciosa, então pelo horário meu pai e Trina já haviam saído. Kitty com certeza só se levantaria depois das onze horas da manhã, como estava fazendo quase todos os dias durante as férias.

Lavo o meu rosto e ponho o creme dental em minha escova de dentes. Quando a ponho na boca, sinto uma ânsia de vômito incontrolável. Corro até o vazo sanitário e começo a pôr para fora tudo o que eu havia comido na noite anterior.

Continuo vomitando, vomitando e vomitando sem parar. Nunca havia sentido tanto enjoo daquela maneira.

- Covey?! – ouço a voz de Peter quando ele entra no banheiro. – Você está passando mal?

Ele se agacha ao meu lado e acaricia as minhas costas. Eu continuo com o rosto enfiado no vaso sanitário, torcendo para que o meu estômago seja esvaziado o quanto antes.

Quando termino, me levanto, sentindo um mal-estar terrível.

- Você comeu muita bobagem ontem à noite. Acho que foi isso... – ele comenta.

Aproximo-me da pia e lavo a minha boca. A sensação de enjoo não havia passado, mas não havia mais nada a ser colocado para fora.

Eu nunca havia sentido aquilo na minha vida, nem mesmo quando comi um cachorro-quente estragado em um parque de diversões uma vez quando eu era criança.

A lembrança faz com que a ânsia volte ainda mais forte. Empurro Peter para o lado e corro até o vaso sanitário novamente. Dessa vez tudo o que ponho para fora é água e um líquido amarelo ácido.

- Acho melhor você ligar para o seu pai. Você deve estar doente...

- Meu pai? – pergunto.

Meu pai era médico, mas a sua especialidade era ginecologia e obstetrícia.

E é aí que sinto um estalo, como se várias peças de um quebra-cabeça se encaixassem de repente.

O tempo parece passar devagar, enquanto um filme passa na minha cabeça. Primeiro havia esse sono quase incontrolável. E também a fome. A fome que eu estava sentindo não era normal! Lembro-me também que eu estava mais sensível aos cheiros, como na vez em que não suportei o perfume novo de Peter. E ainda haviam os sinais que tinham me enganado, como a sensibilidade nos seios.

- Peter, que dia é hoje? – pergunto.

- Sexta-feira. – ele responde, me olhando com a expressão confusa.

- Não da semana. Do mês. Que dia é hoje do mês?

- Vinte e cinco.

Saio do banheiro e vou correndo até o meu quarto. Pego minha agenda sobre a escrivaninha e começo a folheá-la, passando as páginas do mês de junho.

Para sempre sua, Lara JeanWhere stories live. Discover now