Parte 2

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Percebi que despertava. Eu estava deitada? No começo, ouvia vozes sem muita distinção. Aos poucos fui recobrando a memória e entendendo onde estava e reconhecendo as vozes. Será que eu desmaiei no carro? Não lembro de ter chegado à escola.

- Porque você é tão preocupado, Nanami? - ouvi a voz queixosa e debochada do Gojo - Você chegou a tempo, não foi? Bem como eu calculei.

- Não é essa a questão! Essa garota quase morreu. Devia ter planejado melhor essa missão. Você realmente não liga, não é? - Era a voz daquele homem, o Sr. Kento falava sério, com tom de sermão.

- Não, não ligo! - Gojo falou secamente - Porque no final, tudo deu certo! - ele disse isso quase cantarolando e depois falou sério: - Nanami, chegou para mim que a maldição era de grau 2. A S/N veio transferida da escola de Kyoto justamente para nos ajudar nas missões. Só para garantir, em seguida eu te liguei e pedi para ir lá. Minha intuição estava correta, tem alguém da escola tentando nos matar, passando informações erradas sobre o grau das maldições.

- Você fez essa garota indefesa de isca? - a voz do Sr. Kento estava alterada.

- Sim, mas ... - Gojo não pode terminar porque eu interrompi.

- Indefesa? Pare de falar de mim como se me conhecesse, Sr. Kento. Eu dei conta da maldição de grau maior, não dei? - falei indignada.

Fui me sentando na cama, colocando uma das mãos na costela que queimava e fitei o Sr. Kento dentro dos olhos, tentando impor respeito. Ele tinha os olhos claros e me olhava com surpresa.

Porque diabos eles estavam no meu quarto? Consegui sentar na cama e vi Gojo em pé ao lado da porta do banheiro. Ele estava de uniforme e com a venda nos olhos. Mas eu senti seu olhar penetrar em mim. Gelei.

- Gojo, tem mais! Havia uma maldição de grau desconhecido e ... ela não tinha energia amaldiçoada! Eu sei ... é ridículo eu dizer isso, mas eu não senti a energia da maldição. Ela me pegou desprevenida, eu ... - tentei explicar ao Gojo, ele tinha que entender que essa não tinha sido uma missão comum.

- A Srta. estava com a guarda baixa, por isso ela te acertou! - o Sr. Kento me interrompeu, estava de braços cruzados, o terno não conseguia esconder o quanto seus braços eram fortes. Ele estava encostado na minha mesa de estudos e me olhava muito sério. Aquele olhar de superioridade de novo!

- Pode ser, eu tinha acabado com aquela coisa nojenta e estava pensando em matar você Gojo! Eu ainda vou te matar! Como você pode me fazer de isca, seu merdinha? - eu dava de dedo na cara do Gojo, sentada na cama e ele ria do outro lado do quarto.

- Escutem! Temos dois problemas para resolver agora. - Gojo ficou sério e disse elevando a mão e fazendo o nro dois com ela. - Alguém da escola está tentando eliminar os feiticeiros e nada parecido com isso, que a S/N falou, aconteceu antes. Não com maldições. Precisamos investigar. Nanami e S/N, vocês investigam as maldições sem energia amaldiçoada e eu vou atrás do traíra. Só deve ser coisa daqueles velhos ...

- Gojo, eu ... - comecei a falar com a voz trêmula, mas ele me interrompeu.

- Nanami, dê dois dias para a S/N descansar e investigue isso com ela. - Falou isso enfiando as mãos nos bolsos e foi saindo pela porta. O Sr. Kento o seguiu se despedindo com um aceno de cabeça.

Estava noite já, me levantei com dificuldade e fui até o banheiro. No espelho vi que um lado do meu rosto estava inchado por causa dos socos. Eu estava com bandagens cobrindo os seios e de calça moletom. Já tinha passado pela enfermaria da escola. Eu tinha vários hematomas na barriga e nos braços. Meu pescoço tinha marcas de dedos daquela coisa nojenta. Essa missão tinha sido feroz.

Abaixei os olhos e vi um bilhete com um frasco de comprimidos sobre a pia.

"Tome esse remédio se sentir dores ou ligue na enfermaria da escola, se precisar.". Tomei um comprimido e me encarei de volta no espelho.

Eu teria morrido hoje, se não fosse o Sr. Kento chegar a tempo. Eu ia morrer de uma forma muito humilhante! Não acredito que deixei isso acontecer! Chorei sem emitir nenhum som, só senti a lágrima quente escorrendo pela bochecha até cair na pia. Fui para a cama.

O vazio da morteOù les histoires vivent. Découvrez maintenant