Parte 12

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- Você era namorada do Sr. Suguru, não era? - Nanami perguntou sério.

Ele dirigia e não tirou os olhos da estrada quando me fez essa pergunta cirúrgica. Realmente, ele não fazia rodeios. Eu, pega desprevenida, olhei para ele com os olhos arregalados.

- Essa sua tatuagem nas costas ... foi feita em homenagem a ele? - ele olhou para mim rapidamente e voltou os olhos para a estrada. Ficou em silêncio, esperando minha resposta.

Como era difícil falar do Geto. Engoli seco.

- Sim, eu fui namorada dele. - engoli seco de novo - Acho que homenagem não é uma palavra apropriada para essa tatuagem. Mas sim, ela tem a influência do que eu vivi com o Geto.

O nome dele ecoou nos meus ouvidos e meus ossos doeram novamente.

- Nanami ... eu não quero falar sobre isso. - virei meu rosto para a janela do passageiro e meus olhos encheram de lágrimas.

O que estava acontecendo comigo? Eu achei que tinha superado. Será que voltar aquele lugar estava me fragilizando de novo? Que droga, eu não queria chorar.

Senti Nanami frear o carro e pará-lo no acostamento. Isso me assustou e olhei para ele imediatamente. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha antes mesmo de eu acudí-la.

Ele se virou para mim e puxou meu rosto para perto dele.

- S/N, perdão ... eu ... - com uma das mãos ele enxugou a lágrima. - Eu estou aqui, está bem? Que pergunta idiota a minha, eu só fiquei ... curioso.

- Ou com ciúmes? - dei uma risadinha provocativa e dei um selinho nele.

Eu tinha um jeito muito estranho de lidar com a dor. Ou eu usava o humor ou eu usava o sarcasmo. Ou os dois. Eu conseguia virar a situação e tirar o foco de mim. Não queria que as pessoas percebessem o quanto doia.

- Pode deixar ... - continuei debochada - eu faço uma tatuagem para você também! Só que vou fazer enquanto você estiver vivo. Você vai comigo, na verdade. Talvez eu desenhe aquele sanduíche maravilhoso que voc ...

Ele me puxou e calou a minha boca com um beijo doce. Me abraçou forte e sussurrou em meu ouvido:

- Por quanta coisa você teve que passar, hein? Eu estou aqui, você me ouviu? Eu vou cuidar de você! - me deu um selinho doce e se virou para ligar o carro.

Foi a primeira vez que alguém me enxergou, sem minhas máscaras, depois do Geto. Não importou minha provocação, o Nanami enxergou o que eu lutei para esconder. Fiquei paralisada no banco do carro.

- Talvez dê tempo de passar na padaria e comprar o sanduíche! - ele disse risonho, tentando amenizar o clima.

O vazio da morteWhere stories live. Discover now