Parte 54

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- Cadê a S/N, Gojo? - Nanami me questionou quando viu que fui eu quem apareci no horário de visitas. - Cadê a ... - ele falou bravo e parou.

Ele deve ter percebido pela minha cara. Meus lábios já estavam tremendo em choro e eu não o encarava. Tirei uma das mãos dos bolsos e esfreguei no nariz, que não parava de escorrer de tanto que eu chorei a madrugada inteira.

Eu contei tudo a ele. Sem fazer intervalos, para não cair em prantos ali mesmo. Me segurei firme. Depois, me curvei em reverência e pedi perdão!

- Perdão, Nanami! Eu deixei isso acontecer com a S/N! Foi tudo minha culpa! Eu devia tê-la protegido ... eu sou um idiota!

O Nanami ficou em silêncio absoluto. Eu não escutei nenhuma queixa, nenhuma palavra irada, nenhum xingamento, nada! Aquele silêncio, foi muito pior. Comecei a chorar.

Voltei a minha postura normal e encarei o Nanami. Ele estava com os olhos cobertos de lágrimas e olhava pela janela. A boca dele tremia também. As lágrimas começaram a escorrer em seu rosto. Ele não se moveu para enxugá-las.

Ficamos ambos em silêncio, por um bom tempo. Chorando. Após alguns minutos a enfermeira bateu na porta. Era o clássico sinal de que a visita havia acabado.

Eu comecei a me mover em direção à porta.

- Gojo! - ele disse secamente. - Não foi culpa sua! Não tinha como você ou eu prevermos o que aconteceria com ela.

- Ainda assim, Nanami! - eu disse enraivecido. - Eu poderia ter ficado com ela aquela noite e ter vindo com ela aqui ver você! Não fosse esse meu ciuminho imbecil! Eu estaria aqui quando ela fosse atacada!

- Você é um imbecil mesmo, Gojo! - finalmente ele estava irado. - Até nessa sua autoflagelação inútil! E eu? Eu estava aqui, do outro lado da porta! - as lágrimas caíram de seus olhos e a voz dele ficou trêmula.

- Olha só quem está vindo me julgar por autoflagelação! Você está moribundo, Nanami! Tem um buraco na sua barriga! Nem sentar você pode! O que acha que você ia fazer? - eu gritei com ele, mais irado ainda.

A enfermeira abriu a porta e pegou o climão.

- Senhores ... - ela falou mansamente e saiu.

Eu virei as costas e sai. Não era nossa culpa. Mas ambos estávamos nos sentindo culpados. Maldita síndrome de super-heróis! Somos só uma merda de feiticeiros! Caralho! Só feiticeiros!

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora