Parte 9

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P.O.V: S/N

Resolvi relaxar! Já estava ali mesmo. Liguei no serviço de quarto e pedi um vinho. Eles trouxeram bem rápido, com duas taças. Coloquei um pouco para mim e deitei de bruços na cama, de costas para a porta do banheiro, e comecei a fuçar no meu celular.

Não resisti e fui até as fotos mais antigas. Eu evitava ir lá porque causavam dor. Mas eu precisava ver o rosto do Geto de novo. Quando estava prestes a morrer, o rosto que me veio à mente foi do Gojo! Sentia muito carinho por ele, mas fiquei incomodada que o rosto do Geto não estava lá! Eu o amei tão intensamente. Jurava que pensaria nele até meu último suspiro. Senti culpa e dei uma golada no vinho.

Abri a minha foto preferida dele. Era a preferida porque registrou o olhar que ele tinha quando olhava para mim. Ela eternizou aquele olhar e eu era muito grata por poder vê-lo de novo. Alguém tirou a foto, na verdade. Porque eu estava na foto de frente para ele, colocando as duas mãos em seu rosto para beijá-lo.

Eu gelei e senti uma dor nos ossos. Dei outra golada no vinho. Com o movimento da cabeça para dar a golada, uma lágrima desceu pelo canto do olho.

A próxima foto era dele sentado na beira da cama, de costas pra mim. Toda manhã eu via ele se levantar e sentar na beira da cama. Aquela tatuagem de dragão que cobria as costas dele era a primeira coisa que meus olhos enxergavam.

Toda manhã eu o observava amarrar os cabelos, ainda sonolento, na beira da cama. Aquele movimento de erguer os braços era a coisa mais linda para mim. Ver seus braços e costas fortes e totalmente definidos me enlouquecia.

Algumas vezes, eu ia até seu pescoço, beijava-o por trás e acariciava seu corpo, convidando ele pra voltar comigo pra cama. Algumas vezes, ele se debruçava sobre mim e sussurrava em meu ouvido "Até mais tarde, cookie!". Eu nem abria os olhos de tanto sono. Ele ria baixinho, me dava um selinho bem demorado e partia em alguma missão com o Gojo.

Se eu soubesse que essa felicidade iria durar tão pouco, eu teria aberto os olhos todas as vezes.

Senti de novo aquela dor nos ossos. Era uma velha conhecida. Ela vinha quando eu me recordava do Geto. Dei mais uma golada no vinho e vi que minha taça havia esvaziado.

Me levantei com lágrimas nos olhos e fui encher a taça de novo. Eu estava viva e tive a oportunidade de ver aquelas fotos de novo e me recordar dos momentos maravilhosos que tive com o Geto. Mas ele não voltaria mais. Eu tinha que seguir em frente. Eu estava viva e não sabia até quando.

Peguei a taça cheia e me deitei de bruços de novo na cama. O vinho já estava fazendo efeito e decidi ver algo engraçado na internet para me distrair.

Estava dando risadinhas quando escutei a porta do banheiro abrir. Só virei a cabeça e vi o Sr. Kento saindo do banho somente de bermuda moleton e com a toalha sobre os ombros, enxugando os cabelos. O corpo dele era ... incrível!

Ele se escorou na porta do banheiro enquanto me fitava de bruços na cama com a taça de vinho em uma das mãos. Os olhos derem foram dos meus pés à taça de vinho.

Eu corei e virei o rosto. Mas àquela altura não havia problema de corar ou não. Eu já estava corada por causa do vinho. Quem ia saber a diferença? Dei uma risadinha.

- Tem vinho para você na mesa, Sr. Kento! - apontei com a mão que segurava a taça e voltei minha atenção ao vídeo no celular.

Ele foi em silêncio até a mesa e se serviu. Sentou na cama dele, de costas para mim, discou o nro da recepção e fez o pedido do jantar para nós. Eu espiei de canto de olho aquelas costas enormes. Senti vontade de ir abraçá-lo.

Ele se ajeitou na cama, encostando na cabeceira e olhou para mim.

- Seus olhos estão vermelhos Srta. Saito! - ele disse espantado.

- É o vinho! ... É o vinho! - eu disse descaradamente, erguendo a taça e mantendo os olhos no meu celular. Ele percebeu que eu chorei.

Ele sacou que eu não queria conversar. Tirou um óculos da mala e um livro, se recostou na cabeceira da cama e começou a ler. Eu fui até minha mala e peguei um fone de ouvido, para ver o vídeo sem perturbar a leitura dele. Ficamos ali até o jantar chegar.

Jantamos na mesinha pequena que tinha no quarto. Por causa do vinho, estávamos dando risadas à toa. Ele me contava o quanto o Gojo o irritava e eu me divertia muito com as situações que ele descrevia e com as caretas emburradas que ele fazia. Ficamos ali até a garrafa de vinho esvaziar.

Meu celular vibrou e me levantei para ver o que era.

"Você está bem, meu anjo?". Era uma mensagem do Gojo.

Dei uma risada, me virando para o Sr. Kento, dizendo: - Por falar no diabo ...

- Pede para ele me responder! - ele se levantou e voltou para a cama, colocou os óculos e começou a ler novamente, recostado na cabeceira.

"Estou bem sim. A missão foi um sucesso. Responde o Sr. Kento, por favor, é realmente muito sério Gojo!". Enviei.

"Falo com ele de manhã. Descansem."

"Sexta você vai jantar comigo. Não aceito não como resposta!".

Era dali três dias.

"Serei toda sua!". Enviei.

Droga, o vinho tinha feito efeito mesmo. Escrevi o que pensei, sem refletir. A mensagem ficou muito sugestiva. Estava tentando apagar, mas percebi que o Gojo havia visualizado. Tarde demais.

Sentei na minha cama, de frente para a cama do Sr. Kento, e pensei "Que seja! Deixa ele pensar o que quiser. Eu tenho que viver ... não é?".

Com esse pensamento olhei para o Sr. Kento que estava com os olhos imersos no que estava lendo. Desci meus olhos para sua boca que se mexia em silêncio, acompanhando os olhos na leitura. Desci mais os olhos e reparei o braço forte que segurava o livro sobre a barriga. O seu peitoral e seu abdômen bem definidos se mexiam suavemente para cima e para baixo conforme ele respirava.

Na lateral da sua barriga tinha aquela marca muscular, que descia para dentro da bermuda, em direção à virilha. Eu chamo de "caminho da felicidade". Eu tinha um fraco por homens com o caminho da felicidade bem definido. Era muito sexy. Eu mordi o lábio, sem perceber.

Desci os olhos até as coxas dele, que eram muito grossas. Aquilo estava me chamando.

Olhei para cima e vi o Sr. Kento me olhando por cima dos óculos. Não sei a quanto tempo ele estava vendo meus olhos sobre o corpo dele. Mas não vi nenhum sinal de reprovação da parte dele.

Me levantei e fui em sua direção. Ele me acompanhou com os olhos. Tirei o livro de sua mão e coloquei sobre o criado mudo. Subi na cama dele e me sentei em seu colo.

- Srta. Saito ... - ele sussurrou enquanto eu tirava seus óculos devagar.

Coloquei as mãos em seu pescoço e passei um dos polegares nos lábios dele, bem devagar. Não conseguia tirar os olhos daquela boca.

Me aproximei dela e sussurrei "É S/N ... me chama de S/N.".

O vazio da morteWhere stories live. Discover now