Parte 3

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Acordei cedo, um pouco mais disposta. Entrei num banho quente e depois tomei mais uma dose do remédio. No espelho, meu rosto estava mais desinchado. Refiz os curativos e coloquei um vestido vermelho de flores brancas miúdas, era fácil de vestir. O tempo estava quente e eu estava de folga. Não precisava usar uniforme.

Resolvi passear pela escola de Tokyo, fazia tempo que não andava por ela. Deixei meu quarto e fui caminhando sem rumo. O sol estava agradável nesta manhã e ventava de leve.

Eu quase morri ontem! Se não fosse aquele homem ... Lembrei do olhar de superioridade do Sr. Kento. Aqueles olhos claros. Aqueles braços cruzados. Ele com certeza devia me achar uma amadora. "A Srta. estava com a guarda baixa" ... aquela voz grave e firme.

Dissipei o pensamento e tentei aproveitar ao máximo o passeio. Se eu tivesse morrido ontem, nada disso poderia estar acontecendo.

Andei sem direção até o pátio do prédio da reitoria da escola. Lá tinha um grande gramado e uma linda cerejeira, que fazia uma sombra muito convidativa. Fui andando até lá, me deitei abaixo da árvore. Fiquei olhando o sol por entre os galhos até que meus olhos ficaram cansados o suficiente e eu adormeci ali.

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P.O.V: Nanami

Dentro do prédio da reitoria, na sala do diretor geral.

- OK Nanami, obrigada por trazer seu relatório o quanto antes! Creio que seja melhor seguir as orientações do Gojo. Me mantenha informado. - disse o diretor da escola.

- Estou à disposição! - me despedi com um aceno de cabeça e fui me retirando da sala.

Preferi fazer meu relatório diretamente ao diretor devido às circunstâncias da missão de ontem. O diretor me recebeu no primeiro horário da manhã e agora eu só precisava tomar meu café em paz. Tomara que consiga chegar ao carro sem esbarrar no Gojo.

Ao sair do prédio da reitoria, indo em direção ao carro estacionado, vi um ponto vermelho abaixo da cerejeira que chamou a minha atenção. O que era aquilo? Era ... Srta. Saito! Será que ela está bem?

Apressei o passo, pensando que talvez estivesse desmaiada de novo. Mas conforme ia chegando perto, percebi que ela parecia cochilar. Estava com o rosto calmo. Seus cabelos e seu vestido balançavam com o vento, mas isso não parecia perturbar seu sono. Parei ao lado dela.

Uma rajada de vento fez seu vestido subir e, suas coxas grossas e um pedaço da sua calcinha ficaram à mostra. O corpo dela era ... quantas curvas! Na escola abandonada, eu não reparei bem. Mas em seu quarto, aquelas bandagens apertavam os seios dela de uma forma ... imaginei minhas mãos fazendo aquilo. Foi difícil me concentrar na conversa. Os seios e o quadril dela tinham um tamanho perfeito e as coxas ... eram ... nossa! Subir com minha mão pelo meio das coxas dela e ir afastando suas pernas bem devagarinho ...

Perdi meus olhos no corpo dela, imaginando coisas ...

"O que está fazendo, Nanami?", me recompus e pensei em dar meia volta até o carro, mas já era tarde demais, ela abriu os olhos e me pegou olhando para ela.

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P.O.V: S/N

Despertei do cochilo, sentindo a presença de alguém. Ao abrir os olhos vi aquele homem de terno novamente em pé ao meu lado. Ele estava com as mãos nos bolsos e me fitava com um olhar ... profundo.

- Sr. Kento? - duvidei do que estava vendo. Me sentei com cuidado, esfregando os olhos por causa da claridade.

Reparei que meu vestido tinha subido com o vento e, com um reflexo, o abaixei bem rápido. Percebi que o Sr. Kento virou o rosto em direção ao prédio da diretoria. Depois de alguns segundos, ele falou:

- Srta. Saito, achei que estivesse desmaiada. Mas vi que está bem. Tenha um bom dia. - foi se virando e começou a andar em direção ao estacionamento.

- Sr. Kento, espera! - ele parou e virou o rosto em minha direção - Tenho algo para conversar com o senhor, poderia me dar alguns minutos?

- Pode falar. - ele se virou, veio em minha direção com passos firmes, retirou as mãos dos bolsos, abriu o botão do paletó com uma das mãos e agachou na minha frente, encostando um dos joelhos na grama. Ele me olhava nos olhos com muita atenção.

Pela primeira vez vi seu rosto de perto. Ele era ... muito bonito. Engoli seco. Ele tinha o cabelo loiro penteado para trás, mas ao agachar, alguns fios caíram sobre sua testa. Seu olhar estava suave e vi a boca dele abrindo devagar ... Acho que perdi alguns segundos ali.

- Estou escutando, Srta. Saito! - ele disse suavemente, olhando para minha boca e depois voltou seus olhos nos meus.

Estremeci com aquela voz e voltei à realidade.

- Sr. Kento ... eu quero agradecer por ter salvo a minha vida ontem. Aconteceram tantas coisas e não lhe agradeci apropriadamente. Então, muito obrigada! - mudei minha posição com dificuldade enquanto falava, me ajoelhei em frente a ele e me curvei em sinal de reverência.

O gesto foi automático. Minhas mãos pousaram sobre a coxa dele, que estava apoiada na grama, e minha testa encontrou as minhas mãos. Só então percebi meu erro. Eu estava com o rosto no colo do Sr. Kento! Olhei pra cima corada e o Sr. Kento me olhava sem reação.

Percebi que ele emudeceu. Removi minhas mãos de sua coxa rapidamente e voltei a posição de joelhos.

- Olha só! A Srta. "não fale de mim como se me conhecesse" me agradecendo. Interessante! - agora ele dava um sorrisinho de canto de boca malicioso. - Venha comigo!

Ele pegou um dos meus braços, me ajudou a levantar e em seguida segurou meu pulso me puxando em direção ao carro. A mão dele era firme.

- Eu preciso descansar! Para onde está me levando? - resmunguei.

- Tenho certeza que você pode tomar café da manhã em seu dia de descanso, não pode, Srta. Saito? - ele respondeu sem me olhar, como se não quisesse abrir margem para negociação.

O vazio da morteWhere stories live. Discover now