Parte 22

873 103 5
                                    

Ao entrar pela porta, vi sentados o diretor da escola e o Gojo. Ele estava sentado de forma espaçosa no sofá e tinha aquele sorriso de moleque insolente. O diretor estava raivoso.

- Entre e sente-se, por favor, Srta. Saito! - o diretor falou secamente, mas tentando ser educado.

- É, sente-se, S/N! - Gojo olhou para mim e sorriu. Dessa vez tinha malicia em seu sorriso.

- Licença. - escolhi uma poltrona que dava de frente para o diretor e fiquei de lado para o Gojo.

Teci meu relatório ao diretor, ocultando a parte que o Gojo e eu fizemos sexo e do ritual de "eu te amo". Ocultei também a parte do rastro da maldição e que solicitei as imagens das câmeras. Minha intuição pediu.

Basicamente o diretor entendeu que eu sai jantar com o Gojo e que alguém com ciúmes resolveu fazer alguma brincadeira idiota e se passar pelo Geto.

- Ah, a juventude ... - ele disse de forma patética - Crianças, me tragam problemas de verdade. Podem ir!

Não o culpei. Da forma que descrevi a situação, com as informações que passei, parecia algo frívolo mesmo.

Gojo e eu nos levantamos e saímos.

-----------

- Você não contou tudo a ele, não é? - Gojo andava ao meu lado pelo corredor, com a mão nos bolsos. Sua voz estava séria.

- Queria que eu dissesse tudo que aconteceu? Acha necessário? - o questionei um pouco zangada.

- Não estou falando disso! Por que não falou sobre o rastro?

- Você sabia? Por que não veio falar comigo? - eu o questionei surpresa.

- Eu te digo o mesmo! - ele parou e se curvou enfiando o rosto no meu, me fazendo parar bruscamente. Dava para sentir o olhar penetrante dele por debaixo da venda.

- Te disse que EU iria investigar isso! - enfatizei a palavra "EU" encarando-o zangada.

- Você não deveria fazer essas caras bravas por muito tempo. Isso dá rugas! - ele riu e voltou a andar.

- Seu moleque ... - apertei o passo para alcançá-lo.

- S/N, podemos trabalhar em equipe ... eu tenho minhas obrigações, mas você pode me chamar a qualquer momento. Eu ... fico preocupado com você. Você não ficou bem aquele dia. - mesmo com a venda, dava pra sentir ele me olhando de canto de olho, preocupado em sua fala.

- Não acreditoooooo! - dei um salto de surpresa, levando a mão na boca e ele parou e me encarou espantado.

- O quêeee? - ele olhava em volta.

- Gojo Satoru ... o todo poderoso Sr. Gojo Satoru ... sendo todo ... fofo! - abracei minha barriga e comecei a gargalhar.

- Sua insolente! - ele ficou encabulado.

Eu ria demais. Ele pegou meu pulso e me puxou para perto dele com um solavanco.

- Só te perdoo porque me chamou de todo poderoso! - seu rosto estava muito perto do meu - Aliás, naquele dia, eu também não fiquei nada bem depois que você saiu. Você me deixou ... digamos ... esperando mais.

A boca dele me chamava. Corei.

- Ah, entendi agora! - ele falou colocando as mãos atrás da nuca. Começou a andar de novo. - Aquilo foi porque eu te fiz engasgar, né? Que vingança mais suja a sua! - ele fazia cara de reprovação.

- Eu quase morri, seu filho da p ... - falei com os dentes rangendo.

- De novo essa conversa de quase morte, S/N? Muda o disco! - lá na frente, ele falou isso sem olhar para trás e continuou andando com as mãos no bolso.

Apertei o passo de novo e o alcancei. Peguei no braço dele e continuamos a caminhar pela escola. Ele tinha um leve sorriso e eu também. A gente se divertia muito juntos.

- Hein, o que você estava fazendo lá, com o diretor? - perguntei curiosa.

- Eu descobri que foi ele quem ordenou ao traíra para manipular as informações dos graus das maldições.

- Como assim, Gojo? - arregalei os olhos. - Por que?

- Fui lá tentar descobrir, mas aquele velho é liso. Não se preocupe, eu ameacei matá-lo se ele não me contasse. Só que você chegou bem na hora ... - ele dizia isso como se estivesse me passando uma receita de bolo.

- Gojo ... tome cuidado! Ele é do alto escalão ... não deve ser à toa. - fiquei preocupada.

- Olha só quem está sendo toda fofinha agora! - falou isso fazendo biquinho e apertando minhas bochechas. - Tenho que ir andando, mais tarde te mando mensagem.

Mas continuou apertando minhas bochechas por mais algum tempo.

- Você não tem que ir? - tentei falar com as bochechas comprimidas. - Go ... joooo ....

- Ah eh! - ele soltou minhas bochechas e dava tapinhas leves nelas como se quisesse ajeitá-las no lugar - Até mais tarde!

Ele dobrou um corredor e eu segui meu caminho.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora