Parte 32

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Chegamos ao hospital. Ele era enorme e possuía várias entradas. Havia viaturas e sirenes ligadas por toda a extensão daquela entrada. Parece que o quadro tinha se instalado somente naquela ala. Uma equipe nos recebeu e nos deixou entrar.

- S/N fique muito atenta! - Nanami me alertou - Não sai do meu lado!

Ao dizer isso, ele foi atirado bruscamente contra uma parede! Algo o acertou e ele nem percebeu! Eu olhei assustada e vi que havia uma maldição de grau 1 bem na minha frente. Ela tentou me acertar mas eu previ o golpe e o bloqueei. Revidei com um chute na cabeça e ela voou longe.

Acionei o congelamento e consegui segurá-la por alguns instantes. Estava quase perdendo o controle, quando o Nanami pulou e esquartejou seus membros. Se colocou sobre ela e desferiu vários golpes, eliminando-a.

Chegaram mais maldições de níveis mais baixos. Algumas eram exterminadas com um único golpe e outras exigiam mais de nós. Lutamos sem parar até escurecer.

Já estávamos cansados. Um apoiado nas costas do outro e as maldições não acabavam de chegar. Havia umas 10 ao mesmo tempo ainda no cômodo e mais estavam no corredor a frente.

- Só mais um pouco, S/N! - Nanami estava ofegante.

- Vamos! Eu consigo! - falei determinada.

Depois de acabarmos com elas, adentramos mais o hospital. Agora havia silêncio total e vários corpos humanos no chão. O vermelho do sangue contrastava com as paredes e pisos brancos do hospital. A coisa tinha sido feia.

Minha adrenalina estava a mil. Não consegui me abalar. Permaneci alerta e vigilante ao lado do Nanami.

Ao chegar a uma espécie de sala de espera, demos de cara com 3 maldições. Não as percebemos antes porque elas não tinham energia amaldiçoada.

Na verdade, seus corpos ainda tinham traços humanos. Como se a transformação não estivesse completa. Havia pedaços de pernas e braços e pele se misturando com a textura asquerosa das maldições.

- Que droga! - Nanami esbravejou. - S/N eles não são mais humanos. Mate-os! Não hesite! - ele correu sobre uma delas e desferiu um golpe fatal.

Sem hesitar, ele se virou para a outra e a cortou em pedaços.

Os pedaços de corpos caíram no chão, mortos. Havia sangue humano ainda, misturado com aquela gosma nojenta. Fiquei horrorizada com a cena.

Escutei um berro horrendo da última maldição que sobrou. Ela pulou enfurecida sobre o Nanami e o atingiu na barriga. Ela tinha uma mão em forma de lâmina e o perfurou gravemente ao lado do umbigo. A lâmina atravessou seu corpo e apontou do outro lado com sangue sobre ela.

- Nãoooooo! - eu gritei com todo o ar que eu tinha nos pulmões.

A maldição se virou para mim e arrancou a lâmina da barriga do Nanami num lance rápido. Ele caiu no chão praticamente desacordado. Não se levantava. A maldição veio em minha direção e eu comecei a dar passos para trás, me preparando para ser atacada.

- Meus pais ... vocês mataram meus pais! - uma voz rouca e enfurecida saiu da boca da maldição.

Arregalei os olhos. Ele ainda estava consciente? Ainda tinha humanidade ali?

Meu corpo gelou quando notei uma tatuagem de buda na altura do pescoço da maldição, na parte que ainda era pele humana. Não podia ser ...

- Takashi é você? - eu gritei assombrada.

A maldição parou. Aquilo eram lágrimas em seus olhos?

- S/N? - ele sussurrou grunhindo. - S/N o que é isso tudo? Meus pais ... mortos! - ele se ajoelhou.

Nanami permanecia caído no chão e havia muito sangue ao seu redor.

- Nanami! - eu gritei tentando chamá-lo - Responda!

- O que aconteceu, Takashi? - corri em sua direção e parei hesitante, eu não devia me aproximar tanto, era perigoso.

- Um homem ... aproximou ... tocou ... pais ... monstros ... depois eu ... S/N ... - ele já não juntava muito bem as palavras na frase.

- Takashi ... - eu comecei a chorar de desespero, não sabia o que fazer.

- Mahito ... homem ... Mahito! - seu corpo começou a chacoalhar e ele perdeu a forma humana que restava - Me mate ... S/NNNNNNNNNNNNNNN! - foi a última coisa que ele disse.

Com a transformação completa, ele se levantou e pulou em minha direção. Não tive escolha. Lutei com ele e o matei. Dei uma morte rápida para ele.

Quando consegui respirar, eu caí de joelhos no chão em prantos. Meu corpo mal me respondia. Mas comecei a me levantar, tropeçando e fui em direção ao Nanami. Meus olhos estavam turvos de tantas lágrimas, eu mal enxergava.

"Takashi! Meu Deus era o Takashi!". Eu soluçava chorando, mas eu não podia pensar nele agora. O Nanami precisava de mim.

Senti a presença de mais maldições ao meu redor. Apareceram no corredor à direita, das profundezas do hospital. Eram de níveis baixos, mas eram muitas. O que tinha acontecido ali para ter tantas maldições assim?

Fiquei de pé com dificuldade, em frente ao Nanami, para protegê-lo e me preparei para morrer lutando. Minhas pernas tremiam. Eu estava no meu limite.

Tentei acionar o congelamento, mas ele não teve efeito. Ia ser no braço mesmo. Andei em direção à maldição mais próxima. Ergui a mão para acertá-la com um soco e fui jogada para trás com violência. Cai na parede atrás do Nanami. O ar me faltava.

Foi uma rajada de vento muito forte que me fez voar contra a parede. Havia uma claridade que me cegou por instantes.

Quando olhei, havia um buraco na parede da sala de espera do hospital e as maldições haviam sumido. Havia um rastro de destroços no chão, que adentrou o corredor de onde vinham as maldições. Olhei para cima da minha cabeça e percebi um vulto entre a fumaça que havia sido levantada.

Gojo? Era ... o Gojo?

- Mas se não sou eu, hein, S/N! - ele sorriu debochado e logo fechou a cara percebendo a gravidade da situação do Nanami.

Ele o ergueu no ombro, me pegou pela cintura e voou dali.Literalmente voou. Eu tinha me esquecido que o Gojo tinha essa habilidade.

Nos deixou na porta de uma emergência, numa das alas do hospital que estava ativa. Vi os enfermeiros chegando e socorrendo o Nanami. Enquanto alguns outros se debruçaram sobre mim e me examinavam.

- Nanami ... - eu falei com a voz fraca, vendo a maca sair.

- Por favor, cuidem deles! Preciso voltar lá! - Gojo me olhou de canto e saiu.

O vazio da morteWhere stories live. Discover now