Parte 58

512 62 4
                                    

- S/N, querida! Acorde, por favor! - era a voz tranquila do médico.

Eu fui abrindo os olhos e o fitei no meu campo de visão. Ele sorriu para mim, examinando meus olhos e cabeça.

- Está se sentindo bem? - ele falou docemente.

- Acho que sim ... só minha cabeça ... está pesada! - eu resmunguei um pouco.

- Não se preocupe, isso logo vai passar! Hein, você tem visitas! Acha que pode conversar um pouco?

Eu assenti com a cabeça.

- Senhores, vocês têm 15 minutos! Não alterem o estado da paciente! - vi o médico falando com pessoas ali no quarto. Ele falou de forma séria, enquanto uma mão estava sobre minha cabeça e a outra segurando minha mão esquerda. Isso era tão reconfortante.

- Já sei, já sei! - escutei a voz debochada do Gojo. Ele parecia ansioso.

O médico me soltou e saiu. A cabeça do Gojo entrou no meu campo de visão. Ele estava com os cabelos sobre os olhos, aquele óculos de sol e um sorriso largo na cara. Aquele sorriso travesso que me fascinava.

- Oláaaaaaaa, meu anjo! - ele disse alegremente. - Como você está?

- Oi ... Gojo! - eu tentei falar rápido, mas não consegui. Fiz uma pausa. - Como é bom te ver! - levei a mão ao rosto dele.

- É sim! É muito bom te ver, S/N! - ele colocou a mão dele sobre a minha e a apertou contra sua bochecha.

Ficamos alguns segundos nos olhando. Eu não entendi bem o porquê, mas meus olhos se encheram de lágrimas. Mesmo assim, eu estava sorrindo. Estava muito feliz em vê-lo.

Alguém pigarreou de forma desconfortável.

- Ahhh, S/N! Olha só quem está aqui para te ver! - O Gojo deixou minha mão no ar e saiu do meu campo de visão.

Senti uma mão pegar a minha, de forma firme, mas delicada. A pegou de forma firme com uma mão e acariciou com a outra. Vi o Nanami entrando no meu campo de visão. Aquilo fez meu coração saltar. Escutei o bip do monitor de sinais vitais disparar.

- Nanami! - eu só consegui dizer o nome dele e comecei a chorar copiosamente.

Ele estava bem! Já tinha saído do hospital! Estava em pé na minha frente. Não acreditava! Isso era muito bom! Ele estava impecável, como sempre. Ele tinha um olhar doce, mas seus olhos estavam cheios de lágrimas, prontas para escorrerem.

- Não chore, S/N! - ele disse suavemente.

Se curvou sobre o meu rosto e levou uma das mãos à minha testa, acariciando ela e meus cabelos juntos. A outra mão ainda segurava a minha, encostando-a ao seu peitoral curvado sobre seu corpo. Uma lágrima escapou dos olhos dele e caiu na minha bochecha. Ele a enxugou rapidamente e voltou a afagar meus cabelos.

- Você já saiu do hospital! - eu afirmei lentamente. - Você está bem? - eu sorria e chorava ao mesmo tempo.

- Sim! - ele sorriu. - S/N, se acalme está bem? Escute o monitor. Está alterado! Se continuar assim, o Dr. Takahashi vai voltar aqui e nos mandar embora. - aquela voz grave e sedutora do Nanami entraram pelos meus ouvidos me acalmando.

- É S/N! - escutei o Gojo resmungar perto do leito. - Dá um jeito aí nesse coração! Que parece que só bate pelo Nanami! Não ouvi fogos de artifício quando você me viu! - sua voz parecia emburrada e repleta de ciúmes.

- Ele está de braços cruzados e emburrado, não está, Nanami? - eu provoquei o Gojo.

O Nanami olhou para trás, para os pés do leito, e fitou o Gojo do jeito que eu acabara de descrever. Vi um sorriso debochado no rosto do Nanami. Ele voltou o rosto para mim e assentiu com a cabeça. Rimos baixinho, como cúmplices.

- Vocês dois se merecem! Ahhhh ... - ele resmungou. Havia diversão na sua voz.

Nós três demos risada.

- S/N, me conte ... - o Nanami começou a falar de forma séria.

- Nanami! Não! - o Gojo o repreendeu. - Não é o momento!

Alguns segundos de silêncio. O Nanami estava sério.

- Aposto que a primeira coisa que fez, quando teve alta, foi ir comer seu sanduíche preferido, não foi, Nanami? - eu o questionei curiosa.

- Não, S/N! Eu ... eu estava esperando você para comermos juntos! - ele fez uma pausa. - A primeira coisa que eu fiz, foi vir aqui te ver. Eu e o Gojo viemos todos os dias! - ele falou de forma carinhosa, com a voz meio trêmula.

- Todos os dias? Quantos dias eu fiquei no hospital? - olhei para o Nanami, um pouco confusa.

- Na verdade, você esteve em coma por quatro semanas, S/N! - ele me disse acariciando minha cabeça e olhando os movimentos dos seus dedos. - Nós ... - ele pigarreou. - nós não sabíamos se você iria acordar! - a voz dele tremeu e uma lágrima escorreu dos olhos dele. Ela foi até o meio da bochecha dele e pingou no meu pescoço e escorreu para a minha nuca. - Mas aqui está você! Firme e forte! - ele olhou profundamente nos meus olhos e tentou sorrir.

Eu estava incrédula! Eu tinha ficado tanto tempo assim no hospital e em coma? O que tinha acontecido?

- O que aconteceu comigo? O médico ... ele disse que eu bati a cabeça ... - eu comecei a falar um pouco nervosa, porque não conseguia processar e trazer à memória o que havia acontecido.

- Não se esforce, S/N! - o Gojo falou firmemente. - O médico nos explicou que é comum haver um pouco de confusão e você não se lembrar. Mas isso não é importante agora, certo? ... Certo, Nanami? - havia repreensão em sua voz. - Vamos tentar descobrir com eles quando você vai ter alta? - ele passou para uma voz mais animada.

O Gojo apareceu no meu campo de visão, ao lado da cama e do Nanami. Pegou o telefone que estava ao lado do leito e pediu para falar com o Sr. Takahashi.

- Você ensinou a ele direitinho, S/N! Sobre não falar de assuntos pesados na primeira visita! Tanto que ele está até me corrigindo! Percebeu? - O Nanami debochou do Gojo.

Parecíamos pais orgulhosos dos feitos do filho. Rimos de forma divertida da cara que o Gojo fez, enquanto esperava o médico na linha, indignado com o comentário do Nanami.

O vazio da morteWhere stories live. Discover now