Parte 36

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P.O.V: S/N

Eu estava fazendo um buraco no chão de tão ansiosa que eu estava para entrar e ver o Nanami. Depois que fizemos nossas fichas, pareceu uma eternidade o tempo que aguardamos a enfermeira nos liberar.

- Vocês tem 15 minutos! Não alterem o estado do paciente, por favor. - a enfermeira nos alertou.

Eu mal ouvi. Entrei no quarto e procurei o Nanami com os olhos. Ele estava deitado no leito, estava mais magro. Mas estava corado.

- Nanami ... - havia alegria na minha voz, mas ela saiu trêmula com meu choro.

Ele me olhou e sorriu. Como era bom ver aquele sorriso de novo.

- Não chora ... S/N! - ele falou devagar vendo minhas lágrimas começarem a cair.

Eu debrucei sobre o seu braço e chorei copiosamente.

O Gojo se encostou próximo a janela e cruzou os braços.

- Por que está aqui? - Nanami falou sério olhando para o Gojo.

- Credo Nanami! - Gojo se revoltou - É assim que você fala com quem salvou sua pele? - um sorrisinho apareceu ao lado da boca.

- Eu não ... lembro de muita coisa depois de ser atingido. - Nanami olhou para mim. - Se for verdade, obrigado Gojo! - ele o fitou de canto de olho. - Me contem o que aconteceu!

Eu enxuguei as lágrimas com a manga da blusa. Gojo se prontificou a passar os detalhes do que havia acontecido. Explicou sobre o Takashi e sobre o Mahito. Eu fiquei calada, vendo as expressões do Nanami.

- Entendo! - Nanami fez uma pausa. - Preciso te passar as informações da Mei Mei. Eu cometi o erro de não fazer o relatório na hora e se eu morresse ...

- Eu iria atrás da informação, não se preocupe! - Gojo se adiantou. - S/N nos dê licença, por favor! - ele me pediu de forma seca.

- O que? - eu não estava acreditando.

- Preciso falar em particular com o Nanami. Por favor, espere lá fora. - ele desencostou da parede da janela e ficou em pé no pé do leito, ainda de braços cruzados.

- Mas ... - eu apertei a mão do Nanami mais forte. Estava segurando ela desde que havia chego.

- Vai, S/N! Amanhã você vem me visitar de novo. - Nanami estava sério. Achei melhor deixar os dois conversarem.

- Você está bem, não está? - eu me debrucei e dei um beijo em sua testa.

Parei o rosto bem perto do dele e fiquei tão feliz por aqueles olhos claros me olharem mais uma vez. Retribui com um olhar doce. Minha mão foi até seu rosto e eu o acariciei. Era a primeira vez que eu sentia a barba por fazer no rosto dele.

Ele assentiu com a cabeça. Me olhava com carinho naquele momento.

Gojo virou o rosto. Pigarreou incomodado.

Olhei enfurecida para o Gojo e sai batendo o pé. Eu ia ter uma conversa séria com ele, quando ele saísse. Ah, se ia! Eu não fiquei nem cinco minutos com o Nanami!

Encostei a orelha atrás da porta, para tentar escutar a conversa. Aquela altura eu já estava curiosa. Mas era difícil escutar os dois.

Me frustrei e procurei um banco para me sentar. Enquanto caminhava, senti aquele arrepio conhecido na nuca e meu celular vibrou ao mesmo tempo. Eu gelei.

Parei no meio do corredor e olhei meu celular atônita:

"Você está dando para esses dois caras, cookie?

Virou mesmo uma vadia depois que eu parti, não é?"

Número desconhecido, de novo.

Por um segundo, meu sangue ferveu. Mas lembrei do Gojo me falando para raciocinar. Por que alguém se passaria pelo Geto? Com qual intuito?

Olhei ao redor. Não vi nada suspeito. Alguém nos observava, isso estava claro. Bastava saber quem era e de que forma.

"Seu covarde!". Respondi a mensagem e bloqueei o número.

Meu coração pulava pela boca.

Me lembrei do restaurante! Ainda faltava receber as imagens daquele dia. Liguei na hora para eles. Aqueles filhos da puta deixaram para lá!

- A senhorita não entrou mais em contato! Achamos que havia encontrado a pulseira! - a pessoa do outro lado da linha dava uma desculpa esfarrapada, na maior cara larga.

- Se vocês não me enviarem essas imagens, eu vou até a mídia! Vocês tem no máximo 3 dias! Quero ver vocês provarem que eu sai do restaurante com a pulseira! Porque eu não sai! - eu falei com a voz alterada. - Eu vou acabar com a rede de vocês! - desliguei o telefone furiosa.

Eu juntei tudo! Eu estava furiosa com o Gojo! Estava furiosa com a mensagem desse covarde que se passava pelo Geto! Descontei tudo naquela pessoa do restaurante. Por um lado foi bom, meu blefe pareceu mais real.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora