Parte 72

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Sai correndo pelo corredor extenso, pedindo licença às pessoas, angustiada. As lágrimas tentavam embaçar a visão, mas eu as removia rapidamente. Meus olhos estavam atentos procurando distinguir o Nanami na multidão.

Era um chute, mas ele poderia estar na estação de trem. Ele poderia ter decidido viajar naquela noite. Me lembrava do nome da estação, das anotações sistemáticas que ele fez no celular e me mostrou na padaria. Mas não sabia qual seria o portão. A estação era enorme.

- Droga Nanami! Cadê você? - eu resmungava entre os dentes.

Corri por uns quatro portões e nada de vê-lo. Comecei a desacelerar o passo, olhando para trás, duvidando dos meus olhos, se poderia ter deixado passar algo. Será que ele ficou para trás e eu não vi?

Continuei andando. Eu iria até o último portão.

- Fique atenta, S/N! - eu me repreendia.

Haviam muitas pessoas naquela noite. Era uma sexta, normalmente as estações ficam mais lotadas mesmo. Meus olhos percorriam aqueles corpos, procurando alguém com o perfil do Nanami.

Parei de repente, quando vi ao longe um homem loiro parado, perto da linha amarela. Ele estava com a cabeça baixa, olhando o celular, e vestia um sobretudo preto aberto sobre o terno. Imponente! Era o Nanami! Ao lado dele havia uma única mala preta, discreta. Estava parada ao lado do seu corpo, próximo aos pés.

Não pensei duas vezes, saí correndo em sua direção, gritando o seu nome, como louca!

Ele olhou assustado em minha direção e quando me viu, seus olhos se arregalaram. Ficou paralisado, com o celular em mãos, até eu chegar perto dele.

- Na ... na ... miiii ... - eu me curvei sem fôlego na frente dele. As pessoas ao redor olharam, mas logo depois voltaram para suas próprias vidas.

- S/N ... o que ... - ele se virou para mim me ajudando a voltar à postura.

- Onde você pensa que vai? Seu imbecil! - eu gritei nervosa com ele e puxei o ar mais uma vez, estava muito ofegante. - Você ia sem mim? Por que não atende a merda do celular? - puxei o ar mais uma vez.

- Eu pensei que ... - ele olhou o celular, ainda atônito.

- Seu idiota! Você ia me deixar? - eu batia com força no peitoral dele com as mãos cerradas. - Nunca mais faça isso! - comecei a chorar copiosamente.

Naquele momento me senti desamparada. Ele ia me deixar, como o Geto, sem aviso, do dia para a noite? Cobri o rosto com as mãos, tentando me acalmar.

Ele deu um passo em minha direção e me abraçou. Seus braços envolveram meus ombros e eu enfiei o rosto entre a abertura do sobretudo, agarrando o paletó que estava por baixo. Aquele perfume. Ele ia sair da minha vida, assim?

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora