Parte 65

508 52 26
                                    

- Vamos sentar nas mesas externas? - eu puxava o Nanami pelo braço na padaria. - Está um dia tão gostoso!

Ele se divertia com a minha animação, mas ainda se portava seriamente. Escolhemos uma mesa e a atendente logo chegou. O Nanami tomou a palavra e pediu o de sempre para nós dois. Eu escorei minhas mãos no queixo e fiquei admirando aquele homem fazer o pedido.

- Porque se sentou aí? - ele me questionou surpreso, assim que a atendente saiu.

- Como assim? - estávamos de frente um para o outro, separados pela mesa.

- Sente-se ao meu lado, por favor! - ele recostou na cadeira, cruzando os braços, ranzinza.

Me levantei rindo da cara emburrada dele. Me sentei ao seu lado e sem pensar peguei seu queixo com uma das mãos e trouxe até minha boca. Ele foi pego de surpresa com o gesto. Mas retribuiu com um beijo lento e doce.

- S/N ... - ele sussurrou ... - eu senti muito a sua falta! De verdade! - ele me deu vários beijinhos nos lábios, sorrindo.

Eu me perdi naquele sorriso. Uma mão dele segurava meu rosto e eu automaticamente coloquei a minha sobre seu pulso, acariciando-o. Não queria que esse momento terminasse nunca.

Percebemos que a atendente se aproximou quando escutamos o barulho da bandeja bater na mesa. Nós soltamos e a agradecemos.

- Ai que delícia, Nanami! - eu estava realmente empolgada para comer o sanduíche.

Ele ria divertido enquanto me passava o lanche. Sem pensar muito eu o abocanhei e fechei os olhos. Que explosão de sabores! Uma memória afetiva tinha acabado de se criar. O cheiro, textura e gosto desse sanduíche subiram no meu conceito. Estar ali com o Nanami vivendo esse momento, ahh .... era indescritível! Abri meus olhos, eles transbordavam de lágrimas.

O Nanami nem tinha mordido o lanche dele ainda. Ele estava parado sobre uma das mãos, me olhando comer, com um sorriso bobo. Qualquer um que olhasse diria que éramos namorados. Eu ri de boca cheia e as lágrimas escorreram.

- Nossa, está tão bom assim? - ele riu debochado, enxugando as minhas lágrimas com o polegar.

- Nanami ... - eu disse de boca cheia. - isso tudo é muito, muito especial! É indescritível! - engoli um pedaço do lanche. - Eu estou muito feliz! - chorava e ria ao mesmo tempo.

- Então o sanduíche está bom mesmo! - ele exclamou, rindo ainda com a cara de bobo.

- Não! ... digo ... você! Eu ... - coloquei o lanche na bandeja e me aproximei dele.

Ele corrigiu a postura na hora que viu eu me aproximar e seu olhar ficou imerso no meu.

- Nanami ... - eu levei minhas mãos ao rosto dele e como na primeira vez que nos beijamos, eu passei o polegar lentamente sobre seus lábios. Ele não tirou os olhos dos meus.

Fechei os olhos e desci a boca em seu pescoço. Dei um beijo quente e molhado nele. Senti o gosto do perfume. Beijei seu queixo suavemente. Beijei um lado da bochecha e depois o outro. Ele estava ofegante e uma lágrima escorreu pelo canto do olho dele.

- Você sabe o que isso significa, não sabe? - aquela altura ele já devia estar ciente sobre o ritual.

Ele assentiu com a cabeça, sem tirar os olhos dos meus. Limpei a lágrima do seu rosto e fui descendo minha boca na dele.

- Espera, S/N! Quero fazer isso junto com você! - aquela voz grave e incisiva me paralisou.

Ele desceu o rosto em meu pescoço e me beijou docemente. Levou a boca em meu queixo e o beijou me olhando fundo nos olhos. Me deu um beijo suave em uma bochecha e depois na outra.

Parou o rosto bem em frente ao meu e, ambos nos movemos ao mesmo tempo, nos beijando. Aquele beijo foi diferente. Não havia só paixão, não havia só carinho. Havia amor ali. Havia uma ânsia por estar colado a outra pessoa para sempre! Nos beijamos docemente, de forma lenta e quente. Perdemos a noção do tempo.

- Acho que chegou o momento de eu cobrar minha dívida. - seu hálito quente batia nos meus lábios.

- Dívida? - eu o olhei sem entender, parando o beijo.

- Sim! A de salvar sua vida! Eu disse que apareceria uma ótima oportunidade para cobrá-la, não disse? - ele riu maliciosamente.

- Eu pensei ... aquela noite no hotel ... que já estava paga! - eu falei meio envergonhada.

- Pensou errado, sua pervertida! - ele ria da situação. - Eu não disse que estava liquidada, disse? - me olhou com aquele olhar de superioridade de novo.

- Não, mas ... - eu ri sem graça.

- Faz um tempo que eu estou pensando em tirar férias, S/N! Sair um pouco do mundo jujutsu, entende? - ele me soltou, pegou o lanche dele e deu uma mordida caprichada. - Quero ficar uns dias na praia, torrar no sol, me entediar na areia ... ler bons livros, essas coisas! - ele falava de boca cheia.

Vi que era sério. Peguei meu sanduíche e comecei a comer também, atenta ao que ele falava.

- Naquele dia, aqui, senti uma vontade absurda de te convidar para ir comigo. Você me fascinou muito, S/N! Eu não entendi bem, até pouco tempo, mas eu já estava aos seus pés desde aquele dia. - ele abocanhou mais um pedaço do sanduíche.

Eu parei de comer. Engoli em seco. Congelei meu olhar nele.

- Eu confesso que depois que eu descobri sobre o Gojo, eu fiquei com muito ciúme. Pensei em desistir de você. Afinal, convenhamos, era o Gojo! Todas as mulheres se derretem por ele! Não sei porquê, ele é um idiota! - exclamou com muita certeza e continuava falando de boca cheia. - Mas eu fui vendo que você não era como todas as mulheres, S/N! - ele me olhou docemente, tinha molho na sua bochecha. - Então eu decidi que iria lutar por você ... como eu te disse em Shibuya ... debaixo daquela ducha quente ... você lembra?

Eu assenti com a cabeça e sorri com a lembrança. Levei meu polegar no rosto dele e limpei o molho em sua bochecha. Nunca tinha visto o Nanami falar tanto num único dia. Ele sempre teve uma postura confiante e madura emocionalmente. Nunca foi fácil saber o que ele pensava. Mas nesse momento, ele parecia nervoso e estava mostrando para mim o que realmente pensava. Ele confiava em mim.

- Quando eu fui ferido gravemente, a minha vida passou na minha frente e ... e eu não vi motivos para não entrar de cabeça nesse relacionamento com você! Eu ... de certa forma, eu só estava esperando você decidir o que queria para si! - ele engoliu um pouco de água, parecia mesmo nervoso. - Aí aconteceu o que te aconteceu! - ele fez uma pausa. - Eu quase perdi você! Aqueles dias foram uma agonia sem fim. Não sabia se você iria acordar ou não! Eu quase enlouqueci, S/N! Eu não tive nem a chance ... - os olhos dele encheram-se de lágrimas. - Eu fui te pegar no hospital, iria te trazer aqui e iria te propor isso, mesmo sem saber ao certo o que você iria responder! Pela primeira vez eu iria fazer algo sem calcular muito as variáveis! - ele riu nervoso. - Aquele monitor disparado, quando você me viu ... aquilo me motivou! O ritual ... isso me motivou, mais do que nunca!

- Nanami ... - eu o interrompi, puxando ele pela gravata. - Não precisa falar mais nada! É óbvio que eu vou com você! - eu falei docemente, rendida a ele.

Ele sorriu aliviado e, em segundos, voltou a postura confiante do Nanami sedutor. Ele cerrou os olhos e me beijou lentamente. Colocou sua mão sobre minha nuca e segurou meu rosto com a outra.

Eu estava decidida a traçar o meu próprio destino. Viver esse novo ciclo intensamente, aberta a tudo o que a vida tinha para me oferecer! E ela me ofereceu o Nanami! Eu seria louca se recusasse!

Começamos a fazer planos para a viagem. Como um casal de namorados comum. Nosso lanche havia esfriado, mas comemos mesmo assim.

Eu ria observando o quanto o Nanami era sistemático. Ele mostrou um checklist em seu celular de pontos turísticos para visitar, restaurantes, hotéis, coisas para levar e fazer. Ele era muito organizado. Talvez lá na frente, eu me irritaria com essa organização toda, mas ... eu queria isso!

Decidimos partir no final de semana. Não havia motivos para adiar.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora