Parte 23

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No fim do dia, voltei ao meu quarto, tomei uma ducha quente e coloquei um vestido confortável. Estava cansada e bem frustrada com o decorrer da investigação.

Sentei na cama e comecei a ler um livro. Eu tentava prestar atenção, mas não conseguia.

Minha mente estava em Nanami Kento e em Gojo Satoru. Eu estava envolvida com os dois. Não podia mais negar isso.

Apesar de estar envolvida com eles, não era um relacionamento profundo. Nem transparente.

Eu tinha uma história de amizade com o Gojo. Ele foi meu sensei. Depois ficamos amigos por causa do meu relacionamento com o Geto. E depois do Geto, ficamos mais próximos ainda. Sempre nos apoiando e nos divertindo juntos. Até eu ir para Kyoto.

Agora, além de sexo, eu estava envolvida emocionalmente com ele. Eu disse que o amava. Isso era realmente verdade? Ou eu estava confundindo as coisas com ele? Buscando nele o amor perdido com o Geto?

Eu precisava ter isso mais claro. Não queria machucar ninguém. Nem a mim mesma.

Já o Nanami, ele era perfeito. Fazia um sexo maravilhoso e era muito carinhoso e protetor. Parecia ser somente casual, mesmo.

Ele me viu sem as minhas máscaras. Por mais que eu me esforçasse para mantê-las. Isso me fez sentir confiança nele. Em ser eu mesma.

Mas ambos ... nenhum deles se pronunciou a respeito de "nós". Nenhum deles cobrou ou deixou nada claro. Nem eu! Eles também estavam deixando as coisas acontecerem?

O mundo Jujutsu não é fácil e temos muitas prioridades. Mal paramos no mesmo lugar. Falar em relacionamento amoroso parecia tão infantil.

Resolvi dormir.

Um tempo depois, meu celular vibrou:

"Te encontro no pátio daqui 10 minutos."

"Gojo."

Olhei o horário, acho que tinha cochilado uns 30 minutos. Peguei um casaco e saí porta afora, bocejando.

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Cheguei no pátio, perto do refeitório e encontrei Nanami parado em pé. Vestido impecavelmente, como sempre.

- S/N, o que faz aqui? - ele me olhou de cima embaixo.

- Eu que pergunto ... - bocejei mais uma vez. - O Gojo também te chamou, Nanami?

- "Nanami"? Estão se chamando pelo primeiro nome agora? - Gojo questionou por trás de mim. Havia braveza em sua voz. Tinha acabado de chegar. - O que aconteceu com "Sr. Kento"? O que eu perdi? - cruzou os braços e ficou ao meu lado me fitando.

Credo! Senti minha espinha arrepiar. Aquele olhar estava me fuzilando por cima dos óculos escuros. Fiquei sem saber o que responder.

Não é comum chamarmos as pessoas pelo primeiro nome no Japão. É falta de educação. Só se faz isso quando se é muito próximo da pessoa.

- S/N e eu nos aproximamos mais Gojo. - Nanami disse secamente e cruzou os braços. - Tem algum problema em nos chamarmos pelo primeiro nome?

- Isso é mais do que normal Gojo. - eu interrompi - Estamos investigando o caso das maldições sem energia amaldiçoada juntos, lembra? Estamos viajando e dormindo no mesmo quarto de hotel. Ele salvou minha vida! Por que cargas eu não ficaria amiga do Nanami? - eu estava nervosa e falei demais.

O Nanami abaixou a cabeça e deu uma risadinha.

- Mesmo quarto de hotel? S/N ... - Gojo cortou o que ia falar.

- É Gojo ... porque diabos você está tão incomodado com isso? - Nanami estava ficando impaciente. Ele descruzou os braços e andou com passos pesados em direção ao Gojo. - Será que fui eu quem perdi algo?

Eles se encaravam com intensidade e enfurecidos. Eu estava gelada.

- Gojo! Porque nos chamou aqui? O que você quer? - eu tentei cortar o assunto desesperadamente. - Fale logo, senão eu vou voltar dormir. Se querem se pegar, procurem um quarto! - eu exagerei, mas foi para tirar o foco do assunto.

Gojo me olhou perplexo e Nanami fez o mesmo em seguida. Ambos em silêncio mortal. Esses segundos pareciam uma eternidade.

- Outros feiticeiros encontraram maldições sem energia amaldiçoada em Shibuya. Na verdade, acharam centenas delas e alguns morreram nas lutas. Quero ... - fez uma pausa. - quero que vocês viajem até lá para investigar. Precisamos encontrar a origem disso, imediatamente! - suas palavras tinham arrependimento nelas, como se ele não quisesse que viajássemos juntos.

- Partiremos agora! - Nanami se posicionou.

- Não! Saiam amanhã cedo! Aproveitem a noite para descansar e se prepararem. - Gojo disse seco.

- Ok! Até breve! - Nanami virou as costas e saiu.

- Ok! - falei e sai andando em direção ao meu quarto.

Nem olhei para trás para não dar margem ao Gojo. Porque eu estava me sentindo culpada? Não tinha feito nada de errado! Esses dois ... estavam começando a virar um problema.

Gojo ficou parado me olhando sair.

Fiz minhas malas e preparei os equipamentos. Vesti uma camisola soltinha e fui dormir.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora