Parte 5

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O carro parou próximo ao prédio de dormitórios na escola. Agradeci e me despedi do Sr. Kento. Combinamos de nos encontrar depois de amanhã, porque amanhã ele tinha uma missão curta para fazer numa cidade vizinha. Apesar da companhia dele ser boa, eu precisava descansar. Meu corpo ainda doía.

Entrei no quarto distraída e levei um susto quando vi o Gojo encostado na minha mesa de estudos. Ele vestia o uniforme tradicional, estava de braços cruzados e a cabeça baixa. O velho sorrisinho maroto de canto de boca. Era lindo.

- Gojo, seu merdinha! - logo lembrei que tinha sido feita de isca e uma fúria veio sobre mim.

Voei no pescoço dele como se não estivesse com dores. Ele fingia se defender e ria, enquanto eu o estapeava sem força alguma.

- Por que você me enfiou nessa enrascada? Por que fez isso comigo? - parei de bater nele e o encarei revoltada.

- Me desculpe S/N! - ele me puxou para entre suas pernas e me abraçou, enfiando o rosto em meu pescoço - Me ... desculpe! Eu te mandei porque sabia que você era capaz de lidar com uma maldição de grau maior. Eu mandei o Nanami por segurança, mas você quase morreu ... por minha culpa!

Enquanto ele falava, eu sentia o hálito quente dele em meu pescoço. Fiquei confusa. O abraço dele me desarmou e eu senti vontade de chorar.

- Não foi culpa sua ... você estava desconfiado do grau das maldições. Não tinha como você saber sobre essa maldição sem energia amaldiçoada. Ou tinha? - questionei ele com voz de choro.

Ainda com o rosto em meu pescoço, ele negou com a cabeça e me apertou mais forte, tomando cuidado para não machucar minha costela. Uma mão estava envolvendo a minha cintura e a outra meus ombros, ele respirava pesado em meu pescoço.

- Eu quase morri, Gojo ... - ao me escutar sussurrando isso, as lágrimas começaram a escorrer - ... era para eu estar morta Gojo! Eu me vi morta! Igual ao Ge ...

- Não fala esse nome, S/N. - Gojo me interrompeu - Eu prometo que não vou deixar isso acontecer com você. Você tem minha palavra. Tá ouvindo? - ele falou isso se afundando ainda mais em meu pescoço.

Afundei meu rosto na camisa dele e chorei até cansar. Eu me sentia muito protegida perto do Gojo. Com ele eu conseguia extravasar meus sentimentos. Meu choro mal tinha saído, até esse momento.

Depois da morte do Geto, nós nos aproximamos mais e criamos uma amizade incrível. O Gojo não queria mais falar o nome dele, mas eu amava o Geto. Não conseguia esquecê-lo! Então resolvi me distanciar de tudo e me aperfeiçoar na escola de Kyoto. O Gojo não me impediu. Ele sabia que eu precisava desse tempo.

Ele sempre me pediu para voltar, mas eu não tinha coragem de encarar tudo de novo. Já tinha sido muito difícil superar o fato de que o Geto nunca mais estaria comigo. Até que ele conseguiu que o alto escalão ordenasse a minha volta. Não foi fácil pisar nessa escola. Não foi fácil encarar a todos e mais uma vez sentir a ausência do Geto. E não foi fácil estar face a face com a morte. Me apertei no abraço dele.

- Ontem eu queria ter falado com você, mas você me interrompeu e saiu do quarto ... - eu resmunguei como uma menininha carente.

- Você precisava descansar S/N. Agora que eu finalmente achei um pretexto para ter você por perto, eu não vou deixar você morrer, ok? - ele foi se afastando bem devagar do meu pescoço, mas ficou perto o suficiente para reparar nos hematomas que a maldição havia deixado.

Ele passou os dedos de leve sobre os hematomas, se aproximou e deu um beijo quente e delicado no meu pescoço. Aquilo me estremeceu e eu gemi baixinho.

Ele foi subindo em direção a minha bochecha molhada de lágrimas e ali me deu outro beijo quente e delicado. Uma de suas mãos envolveu minha nuca e, sem afastar os lábios do meu rosto ele sussurrou "Ok?" e em seguida me beijou na boca.

Dessa vez seu beijo era ardente. Demorado e ardente. Era a primeira vez que nos beijávamos. A boca dele era maravilhosa. Me entreguei aquele beijo.

Ele me segurava com firmeza e me beijava com muita intensidade. Eu estava ficando sem ar e ele ficava mais ofegante. Uma de minhas mãos segurava o músculo do braço dele, numa tentativa inútil de afastá-lo e a outra mão involuntariamente enfiou os dedos no cabelo atrás da nuca dele e o puxou para mais perto. Ele apertou meu corpo ainda mais no dele e senti o volume entre suas pernas. O tecido do meu vestido era fino, pude senti-lo perfeitamente.

"Gojo ..." sussurrei baixinho.

Escutamos uma batida na porta.

Ele se afastou um pouco e sorriu me vendo entregue daquele jeito. Me deu um beijo leve nos lábios e se afastou totalmente, indo em direção a janela do quarto.

Eu me recompus e falei, tentando um tom mais natural possível: "Quem é?".

- É da enfermaria, Srta. Saito! Vim trocar seus curativos e ver como está! A Srta. já acordou?

- Bom, vou indo S/N. Ajude o Nanami na investigação. Depois terminamos ... isso. - Gojo ajeitou meu cabelo atrás da orelha, passou por mim e abriu a porta do quarto.

A funcionária da enfermaria ficou espantada ao ver o Gojo abrindo a porta. O queixo dela caiu e eu achei aquilo engraçado. Ele causava isso nas pessoas.

- Entre, por favor. Obrigada por ter vindo! - eu disse sem graça.

O vazio da morteWhere stories live. Discover now