Parte 73

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- Eu pensei que você ... - ele não conseguiu completar, respirou fundo e soltou. Me apertou mais no abraço.

- Pensou errado, Nanami! - me desvencilhei tentando olhá-lo. - Te proíbo de sair deduzindo as coisas sobre mim! Tá ouvind... - eu resmungava brava, mas me interrompi vendo a expressão dele.

Ele estava sorrindo. Quando ele viu minha cara espantada, ele começou a rir e depois, a gargalhar. Eu fiquei parada, sem reação, em seus braços. Comecei a ficar enfurecida.

- Ah, S/N ... - ele suspirou, percebendo minha ira. - Ahhhhh, minha S/N ... - veio se aproximando da minha boca, colocando as duas mãos em meu pescoço. - Minha delíciaaaa ... - ele sussurrou com a boca já colada na minha.

Me deu o beijo mais ardente que eu já recebi dele. Minhas mãos ainda seguravam o paletó. Puxei ele contra mim e fiquei na ponta dos pés quando ele passou o braço pela minha cintura e me puxou contra ele.

- Peça desculpas! - eu desgrudei minha boca da dele e ordenei de forma séria. - Nunca mais faça isso comigo, Nanami! Nunca ... me abandone ... por favor ... - de autoritária a menininha chorona.

- Eu cometi um erro! Por favor, me perdoe! - ele falou seriamente, olhando nos meus olhos, com aquela voz grave.

Eu fiz biquinho. Ele riu.

- S/N, e o Geto? - ele fez uma pausa enquanto eu o olhava de forma séria. - Você não vai atrás dele? - cirúrgico.

- Um dia esse seu jeito cirúrgico de dizer as coisas vai me irritar tanto ... - me soltei do abraço dele e comecei a me arrumar.

Eu devia estar descabelada, suada e com o rosto molhado de lágrimas. Respirei fundo e procurei um banco para me sentar. Ele foi atrás.

Me sentei olhando para o chão. Ambas as mãos ao lado do corpo, apoiando-o enquanto eu pendia para frente. Ele se sentou ao meu lado, virado para mim. Pegou suavemente na minha mão e a colocou entre as suas, apoiando em sua coxa.

- Quero que você saiba de uma coisa ... - fiz uma pausa, olhando ele fundo nos olhos. - Eu vou atrás do Geto! Vou tentar salvá-lo! Sou peça chave nessa tentativa e você sabe muito bem!

O Nanami era a pessoa mais analítica que eu conhecia. Ele sabia que eu deveria estar na batalha. Só assim o Geto poderia controlar a maldição novamente, tentando segurá-la enquanto ela tentasse me matar. Então, o Gojo teria oportunidade de matá-la. Novamente, eu seria uma isca.

- É arriscado demais! - ele disse secamente, apertando minha mão.

- Eu sei! - coloquei minha outra mão sobre a dele. - Mas, eu nunca dormiria em paz se não tentasse. Nunca saber se eu poderia salvá-lo ou não, isso iria me corroer por dentro. Como eu poderia viver tranquila sabendo que ele também poderia viver aqui fora e eu deixei isso para lá?

- Eu te entendo. - ele abaixou a cabeça. - Não tenho o direito de tentar influenciar sua decisão. - ele fez uma pausa. - Mas eu vou com você! Eu vou te proteger com a minha vida! Eu não vou te abandonar, mesmo que no final, você escolha ele! - ele me fitou sério.

- Se conseguirmos libertá-lo ... aquele Geto ... eu não sei quem é! Por mais que o ame e ele a mim, eu não conheço mais aquela pessoa. Eu não sei o que o levou a me abandonar e a fazer o que fez. Eu já não sou mais a mesma pessoa também. - eu suspirei. - Ele rompeu o nosso laço no dia que decidiu me tirar da vida dele e seguir seu caminho sozinho. Eu demorei para superar, porque fui eu quem fui deixada para trás, mas agora eu superei. O que eu quero, Nanami, são respostas!

Ele me olhava calado.

- Eu quero saber porque ele não confiou em mim! Quero saber o quanto ele tem de envolvimento com essa maldição! Quero saber, tudo! - fiz uma pausa, olhando para a mão dele. - A pessoa que eu me tornei hoje quer você, Nanami! Eu amo você! ... Droga, Nanami! Você me fez vir correndo atrás de você, que nem naqueles filmes clichês! - ele sorriu divertido enquanto eu reclamava.

Ele tentou me puxar para um beijo, mas eu o interrompi.

- Eu não sei quem eu serei depois de obter as respostas, Nanami! Estou sendo totalmente sincera com você! Se você não quiser entrar nesse barco furado, eu vou entender! Eu não posso te prometer nada! Só posso te prometer o agora. E o meu agora é ir com você nessa viagem. O Gojo pediu tempo para preparar a missão e ele vai me ligar assim que estiver com tudo pronto. Pode demorar uma semana, pode demorar um mês ...

Nos olhávamos sérios. Mudos. Eu baixei os olhos para nossas mãos que continuavam unidas. Escutamos o trem se aproximar. Ele chegou lentamente. Escutei as portas se abrirem, pessoas saíram apressadas e outras esperavam ansiosas sua vez de entrar.

Ele largou minha mão e se levantou, pegando a mala que estava ao seu lado. Deu passos em direção ao trem.

- Vem! - ele estava com o braço estendido para mim, me olhando por cima do ombro.

Peguei na mão dele e entramos juntos no trem.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora