De enfermeira em um hospital particular renomeado de Belo Horizonte, para ser enfermeira de uma senhora em uma mansão em São Paulo. Foi quando conheceu Miguel, quando sua vida mudou do avesso, e descobriu que o avesso era sua melhor versão.
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Já estava tudo pronto para o almoço e estava ansiosa para ver Enzo. Mirela me deu tanto apoio nessa última semana, vinha até aqui, me ligava por vídeo todos os dias e ficar perto dela e do Enzo me fazia bem de certa forma. Abri a porta e ela já me entregou ele que estava a coisa mais linda, tão pequenino e dorminhoco, fui caminhando com ele no colo até a sala e dona Nara também quis pega-lo.
Mirela: Obrigada tia Nara, meus braços agradecem. — rimos.
Luiza: Vem, comprei mais um presente pra ele.
Mirela: Já falei que vou montar um quarto pra ele aqui porque lá em casa não tem mais espaço. — ela e Nara riram e fiz careta concordando.
Fomos até o meu quarto e do Miguel, entramos e abri a gaveta e tirei um embrulho. Mirela abriu e seus olhos encheram de lágrimas, havia comprado um sapatinho e uma chupeta azul se caso fosse menino, pois sabia que se viessem menina isso já seria do Enzo, ela caminhou até onde eu estava e me abraçou. Ali com ela sabia que poderia ser 100% sem me preocupar com nada. Encostei meu rosto em seu ombro e pude sentir as lágrimas descendo.
Mirela: Eu sei amiga. — ela acariciou meus cabelos e levantou meu rosto para me olhar — Você é um ser humano, uma mulher forte pra caralho e tudo o que vem passando Deus irá te recompensar. E o melhor, estaremos aqui. Eu, Enzo, Jota, Dona Nara e o mais importante o Miguel.
Ela falou o nome dele e eu abri um sorriso triste e balancei a cabeça negando e me afastei limpando as lágrimas do meu rosto e fiquei olhando para a sacada.
Mirela: Lu? — me chamou preocupada — O que você vai fazer?
Luiza: Vou embora, pra sempre! — virei pra ela e limpei mais uma lágrima — Não tenho maturidade para lidar com isso.
Mirela: Oh minha amiga, está cedo ainda por favor. Não faça nada!
Luiza: Ele viaja semana que vem para chicago quando está marcado o parto dela, não posso e nunca proibiria ele de estar no nascimento da filha, mas hoje? não tenho cabeça nem psicologico para isso.
Falar aquilo com a Mirela em voz alta era algo que machucava ainda mais. Tentei esquecer um pouco para termos um almoço agradável e assim foi o nosso dia inteiro, risadas, conversas e um tempo com o Enzo. Jota foi buscar Mirela lá, então ela foi embora só a noite. Miguel foi tomar banho enquanto levava dona Nara para o quarto, quando ia saindo ela me chamou.
Nara: Queria te pedir uma coisa.
Luiza: Sim. — encostei a porta e me aproximei da cama dela.
Nara: Quero que tire férias, mas férias definitiva. Você não é mais a minha enfermeira, você é da família então quero você ao nosso lado mas de outro jeito. — ela abriu um sorriso e eu também.
Luiza: Não sei nem o que te falar. — me sentei ao lado dela na cama — Eu amo o que faço aqui, amo cuidar da senhora.
Nara: Mas ganhei alta, lembra? — ela sorriu feliz e isso aqueceu o meu coração, sabia que no fundo era por uma boa causa ela estava curada e isso era tudo o que mais queríamos.
Luiza: A senhora não existe. — estendi minha mão e ela fez o mesmo, acariciei sua mão e abri um sorriso — Então tudo bem, irei visitar a minha mãe para aproveitar as férias e quando eu voltar irei procurar emprego na área por aqui.
Nara: Na verdade tem uma boa oportunidade te esperando, conversei com alguns contatos. — ela falou em um tom divertido me arrancando risadas — E o emprego no hospital são Luiz já é seu. — ela apertou a minha mão e nos abraçamos.
Sai do quarto e senti uma felicidade dentro de mim, iria dar início a minha carreira em um bom hospital. Caminhei até o nosso quarto e a porta estava entre aberta e ouvi Miguel conversando e no fundo a voz de Daniela, eles estavam se falando por vídeo.
📲 VIDEO CHAMADA Miguel: E ela mexe muito? — ele perguntou curioso.
Daniela: Demais, e como está se aproximando da data ela não vê a hora de sair. — eles riram — Você viu a ultrassom que te mandei? Ela tem o seu perfil todinho. Como pode Miguel?
Miguel: Vai ser perfeita igual ao pai já consigo imaginar. — ele falou e fechei meus olhos imaginando ele sorrir.
Daniela: Com toda certeza será, você está ansioso para vê-lá?
Miguel: Não vejo a hora, vai ser uma experiência muito louca. E você não preciso nem perguntar né?
Daniela: Olha, olha. — uns segundos em silêncio — Ela está se mexendo. Toda vez que escuta sua voz ela fica agitada.
Miguel: Eu vi, meu Deus Dani. — ele falou tão empolgado e senti o meu coração doer, uma faca no estômago, uma sensação que não conseguia explicar.
. . Miguel
Estava sendo difícil essas últimas semanas, queria levar Luiza para um lugar onde ficaria apenas nos dois pra sempre sem ninguém para atrapalhar. Estávamos tristes e frustrados com tudo o que aconteceu e estava escrito na cara dela isso. E as coisas com Daniela nao facilitava nada, até porque na próxima semana eu viajaria para Chicago e por mais que Luiza me apoiasse eu tinha medo.
Daniela me ligou querendo repassar como seria na próxima semana, até porque ela está em uma casa escondida em Chicago, uma amiga foi para ficar com ela mas eu precisava ver a minha filha. Quando ouvi a porta fechar e passos pela escada sabia que era ela.
Miguel: Nós falamos amanhã Dani, se cuida.
Desliguei sem esperar ela responder e sai rapidamente do quarto, pude ver um vulto dela passando na parte de baixo e fui atrás dela. Luiza estava na parte da piscina, na mesma cadeira de praia onde fizemos amor no começo de tudo. Ela estava com o rosto enterrado em suas mãos e conseguia ouvir os seus soluços antes mesmo de me aproximar. Era como se meu coração estivesse em pedaços, era pior do que levar um tiro e sentir cada momento desde quando a bala entra e sai pelo outro lado. Ela sabia que eu estava lá mas não me olhou, o soluço dela ficava cada vez mais intenso e ela balançava a cabeça antes mesmo de eu dizer qualquer palavra.
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