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MARATONA 1/3

Estacionei o carro e entramos no hospital, Maria e Nate já estavam na recepção, Maria parecia mais aflita, eu não tinha noção do que ela passava e não queria nunca descobrir, ter um filho seu nessas condições deve doer de um jeito inimaginável, apesar de não ter uma preferência entre Reggie e Vinnie era notável o cuidado dela com Vinnie, e não por amar mais ele e sim por ele ter saído de casa tão cedo, morar a km de Seattle fez ela ter mais cuidado por ele, mesmo que de longe, Reggie estava logo ali, morando com ela, quando não na mesma casa, na casa ao lado então ela tinha ele aos olhos dela, já Vinnie estava aqui, virando adulto, travando batalhas contra haters, criando responsabilidade, ela tinha medo de perdê-lo, pra tudo, pra fama, para as festas, para as drogas, pra qualquer coisa, mais ele tinha sido tão bem criado que Vinnie mesmo longe não parou de ser o filho que ela queria que ele fosse.

_"Alguma novidade?", perguntei e Nate negou.
_"Não, a ambulância chegou há 10 minutos, iriam transferir ele pro quarto, colher alguns exames e iriam vim falar com a gente", Nate disse.
_"Acredito que isso vá demorar", Maria disse, "Acho que vamos ir comer algo, vamos?", Maria perguntou e eu neguei, eu não estava com fome.
_"Sarah você precisa comer algo, você não terminou de almoçar em casa", Nate disse.
_"Podem ir la, depois eu vou juro, vou ficar aqui esperando", falei e Nate e Maria não insistiram mais e saíram com o casal de amigos deles que faziam companhia naquele dia.
_"Quer ir Luke, pode ir", falei e Luke negou se sentando ao meu lado na recepção, ali ficamos, uma, duas, três horas...

Já tinha anoitecido, meus sogros estavam ali comigo, Túlio já tinha chegado e ido embora, Alex passou por lá, Jett, Liza e Boof também, mais as únicas notícias que tínhamos até o momento era 'Ele está sendo avaliado pela nossa equipe médica, ao final será levado ao quarto', mais já fazia horas dessa informação e eu queria mais, eu já estava agoniada, cansada.
Eu olhava quase que fixamente a uma criança que brincava com uma Barbie sentada do outro lado da sala de espera, ela parecia concentrada na boneca, falava sozinha fingindo ser a Barbie, sorri imaginando Daisy brincando do mesmo jeito.
_"Sra Hacher?", ouvi e levantei rapidamente, sem nem saber da onde vinha o chamado, olhei e encontrei o médico mais ao longe, Maria, Nate, Luke, Jett, Liza e Boof levantaram do mesmo jeito.

Eu já me aproximei pedindo como olhar uma resposta sobre Vinnie, alguma notícia, e ele pareceu entender minha suplica, era um médico novo, não deveria ser tão mais velho que eu e Vinnie, tinha um rosto sereno tranquilo, usava óculos quadrados e usava uma roupa toda azul.
_"Prazer sou o Dr Paullo Trambery", ele disse esticando a mão cumprimentando a mim e meus sogros, "Vinnie está estável", ele disse e era sempre um alívio ouvir isso, era pouco mais era ótimo, "Fizemos exames nele e ele apesar de não apresentar resposta ao fim da sedação continua evoluindo, o corpo está se recuperando, o que é o esperado, precisamos agora que o cérebro dele reaja", ele disse e eu assenti prestando total atenção nele.

_"Vamos poder vê-lo?", perguntei.
_"Claro, não vejo por que não", ele disse, "Mais só posso liberar dois por vez", e eu juntei as mãos como se agradecesse a Deus por aquilo, era ótimo saber que poderia chegar perto dele, e não só por um vidro.
Tivemos que aguardar ele ser levado ao quarto, o que demorou mais uma meia hora ao, já era de noite, estava uma noite estrelada, fresca.
Nate e Maria entraram primeiro, eu preferi, eram o filho deles, eles precisavam vê-lo, pegar nele, eu iria em seguida, me sentei pra esperar meus sogros e balançava a minha perna freneticamente, ansiosa, eu queria tanto vê-lo, eu sentia saudade dele, mais graças a Deus estava a poucos minutos de estar próxima dele.
_"Sra Hacker", ouvi e me assustei encontrando uma recepcionista mais à frente, "o Dr Paulo quer falar com você", ela disse abrindo uma grande porta e olhei pra Luke preocupada, ele me olhou assentiu minimamente pra que eu fosse, "Por aqui", ela disse e eu dei um passo na direção delas seguindo.
Caminhamos alguns metros apenas até chegar a um consultório, o Dr jovem estava preenchendo alguns papéis e sorriu quando parei na porta.
_"Obrigada Bryene, por favor sente-me Sra Hacker", ele disse e eu obedeci ainda confusa.
_"Desculpa chamar você assim, mais precisava conversar com você sem os seus sogros né?", o médico disse.
_"Sim", respondi assentindo.
_"Eles são pais e talvez isso possa parecer demais da eles, então acho melhor falar com você", ele disse mexendo nos papéis procurando algo.

_"Bom Sarah, eu quero ser o mais realista e cético possível, preciso falar sobre o estado dele, alguns exames já chegaram, ele não tem infecção, não tem hemorragia, o tecido, e músculos que a bala atingiu então se regenerando, é ótimo, Vinnie teve uma parada logo que chegou ao outro hospital, induziram ele ao coma, era uma ótima opção, isso deu um espaço de tempo para o corpo dele se recuperar, o que vem acontecendo bem...", ele disse e eu sorri apenas socialmente, por dentro eu estava uma pilha de nervos, tudo que ele dizia era ótimo, mais eu aguardava ele dizer 'Mais...".
_"Mais o cérebro dele não voltou a ter atividades mesmo depois do fim da sedação o que não é realmente ruim, mais é um alerta que se acende, não é incomum, muitos pacientes demoram mesmo pra acordar, mais muitos também nem acordam, o que chamamos de ...", ele dizia.
_"Morte cerebral", sussurrei completando o que ele dizia sem perceber.

_"Isso, exatamente... E nesse caso de morte cerebral é irreversível, não vamos ter o que fazer...", ele disse e parou pra respirar, demorou então tomou coragem pra terminar o assunto, "se a senhora já quiser deixar tudo preparado pra uma eventualidade, me desculpe se estiver sendo insensível, eu não quero ser, mais preciso ser realista, o caso dele é difícil...", ele disse e eu o interrompi.
_"Ele não vai morrer", falei e ele me olhou, "Não sei o que o senhor está pensando mais meu marido é forte, ele não vai nos deixar", falei e levantei, "Não vou comprar caixão, se é isso que o senhor quer dizer com 'deixar tudo preparado', e se o senhor não tem esperança de trazê-lo de volta prefiro que deixe o caso dele e de pra outro médico que esteja mais esperançoso", falei e sai da sala.

Eu voltei pra recepção encontrando Luke sentado, eu segurava o choro, passei direto pela recepção e parei num canto quase que de frente pra parede, respirei fundo tentando me organizar, sobre tudo que eu tinha ouvido lá dentro, não quis absorver nada do que ele havia de dito, eu não ia perder Vinnie, eu não podia perder a esperança.
_"O que houve?", Luke perguntou.
_"Nada, melhor não saber", falei e Luke normalmente insistiria, mais naquele momento aceitou o que eu disse.
_"Ok, então vem cá, deixa eu limpar essas lagrimas", ele disse pegando um lenço, parando na minha frente e com cuidado e gentileza secou meu rosto, "Ótimo", ele disse ao terminar.

Poucos minutos depois vi meus sogros saindo e era a minha vez, minha vez de vê-lo, meu coração bateu forte, como se eu estivesse indo a um encontro, nem nos meus ensaios com famosos eu já tinha ficado tão ansiosa assim pra encontrá-los.
_"Quinto andar, quarto 1358", Nate disse e eu assenti, Luke entrou comigo me acompanhando, subimos o elevador de mãos dadas, Luke sorria toda vez que eu o olhava, era surreal a força que eles estava me dando, e eu era extremamente agradecida.
Entramos no corredor do quarto, o hospital era enorme, '1356, 1357... 1358', era o quarto de Vinnie, eu parei por um segundo.
_"Vai lá... vou estar aqui fora", Luke disse.
_"Não vai entrar?", perguntei.
_"Talvez depois, vou dar um momento pra vocês", Luke disse e eu sorri pra ele, seria ótimo, "Dizem que pessoas nessa situação ainda escutam...", Luke disse e eu olhei pra ele entendendo.
Dei um passo pegando na maçaneta e abri a porta devagar.

Lá estava ele, deitado, imóvel, existia muitos aparelhos ao redor, telas apitando, ele tinha um acesso em sua mão aonde colocavam soro, um tubo em seu nariz, oxigênio, o visor de batimentos ao lado apitando constantemente mostrando que o coração dele batia no mesmo ritmo.
Vinnie estava magro, mais era como se apenas dormisse, seu cabelo estava alguns milímetros maior, mesmo assim estava lindo como sempre.
Fechei a porta atras de mim e virei pra olhar pra ele, me aproximei devagar, respirei fundo ao conseguir chegar tão perto assim, parecia que fazia anos que não o via, eu quis um abraço, Vinnie era ótimo com abraços.
_"Hey lindo", o chamei mesmo sabendo que ele não iria responder o silêncio dele ainda sim fez meus olhos se encherem de água, eu de repente não sabia o que falar com Vinnie, será que ele estaria mesmo me escutando? Vi a mão dele pousada ao lado dele e coloquei a minha sobre a dele, sentindo ela gelada, senti como um choque leve percorrer da mão dele para a minha, o que me fez afastar, mais logo voltei a toca-lo com mais segurança, pegando sua mão e colocando entre as minhas.
_"Vinnie..."




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Quando ninguém mais quiser • Vinnie HackerМесто, где живут истории. Откройте их для себя