Ventisette

6.5K 326 766
                                    

Boa leitura, votem e comentem por favor 🌸

Harry Styles Tomlinson

Ter o conhecimento de que estamos nos machucando com as nossas próprias atitudes é muito doloroso.

Minhas patas atingem a terra úmida do carvalho e meus pelos estão esticados para trás devido a velocidade em que me encontro correndo. Meus pensamentos me atingem em cheio e tudo aquilo que eu estava tentando me privar de trazer ao meu consciente, vem à tona.

Eu sempre quis ter um bebê, um pequeno lobinho que escolhi ter. Mas agora eu percebo que na realidade, eu sempre quis ter um filho. Bebês crescem, criam independência e podem não precisar de nós o tempo todo, e na realidade é para isso que os criamos, os criamos para o mundo, assim como nossos pais fizeram conosco.

A grande dificuldade pra mim, é entender que em breve esse filhote estará correndo por todos os cantos e que eu possa não conseguir protegê-lo a todo o tempo. Portanto acabei entrando em uma bolha de que enquanto estiver ao meu alcance eu farei, como se enquanto ele estivesse nessa idade, eu fosse sim capaz de o livrar de todo o mal, de todas os desconfortos. E que para isso eu precisasse estar sempre em alerta, para que quando ele sinalizasse que precisasse de mim, eu estaria ali. E até mesmo quando ele não sinalizasse.

A culpa. Minha patas freiam no chão e a terra se acumula nas minhas dianteiras, ergo o meu focinho para cima e uivo essa angústia dentro do meu peito.

A culpa de não conseguir prover tudo o que o seu filhote necessita é terrível, e se existe a possibilidade do meu filhote estar precisando de algo enquanto eu estou envolvido comigo mesmo, eu automaticamente me sinto culpado por isso.

Os hormônios pós parto realmente nos abalam, e não me surpreende que poucas mães tenham coragem de dizer a realidade, afinal a cobrança imposta sobre nós é de uma felicidade completa, ignorando todos os outros sentimentos que aparecem nessa nova aventura. Uma tristeza que não sei de onde vem, mas ela está ali presente.

Respiro fundo e fecho os olhos, raspando meu focinho na terra úmida, não me importando nenhum pouco de como os meus pelos brancos estão ficando cheios de lama.

Quando estou segurando meu filhote nos braços com o meu alfa me abraçando, eu sou o ômega mais feliz do mundo, mas existe aquela pontinha que está ali me atormentando, me dizendo o tempo todo que eu poderia estar fazendo mais, que eu poderia ser melhor.

Eu me sinto cansado, e quando acordo na madrugada depois de conseguir dormir por apenas uma hora, eu sinto o peso de cuidar de um filhote dia e noite, e automaticamente me sinto um monstro por me sentir cansado. Eu não deveria me sentir assim, meu filhote não merece uma mãe cansada.

Existe alguns momentos, quando a fralda está limpa, quando sei que também não é fome, e já tentei inúmeras alternativas, que eu sinto que posso não conseguir mais fazer aquilo, por um segundo que seja, eu me pego imaginando que não serei capaz e que aquele choro é culpa minha, e que não sou uma mãe boa.

É Louis quem me faz acreditar, com seu olhar e apoio é nele que eu encontro minha força.

Eu me sinto cansado, é uma longa fase de ajuste, e eu me pergunto quando voltarei a me sentir eu mesmo novamente, ou se ficarei nessa cobrança excessiva para sempre, cobrança essa que me deixa exausto.

Os galhos das árvores batem no meu rosto e minhas patas desaceleram um pouco, tentando fazer o mesmo com os meus pensamentos, meu coração está batendo rápido por baixo dos meus pelos brancos, e eu percebo o quanto existe de mim por aqui.

The Peonies led me to you • ABO • l.sWhere stories live. Discover now