CAPITULO 2

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Eu estava no refeitório sem fome alguma pois a minha barriga estava girando. Barrigas não giram, mas era como parecia, eu estava uma pilha de nervos.
"Bom dia!" Bree se sentou a mesa com um grande sorriso se mostrando de muito bom humor. Um humor que só acontecia quando...
"Bree..." Eu comecei, ela aumentou o sorriso, me deu raiva.
"Book? É sério?" Eu quase não tinha dormido a noite por causa da ansiedade!
"Eu vou ser uma fêmea acasalada daqui a pouco, tenho que aproveitar o tempo de solteira." Eu sorri para ela, mas uma parte da noite em que fiquei acordada foi pensando no que exatamente significava ter um companheiro. Humanos faziam isso o tempo todo, mas por que se não desse certo, eles acabavam com tudo e começavam de novo. Mas eu não era humana. E pior, eu era primata. Uma das poucas. Antes de conseguir finalmente dormir, eu cheguei a conclusão de que precisava do vínculo. Eu conhecia todos ali e como do nada eu iria me apaixonar por Noah?
"O que foi? Não me diga que desistiu." Breeze disse, eu a encarei.
"Bree, eu não consigo me imaginar com um companheiro. Precisaríamos estar vinculadas!" Eu disse baixinho, Breeze sorriu e segurou a minha mão.
"Talvez isso não exista para nós. Temos Bela, mas e se não for o vínculo? Eu acho que você precisa de um tempo com o Noah, que tal isso?" Ela disse, e eu tentei me lembrar de quantas vezes eu conversei com ele. Muito poucas. Ele tinha ido no hospital algumas vezes depois que se estabeleceu na Reserva como filhote de Vengeance. Antes de saberem que ele ia morrer. Eu me lembrava de uma vez em que ele levou Peace lá no hospital, com uma mordida no braço.
As lutas de filhotes. Peace era um dos mais ferozes, Eu ri quando Noah sorriu e disse que seu irmãozinho era mais feroz que ele.
"É, talvez conversar com ele, procurando conhecê-lo, ajude. Mas temos a questão da chantagem com Candid e Honest. Acha que Creek dá conta?" Essa era outra coisa que estava me tirando o sossego. Candid era um demônio. Como Creek, aquela doce e amável fêmea iria chantageá-lo?
"Você disse que se fosse você, ele iria se negar." Breeze disse, séria.
"Iria. Ele adora me deixar nervosa, adora me esgotar a paciência. Ele não faria e ainda jogaria na minha cara durante anos."
Breeze sorriu.
"Talvez você devesse ter compartilhado sexo com ele mais algumas  vezes, agora seriam amigos." Ela sorriu e eu fechei os olhos.
"Não. Eu nunca pensei que ele fosse se formar e virar meu 'chefe'. Ter compartilhado sexo com ele e ainda mais junto com Creek foi..." Breeze se aproximou e me olhou com curiosidade.
"Como foi? Eu nunca fiz isso, sabia? Acho impessoal demais." Ela disse eu dei de ombros.
"Foi uma experiência. Ele tinha uns dez anos, eu acho e já era muito experiente. Eu e Creek fomos por curiosidade e..." Eu não me sentia confortável falando naquilo então parei de falar. Porque foi uma coisa muito sensual, isso foi. E aquele pestinha era tão novo!
"Tudo bem, não precisa falar nada. Eu sei que mesmo que sejamos amigas há limites para algumas coisas. E esse é um limite, não é?" Breeze disse, eu concordei com a cabeça.
"Quando começa seu plantão?" Ela perguntou, eu olhei no relógio e estava quase na hora.
"Daqui a pouco." Eu suspirei.
"Então boa sorte. Vou ficar no telefone, qualquer coisa me chamem." Eu terminei minha carne, dei um beijo na bochecha dela e fui para o hospital.
Eu cheguei na nossa sala, Destiny já estava lá, ele parecia morar no hospital. Ele me tocou o rosto, eu sorri, ele se foi.
Florest apareceu na sala e sorriu.
"Bom dia, Chimes. Animada?" Ele perguntou eu ia responder quando o demônio entrou.
"Ela vai me servir, é claro que está animada, Florest." Ele disse. Eu só esperei. Ele estava provocando Florest, não eu.
"Não fale assim dela, filhote. Ela veio trabalhar não servir você." Candid sorriu para mim e eu acabei sorrindo de volta.
"Não somos todos servidores? Servimos ao bem estar geral de nosso povo. Ela me serve, eu a sirvo." Ele disse me olhando com calor. Aqueles olhos dourados dele eram quentes.
"Eu não estou com paciência pra você hoje. Onde está seu irmão?" Florest disse com seus olhos azuis frios.
"Qual deles? Eu tenho sete." Eu tinha de admitir que Candid era corajoso. Florest rosnou e por pouco não mostrou os dentes.
"Onde Honest está?" Florest disse com a voz bem baixa e rouca.
"Por que quer saber? É a folga dele, Florest." Candid se esticou e eu vi a veia no pescoço de Florest pulsar. Ele estava mesmo muito bravo e eu fiquei curiosa. Não era pra tanto.
"Em respeito a Chimes eu não vou levar isso adiante. Mas estarei de olho em você. O dia todo." Florest saiu da nossa sala, Candid sorriu.
"Alguém está sentindo falta, muita falta da namorada." Candid disse.
Violet. A linda florzinha que conquistou o coração de Florest. Eu via nela muita força e uma certa semelhança comigo e as outras fêmeas. Daisy era feroz e enérgica, estava na força tarefa e tudo, mas era apaixonada por Romulus de uma forma determinante. Já Violet, toda doce e feminina estava fazendo faculdade e seria professora. Eu ouvi Candid contar que ela tinha pego um estágio numa escola e estava auxiliando um professor, um macho humano. Florest não deveria estar gostando disso.
Depois desse início de plantão um tanto quanto peculiar, eu me joguei no trabalho, mas o hospital estava vazio, quando isso acontecia ficávamos de fazer inventários e arrumar tudo em seu lugar, eu gostava.
Mas a temida hora do almoço chegou e Creek veio. Eu estava muito nervosa, mas ela não. Creek era divertida, falante e eu achava que ela não iria conseguir levar o plano adiante, mas ela veio almoçar comigo e como planejamos, Candid mordeu a isca e se sentou na nossa mesa no jardim sem ser convidado.
"Sabe, nós três aqui sentados me faz me lembrar de uma noite mágica a alguns anos atrás." Ele colocou sua grande bandeja de comida na mesa, eu tinha de ser a mal humorada, eu era um pouco mal humorada mesmo, então eu disse:
"Não lembro de mágica nenhuma. E sai daqui, eu e Creek estamos conversando." Ele sorriu, de um jeito sensual para Creek, ela sorriu de volta.
"E você Creek não achou mágico?" Ele perguntou, Creek ergueu as sobrancelhas.
"Não há mágica em sexo casual, Candid. E foi o que aconteceu. E fazem quantos anos? Eu não me lembro bem. Uns dez, mais ou menos?" Ela disse com pouco caso, eu ri.
"Mais ou menos. Já pensou em quanta experiência eu acumulei?" Ele disse mordendo seu bife, um pouco de sangue escorreu pelos lábios dele, ele lambeu com a língua e Creek olhou para seu prato.
Eu fiquei alerta. Candid era muito esperto e Creek não podia ser atraída para a teia dele.
"Quanto tempo você tem no almoço?" Creek perguntou, ele sorriu.
"Uma hora, mas Chimes aqui pode me cobrir se for o caso, está uma paradeira hoje, eu adoraria um pouco de ação." Ele disse olhando para o decote dela. Era tudo programado, mas eu tive de segurar a raiva. Candid era um folgado!
"Então vamos comer e depois talvez você possa me mostrar se realmente está mais experiente." Ele sorriu, seus olhos tinham um brilho um pouco calculista e eu fiquei com medo dele ter falado com o irmão. Oficialmente não havia como, mas eles eram espertos demais para não se comunicarem se fosse necessário. Ainda que Simple disse que não queria que os outros dois soubessem, ele teria mentido?
Eu terminei de comer e me levantei. Era com Creek agora, eu tinha de achar Honest.
Eu fui até o banheiro e escovei os dentes, eu ainda tinha quarenta minutos, mas a cabana dele ficava muito longe. Eu corri para o estacionamento, peguei um jipe e dirigi a toda até lá.
A cabana ficava num lugar muito alto, eu como primata até me sentia bem em lugares altos, mas toda aquela altura não era pra mim. Por que era isolado. Eu gostava de estar entre os outros, de conversar, de conviver com os amigos. Aquela solidão toda me parecia opressora.
Eu bati na porta, ele estava lá dentro, mas não veio atender. Eu abri, não tinha muito tempo.
"Honest?" Eu disse ao entrar, a sala e a cozinha conjugadas estavam vazias, ele estava no quarto. Eu ia chamá-lo de novo quando ele saiu para a sala e eu arfei. Ele estava nu. Eu não consegui evitar percorrer o corpo dele com os olhos, ele era alto e muito forte, sua pele era muito branca. Havia uma penugem rala sobre o peito que descia numa linha por sua barriga musculosa e se multiplicava na virilha. Seu pênis estava meio ereto, um belo pênis rosado.
"Oi." Ele sorriu e foi para a cozinha, eu ainda estava com a boca aberta, então a fechei. A parte de trás de seu corpo era tão magnífica quanto a da frente, ele tinha uma bunda grande. Primatas geralmente tinham a bunda maior que os outros eu mesma não era tão atlética quanto Breeze por exemplo, mas ele era...
"Carne? Eu ia almoçar, mas senti vontade de me masturbar, quando você chegou, eu tinha acabado." Ele sorriu e colocou dois pratos com carne na mesa.
Eu inspirei e senti o cheiro. E me excitei. Mas que droga! Ele se sentou e fez sinal para que eu me sentasse, o esquisito da situação era tal que eu sentei e mesmo tendo acabado de almoçar, eu comi de novo. Ele comeu em silêncio, se recostou na cadeira e sorriu para mim.
"Se você veio aqui por uma questão médica, não vou poder ajudar, mas eu posso imaginar uma forma de você não perder sua caminhada até aqui." Eu pisquei e engoli em seco. Os olhos azuis claros dele eram amáveis, eu mergulhei neles, havia bondade e uma luxúria ali que nunca vi nele.
"Honest?" Eu me virei para a porta e Vengeance estava lá, eu passei a mão no rosto, que merda estava acontecendo?
"Adam! Venha, sente-se com a gente. Eu fiz carne." Ele disse com um imenso sorriso no rosto e eu descobri que aquela situação estranha fritou meus miolos, pois eu confundi Adam com Vengeance. E ele nem estava com a cabeça raspada. Estava com os cabelos amarrados.
"Eu..." Eu tinha de sair dali!
"Por que está nu? Não sabe que isso é uma grosseria?" Adam cruzou os braços fortes e olhou com severidade para Honest, mas ele só sorriu.
"Minha cabana, minhas regras. Eu estava ocupado, se você me entende, quando ela chegou. E ela não pareceu se importar com a minha nudez." Ele falava de uma forma totalmente diferente, seus olhos estavam diferentes. Não era Honest ali.
"Eu fiquei muito... Surpresa. Não tive reação. Mas sua nudez me incomoda." Eu disse. E ele estava certo. Eu não disse nada e ainda fiquei secando a bunda dele!
"Ora e por que não disse antes?" Ele sorriu e se levantou. Eu baixei os olhos mas tomei um baita susto quando Adam tirando um bastão de beisebol não sei de onde deu uma violenta tacada na cabeça de Honest. Eu gritei.
Ele caiu, Adam me puxou e me colocou atrás de seu corpo forte, Honest ficou um tempo no chão, eu queria dar uma olhada nele, Adam me segurou. Ele me abraçou de forma protetora, ele vestia calça jeans e camiseta, seu corpo estava quente.
"Não se aproxime dele." Ele disse no meu ouvido e eu assenti.
Honest se levantou e olhou em volta, olhou para suas mãos e por seu corpo e nos olhou. Adam me apertou nos braços, eu me senti segura.
Honest suspirou e foi para o quarto.
"Tudo bem?" Adam segurou nos meus braços e me afastou, eu mergulhei nos olhos cristalinos dele e não soube o que dizer, então acenei. Ele me soltou, mas eu não esperava, eu me desequilibrei, ele me segurou de novo.
"Desculpe. Eu fiquei pensando se não estava tocando muito em você, então te soltei. Me desculpe." Ele disse, eu me firmei nos pés e ele me soltou de novo.
"Adam." Honest disse saindo do quarto vestido com uma calça de moletom preta e uma camiseta verde. Eu sorri. Ele era o leãozinho de verde.
Ele pareceu entender, pois sorriu de volta.
"Candid vive comprando camisetas e camisas verdes pra mim." Ele disse, eu sorri. Aquele ali era Honest, mas se ele era Honest, quem...
" Honest, isto está saindo de controle." Adam disse, ele suspirou.
"É, eu sei. Ainda bem que foi Chimes. Já pensou se fosse Lunna? Ou... A mamãe?" Ele se sentou na cadeira, apoiou os cotovelos na mesa e colocou a cabeça nas mãos.
"Eu acho que vão ter de me matar, Adam. De novo." Ele disse, eu não pude ficar calada.
"Não diga uma besteira dessas! Você nem imagina o que foi para todos nós quando achamos que você morreu. Estar meio louco não é pior que estar morto. Não pense mais nessa idiotice!" Eu disse. O hospital era a segunda casa de Honest, nós gostávamos de pensar que ele era a alma de lá, quando pensamos que ele tinha morrido, todos sofremos muito.
"Ouviu a enfermeira." Adam disse com um sorriso, Honest segurou minha mão.
"Obrigado Chimes. Mas eu estou falhando muito e esse... Bom,eu estou ficando maluco!" Eu ri, foi engraçado o modo como ele falou. Adam só sorriu de lado. Ele era ranzinza como Vengeance era. Lindo e rabugento, haveria combinação melhor? Eu imediatamente me arrependi de ter deixado Creek escolher primeiro.
"Eu sei que soa como abuso, mas você poderia não contar para ninguém, Chimes?" Honest perguntou, eu assenti. Olhando fixamente para mim, eu não pensei em mais nada só na voz envolvente dele. Eu faria o que aquela voz pedisse.
"É claro." Ele inspirou o ar e se levantou. Meus olhos continuaram olhando para ele, só ele importava, eu queria muito fazer o que ele pedisse.
"Bom e em que eu posso te ajudar?" Ele me perguntou, olhando nos meus olhos e eu falei, nunca poderia mentir para ele, para a voz dele:
"Eu quero um filhote."

FÊMEAS Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang