CAPÍTULO 15

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Eu abri os olhos, mas não quis levantar, mesmo tendo alguém batendo na porta. Era... Um dos Oficiais de Fuller? Eu pulei da cama e fui atender, abri a porta e ele entrou. Eu estava com um pijama confortável de camiseta e calça, mesmo assim ele percorreu meu corpo com os olhos. Eu rosnei. Ele sorriu. Bravery era um tanto quanto cínico e até onde eu sabia era celibatário.
"Calma! Eu vim buscar uma roupa usada sua, esse pijama seria ótimo." Ele disse sorrindo de lado. Os olhos dele eram dourados com muitas pintas verdes e os cabelos eram castanhos, ele era bem bonito.
"Por que eu te daria uma..." Ele ergueu uma sobrancelha e sorriu, eu entendi e falei da forma mais natural possível:
"Ah, é mesmo! Espere aqui." Eu corri para o quarto, tirei a calça e a camiseta e fiquei pensando se deveria tirar a calcinha. Era para saber da minha ovulação, não era? Eu a tirei e coloquei no meio da calça dobrada. Eu vesti um vestido e prendi o cabelo, estava ansiosa para ele levar logo.
Eu saí do quarto e ele cheirava os meus copos.
"O que está fazendo?" Ele continuou e fui até ele e tomei um copo das mãos dele, ele me encarou.
"Estou fazendo o que você sabe quem mandou fazer." Ele abriu a geladeira, pegou uma jarra de chá gelado e despejou na pia, eu rosnei.
"Pare com isso." Ele me encarou, Bravery era canino e um dos mais altos.
"Quer que dê certo? Entende a dádiva que será para nós se isso funcionar? Eu não gosto de humanas e mais de uma de vocês já disse pra mim que um acasalamento comigo não vale a pena sem um filhote. Eu não cobrei nada para vir aqui." Ele disse, eu me sentei na bancada. Ele jogou fora todos os líquidos que haviam na minha geladeira.
"Mas o que meu chá gelado e meu iogurte tem a ver com isso?" Bravery torceu a boca.
"Os outros dois." Ele disse e eu arregalei os olhos. Os outros dois leãozinhos! Na verdade um dos leãozinhos por que eu não conseguia imaginar Honest jogando sujo, ele era bom, era honrado. Mas Candid...
"Mas o que eu vou tomar? Só água?"
"Eu trouxe." Bravery abriu a porta da sacada e eu vi uma caixa.
"Só tome água dessas garrafas e tudo o que tomar coloque um pouco."
"Mesmo na casa de alguém?" Eu disse, dessa vez, ele sorriu.
"Não é pra sair daqui." Eu o olhei e ele deve ter visto que eu não ia fazer isso, não ia ficar presa naquele apartamentinho.
"Quer que dê certo ou não?" Bravery era direto e eu suspirei, ele estava certo.
"Hoje a noite você deve ir a esse endereço. Sozinha." Ele me mostrou um papel, eu li, ele rasgou o papel em vários pedacinhos e depois engoliu.
"Você está mesmo interessado em acasalar." Eu disse, ele acenou.
"Eu aceito seu filhote e você. Pense nisso. Simple disse que pode te fazer ter mais, meus." Ele cravou os olhos misturados em mim, eu mergulhei na mistura de dourado e verde, ele era mesmo muito bonito.
Eu sorri.
"Vou pensar." Ele olhou em volta, pegou as roupas na sacola e saiu do meu apartamento.
Eu voltei para a cama, estava com preguiça, mas depois de um tempo meu estômago roncou. Ele só se preocupou com as bebidas, então a comida estaria liberada? Eu precisava de um telefone para falar com Simple, isso sim.
Eu me levantei e vi que haviam algumas mensagens, eram de Rusty e também Sunshine, elas me convidavam para tomar café com elas. Já era tarde, eu resolvi ligar.
"Oi, Bonita adormecida!" Rusty me saldou quando atendeu.
"É Bela." Eu a corrigi rindo.
"Por que não veio tomar café com a gente, eu e Sunshine ligamos várias vezes, não viu as mensagens?" Ela perguntou.
"Não vi as mensagens, eu dormi e agora meu estômago está rugindo! Aceita almoçar mais cedo comigo?" Ela aceitou e disse que chamaria quem estivesse de folga.
Eu liguei para o refeitório e pedi carne, algumas frutas e um pudim. Eles perguntaram se eu iria querer refrigerante, eu achei melhor tomar só água mesmo, misturar água em qualquer coisa não me parecia bom.
Elas vieram, nós comemos e rimos muito, Rusty estava pensando em aceitar Flirt essa temporada, eu dei todo meu apoio, Flirt era divertido e muito quente na cama.
Depois do almoço, Creek veio me ver, ela parecia triste.
"O que foi?" Eu perguntei quando as outras se foram e ela ficou.
"Estou fora da equipe de Candid." Eu não soube o que dizer.
"Ele te expulsou?" Eu perguntei, ela se sentou perto de mim e eu segurei uma mão dela.
"Não. Eu saí. Candid não é..." Ela não continuou, eu sorri, triste.
"É, ele não é." Creek sorriu, também triste.
"Não quer contar?" Eu só queria dizer que eu estava ali. Ela me olhou, eu olhei de volta.
"Candid chamou Gabriel para a nossa equipe." Ela disse me encarando, eu suspirei.
"Creek..." O que eu poderia dizer? Nós já debatemos várias vezes sobre isso, eu era da opinião de que Gabriel deveria ficar em Fuller para sempre. Por mim, ele nunca teria sua vida de volta, um abusador não merecia perdão.
"Acha que um filhote vale isso?" Creek perguntou, eu alisei o rosto dela.
"Um filhote vale o mundo. Vale tudo o que eu tenho, tudo que eu sou, Creek. E não foi você que o deixou lá naquela cabana. Justice o acolheu quando ele voltou mesmo tendo tentado roubar o Sunny.  E meses depois Virtue nasceu. Coincidência? Pode ser, pode não ser. Se ele te der um filhote, não fique se sentindo culpada, querida. Ele fez coisas boas também não podemos nos esquecer disso. Jewel, Flora e Ann Sophie são as maiores provas disso." Ela suspirou eu a beijei na bochecha.
"Eu falei com kit." Ela contou eu a encarei.
"E..." Creek sorriu com carinho, ela e Kit eram felinas, poderiam ser até consideradas irmãs.
"Ela me mandou ir em frente. Disse que depois de tudo só Ann Sophie importava. Que se ele pudesse me dar um filhote que eu devia aceitar isso como uma dádiva. Que ele era quem era e me dar um filhote não mudava quem ele era, mas mudava a mim. Eu não devia perder essa oportunidade por causa de algo que ele fez. E é claro que ela disse que Sophia a perdoou e que ainda que não tivesse esquecido o que ele fez, ela não queria o mal dele." Eu sorri.
Sophia mudou kit. Quando Sophia a perdoou por quase tê-la matado, aquilo mudou o coração de Kit e eu e Creek estávamos vendo isso agora.
"O que você quer fazer?" Eu perguntei olhando para ela, ela se levantou e me mostrou um pozinho.
"Primeiro, quero jogar isso fora." Ela jogou o pozinho que estava num saquinho na pia e abriu a torneira.
"Candid te mandou fazer isso?" Eu disse, ela sorriu.
"Sim. Era uma exigência para que eu voltasse para a Equipe Candid, como ele chamou. Vou dizer que fiz, você vai contar?" Eu sorri.
"Claro que não. Eu não estou ligando para essa competição." Eu disse, ela voltou a se sentar e me abraçou.
"Eu também não, mas temos de fazer o jogo deles. Candid disse que o que Honest fez parece bom, estou torcendo por Chimes." Eu assenti, Chimes merecia.
"Ela e Adam estão aqui, não é?" Creek sorriu eu também. Eles estavam ficando no quarto a maior parte do tempo.
"Eu já vou. Tome cuidado com tudo o que você bebe, está bem?" Creek disse eu sorri.
"Simple cuidou disso." Ela acenou.
Eu me lembrei de Bravery dizendo para colocar aquela água em tudo que  eu bebesse. Será que deveria dar um pouco para Creek? Talvez fosse melhor não intervir, então eu me despedi dela com um beijo na bochecha.
Creek saiu e eu  comi o resto do pudim, Rusty não era muito de doces, eu já adorava e aquele pudim estava muito gostoso. Eu bocejei e voltei para a cama, mas não dormi.
Eu fiquei pensando no que Sophia fez com Kit e no jeito que Kit revidou. Sophia a cortou no rosto, Kit lhe esmagou a traquéia. Se não fosse Gabriel, Sophia poderia ter morrido, Kit nem ficou com cicatriz. Mas Sophia passou todo o tempo velando por Kit, orando por ela. Engraçado como eu sempre tive a certeza de que haviam humanos bons e durante um tempo Sophia era, pra mim, um exemplo disso. Mas aí, descobrimos que Sophia era Nova Espécie! Eu sorri, humanos eram o que eram, nós também. Gabriel fez coisas horendas, mas ele era responsável por Ann Sophie. Eu senti o sentimento estranho que sempre sentia quando pensava na minha gatinha brava que era como eu a chamava. Cabelos loiros e olhos azuis. Eu repeli aquele pensamento, o mandei para bem longe.
As horas demoravam a passar, a noite não chegava nunca! Eu resolvi dar uma caminhada e daí eu fui até a sala de treinamento. Eu entrei e no meio da grande sala dois filhotes estavam agarrados e vários machos e outros filhotes gritavam em volta. Os filhotes eram ruivos, eu acho que era um de Noble contra um de Honor, pois eles estavam em volta da área da luta torcendo cada um como o outro gêmeo do lado. Num momento um deles conseguiu ficar por cima do outro, mas o que estava por baixo conseguiu chutar o que estava por cima, o lançando bem longe, mas o filhote deu uma pirueta e caiu de pé. Todo mundo aplaudiu, até eu, foi muito ágil. Quando o filhote caído, que eu acho que era o de Honor se levantou, o de Noble saltou nele, mas foi jogado contra a parede, eu não entendi como. Noble correu até ele, o filhote abriu os olhos e Noble rosnou para Honor:
"Isso não vale!" Honor deu de ombros.
"Ninguém disse que não podia. Pólux venceu." Honor disse olhando para Bestial, Bestial deu de ombros.
"Da próxima, vamos deixar bem claro isso, mas agora, bom, eu acho que Pólux ganhou." Polux começou a pular e olhou para trás de mim e correu. Eu olhei para trás e vi Nove pegar Pólux no colo, o filhote o beijou e contou muito animado que tinha ganhado.
Mas Noble rugiu e ele e Honor começaram a discutir, o outro filhote, irmão do que lutou com Pólux voou nele nos braços de Nove.
Eu achei engraçado Nove colocar os filhotes no chão os separando. Eles voltaram a se engalfinhar, ele pediu ajuda, mas os pais estavam discutindo.
"Gente?" Ele disse, mas os outros dois se juntaram aos que brigavam em cima de Nove e daí ele ficou entre quatro filhotes ferozes, chutando e arranhando.
Noble e Honor se rondavam os outros adultos os provocavam doidos para verem aqueles gigantes lutarem e Nove ficou entre os quatro filhotes pedindo ajuda. Eu me aproximei e disse:
"Que feio! O que a avó de vocês vai pensar de tudo isso?"
Um dos  filhotes soltou o braço de Nove e me encarou:
"Qual delas?" Ele tinha os olhos mais claros, era um dos de Honor."
"Qualquer uma delas. E vocês são primos! Deviam ser amigos." Eu disse, Nove separou dois que se mordiam eu tive que rir. Eu peguei um deles, ele me olhou e rosnou. Eu rosnei de volta, ele sorriu, malandro. Igualzinho o sorriso de Candid.
"Vamos filhotes. Pólux venceu e só importa que eu saiba disso." Dois dos filhotes pularam no pai deles, Honor saiu com eles, Nove sorriu pra mim.
"Obrigado." Ele tinha um olho roxo e uma marca no meio do nariz, mostrando que foi quebrado e consertado. Ele era tão bonito!
"Padrinho?" Um dos filhotes de Honor o chamou, ele acenou e se foi.
Não era a conversa que eu esperava depois da noite que tivemos, mas talvez ele se portou daquele jeito por causa do que disse sobre me dar um filhote e não querer se envolver comigo.
Eu fui para a estrada, minha cabeça estava girando por causa de uma única coisa: um filhote dele seria idêntico a ele. Como poderíamos levar isso?
Mas eu estava ansiosa para o que a noite traria. Eu tomei toda a água que Bravery trouxe e a hora chegou. Eu peguei um jipe e fui dirigindo até o portão escondido e saí. Era numa cidade do entorno eu fui dirigindo passei pelo centro, pelo subúrbio e cheguei numa área industrial. Eu segui pela rua indicada e parei no número. Três, oito,  dois. Eu bati, era uma casa comum, meio fora de lugar no meio daqueles galpões.
Ele abriu a porta, eu entrei e vi que ele não estava mais com o olho roxo, nem com a marca no nariz. Machos curavam rápido e ele tinha uma genética superior, pelo que me disseram. Rusty contou que ele enfrentava Quinze por que se curava rápido. Qualquer outro macho ficaria no hospital depois de lutar com Quinze.
Eu olhei a sala, tudo estava limpo e impecável. Uma parede ostentava desenhos de filhotes, alguns tão bons que só podiam ser de John. Os desenhos estavam emoldurados e perfeitamente alinhados na parede. Eu toquei num, de Sophia, era um lindo trabalho em lápis de cor do tempo em que John era pequeno. Eu alisei o rosto perfeito que fez brass desistir da vida que eu e ele tentamos começar. Amor verdadeiro, ou Vínculo, não importava o nome, era o que era, perfeito, para sempre.
"O quarto é por aqui." Ele mostrou o corredor, eu o encarei, ele desviou os olhos. Totalmente diferente do Nove de hoje a tarde que sorriu agradecido com os olhos e presas por eu tê-lo salvado daquelas quatro ferinhas.
Eu pensei no dilema de Creek de aceitar um filhote vindo das mãos daquele estuprador. Será que eu e ela estávamos em situações diferentes? Haviam boatos de que quando chegou, Livie disse que leu a mente dele e o viu abusando de uma mulher.
Ela não soube o contexto e Honor e os leãozinhos colocaram Nove sob suas asas e nesses quase quatro anos ele se tornou uma espécie de pedreiro de acabamentos que trabalhava com Honor nos projetos das casas. O acabamento da casa de Joe foi todo feito por ele. Ele parecia um bom macho. Se fez o mal antes, eu resolvi não procurar saber.
Ele esperava, seus olhos estavam ávidos, eu fui na direção que ele indicou com o coração aos pulos.
Era um quarto comum, muito limpo, os lençóis tinham sido lavados a cama estava perfeitamente arrumada até as almofadas estavam alinhadas.
"Gostou? Simple me fez deixar do jeito que ele arrumou. Disse que se eu tirasse alguma coisa do lugar eu ia ver só." Ele sorriu. Eu o encarei, seus olhos estavam diferentes demais, olhos implacáveis, duros. Ele se aproximou e me virou.
"Vou ser rápido, você parece incomodada. Pense no filhote, só nisso." Ele disse e beijou minha nuca. Não estava incomodada, eu só queria que ele fosse o Nove que me sorriu de tarde. Até a voz estava mais seca.
A boca dele desceu por minha coluna o vestido que eu vesti tinha as costas nuas, era um bonito vestido, ele o rasgou e rasgou minha calcinha num segundo. Eu abri a boca para brigar com ele, ele me beijou na boca me invadindo com a língua, me trazendo para perto de seu corpo forte. Eu me afastei e rosnei.
"Esse vestido..." Ele me cortou:
"Estava entre você e eu. Eu quero você com loucura, como se você fosse uma cura para uma doença, um vestido não ia me impedir." Ele disse com as ventas do nariz abertas, eu o beijei, afinal, era só um vestido. Eu enfiei os dedos nos cabelos loiros, eram macios e estavam bem compridos, mais que eu notei a tarde. Ele me colocou na cama com cuidado como se não quisesse desarrumar o que Simple fez.
Ele me beijou subindo sobre meu corpo eu fiquei de costas com aquele macho gigante e musculoso sobre mim, a pele era quente, os lábios eram macios.
Ele desceu os lábios por meu pescoço mordendo minha pele da garganta de leve, eu rosnei, era bom, eu estava quente.
Nove chegou aos meus seios e mamou em mim, os lábios chupando meus mamilos alternadamente, com força, vibrando a língua grossa e mordendo com pouca força, tudo isso enquanto ele me tocava na buceta com um dedo. Eu fechei os olhos e o deixei me tocar, o deixei despertar meu corpo para um prazer onde gozar não era um fim, mas sim apenas uma parte do todo.
Ficamos a noite toda nos tocando, ele entrou em mim vezes seguidas, cada vez de uma forma diferente, ele me fez gozar entrando e saindo devagar, outras ele arremeteu seu pau com força me afundando com violência no colchão. Ele me colocou de quatro, me penetrou de lado. Eu chupei o pênis dele algumas vezes e uma vez seu pênis inchou na base como um canino, outra vez ele gozou nos meus seios, seu esperma estava mais quente como o dos felinos. Eu tenho uma boa resistência, mas Nove acabou comigo. Eu dormi olhando para os olhos diferentes dele, o azul tão intenso, o castanho tão claro. Dava para ficar olhando para aqueles olhos durante uma vida inteira.
Eu acordei na minha cama e aquilo sim foi estranho. Eu não me lembrava de ter ido embora, de ter voltado para a Reserva. Eu fui beber água e Bravery sorriu pra mim, ele estava sentado numa banqueta e com um copo cheio de água na mão.
Eu bebi a água, ele aumentou o sorriso.
"Seu pijama, por favor." Ele disse, eu vi que estava vestindo o mesmo pijama do dia anterior. Tudo teria sido um sonho?

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