CAPÍTULO 68

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Eu puxei meus cabelos, mas sem colocar força, James estava demorando muito.
Uma garçonete veio e eu pedi água, eu não iria conseguir comer. Ela sorriu, era uma humana bonita e eu sorri de volta.
Fingir ser Honest era muito melhor que fingir ser o devasso do Candid. Se eu estivesse fingindo ser ele teria de dizer algo obceno para a humana e, na possibilidade dela querer uma foda eu teria de fodê-la. Mas não Honest. Honest era desconfiado, eu tinha de olhar em volta toda hora, mas era muito melhor que ter de tocar numa fêmea desconhecida.
O toque do telefone me tirou desses devaneios idiotas, eu olhei o aparelho e era James.
"Fale, J." Ele não gostava que eu o chamasse assim e era exatamente por isso que eu chamava. Ele rosnou, eu ri. De nervoso, mas ele não sabia disso.
"Nada." Ele disse, eu suspirei. Eu tinha dado a ele a descrição dos lugares que Honest me passou, mas era uma visão e uma bem abstrata. Um castelo poderia indicar um país famoso por castelos, por exemplo.
"E o telefone de Ben?" Eu perguntei, eu não esperava nada com aquelas descrições, eu não iria sair pelo planeta, pois mesmo que houvesse um endereço, eram visões do futuro.
"A ligação partiu de um hotel. Estou te mandando o endereço." Ele disse.
O celular apitou, eu agradeci e ia desligar quando James perguntou:
"Honest vai ficar lá? Até você encontrá-la?" Era uma pergunta simples, mas cheia de significado.
"Eu não vou demorar a encontrá-la, J, eu só quero falar com ela." Eu disse.
"Você foi o motivo dela se afastar?" James fez a pergunta de milhões.
"Eu não sei. Acho que não, eu a vi a quase dois meses atrás, por que ela iria fugir agora?" Eu perguntei para James.
"Desde que vocês compartilharam sexo e você a tratou como uma prostituta?" James perguntou eu só rosnei.
"Bastava que ela não quisesse falar mais com você, isso realmente é estranho." James concluiu.
"Eu não sabia o que dizer quando ela perguntou se podia me esperar, eu..."
"Volte para casa, Sim. Falta muito pouco tempo para sua pena acabar, deixe Flora em paz." James disse, eu disse que o amava e desliguei.
Por que não era tão fácil assim. Desde aquele dia, eu passei a buscar o cheiro dela e me inundar dele, mesmo sendo apenas um traço, uma mínima porção. Fuller era longe de Homeland, me custava muito esforço sentí-la, mas ela estava lá. Mas agora!
Agora o cheiro de todo mundo me sufocava. E havia uma falta, uma carência, eu estava em agonia.
Eu fui até o aeroporto e peguei um avião. Eu não tinha levado nada, mas eu podia ir onde eu quisesse, bastava entrar na fila de embarque e sorrir para a comissária. O endereço não era muito longe, mas eu não podia deixar Honest em Fuller muito tempo.
O avião pousou, eu desci, um ou outro humano achou estranho eu estar de jeans e camiseta com aquele tempo, mas eu saí do aeroporto e tomei um táxi.
Phoenix. Uma mega cidade, muito populosa. Flora estaria se escondendo? Eu batia o pé no tapete do táxi, era um tormento entrar num carro onde milhares de humanos já tinham entrado, mas correr por aquelas ruas despertaria muita atenção.
O táxi parou e eu sorri de frustração. Que porra!
John estava ali. Eu não sabia se ficava alegre por James ter acertado, ou puto por talvez ter de lutar com aquele pau no cu. Mas eu faria isso.
Eu entrei e inspirei, o cheiro dela estava lá, mas...
"Ela não está mais aqui. Ela saiu essa manhã." John disse. Eu me virei, não importava onde ela estivesse eu a acharia.
"Simple." John segurou meu ombro, eu me virei e olhei em volta bem devagar. Eu estava deixando claro que se tivesse que destruir o hotel lutando com ele, eu faria.
"Vamos conversar? Eu não quero lutar." Ele disse. Um humano ia se aproximar eu inspirei e senti as mentes deles, eram muitos, mas não demais, então eu os suspendi.
John olhou em volta.
"Estão presos em seus corpos?" Eu dei de ombros e o encarei.
"Flora não quer você. Ela pode não me querer e se ela me disser isso olhando na minha cara, eu me afasto, mas até ela dizer, eu não vou parar. E não importará seu treinamento, seu tamanho, sua força, então saia do meu caminho." Eu pisquei e todos voltaram a se movimentar, o burburinho de suas conversas voltou a soar.
"Posso ajudá-los?" O humano se aproximou.
"Ele também queria notícias da minha amiga." John disse.
"Eu entendo. Todo o hotel foi atingido pelo... Carisma dela. Dos entregadores até às camareiras, todos iam ao quarto dela toda hora. Uma vez ela se sentou no restaurante e tivemos de colocar um segurança na mesa ao lado."
"Obrigado pelas informações." John tirou uma nota do bolso e entregou ao humano.
"De nada. Quando a vir, diga que ela pode se hospedar aqui sempre que quiser. De graça." O humano sorriu um grande sorriso e eu vi que ele foi muito exposto ao que Flora emanava.
"Vocês conversaram?" Eu perguntei, ele me olhou com os olhos duros.
"Sim, mas isso não é da sua conta." Ele disse e ia se afastando.
"Me diga cada palavra das conversas de vocês. Agora." Eu comandei.
Ele me olhou com os olhos vazios, eu o guiei até um sofá e ele falou. John sorria e se mostrava o idiota apaixonado que era, eu prestei bem atenção no que o humano contava.
E fiquei confuso. Pelo que o humano disse, Flora estava como sempre esteve. Mas não havia motivo para ela ter saído da Reserva.
"E ela gostava da atenção." O humano disse e até John franziu a testa.
"Como assim? Explique isso." O humano me olhou com seus olhos vazios e sorriu. Eu me afastei. Que porra era aquela? O cérebro deles era bem mais fácil de sentir que os nossos. Mas havia humanos e humanos.
"Ela adorava descer e se sentar nesse sofá. E todo mundo ficava olhando para ela. Ela é a mulher mais linda que eu já vi e devia ser assim para muita gente também, mas alguma coisa nos fazia ir até ela e ficar olhando para ela. E quando tudo parava, quando todos ficavam parados, esquecidos do que iam fazer, ela ria e voltava para o quarto."
Eu olhei para John, ele também achava estranho.
O humano piscou e eu entendi que ele tinha uma mente bem forte. Eu comandei que ele fosse se deitar e dormir, isso ajudaria com a dor de cabeça, eu e John subimos até o quarto em que Flora tinha ficado.
Tudo estava limpo e arrumando, não como eu faria, mas não estava ruim, eu me enchi com o cheiro dela, percebendo que ela tinha usado valeriana.
"Por que a valeriana?" John perguntou, pegando os lençóis e levando ao nariz. Eles já tinham trocado os lençóis.
"Não estamos sentindo o cheiro dela completamente. Estamos sentindo que ela esteve aqui." Aquela valeriana era das boas. Eu peguei o telefone.
"Sim?" Candid atendeu.
"Você deu valeriana para Flora?" Candid aprendeu fazer valeriana quando nós éramos bem novinhos e desde então ele sempre fazia. E a dele era muito melhor que a de Gabriel.
"Não que eu me lembre. Mas meu estoque fica na sua cabana, não é muito difícil de alguém pegar." Ele respondeu.
"Por que você não a deixa no laboratório? Lá tem tranca, porra!" Eu perguntei xingando.
"Por que somos a porra dos Novas Espécies e ninguém pega nada sem pedir. E usamos valeriana para tudo, você esqueceu a bicha histérica que você fica quando não passamos essa merda nas coisas? E eu preciso saber o que fazer com o Hon implantado. Estamos na casa de Wide."
"Você fez a merda. Você me disse que Honest tinha..." Eu engoli em seco. Pensar no tempo em que ficamos sem Honest me fazia relembrar a dor. Eu realmente pensei que o perderíamos. Os poucos traços do cheiro de Flora foram responsáveis por eu continuar acreditando, continuar vivendo naquela cela. Eu tinha de encontrá-la.
"É, mas agora temos dois deles e o implantado fodeu Lunna. Eu tive de sugestioná-la e enfiar uma PDS pela garganta dela. Dá pra você deixar Flora em paz e voltar?" Candid disse, eu suspirei.
"Só me dê o dia de hoje. Eu te amo." Eu disse e desliguei, John ficou olhando para mim. Outra merda. Ele era impossível de sugestionar.
"Dois Honests?" Ele perguntou, eu dei de ombros.
"O chip na mente de Doze deu problema, você sabe disso."
"Sim, provavelmente o chip que Bishop deu para Candid tinha também a alma de Doze. Mas pelo que..."
"Como você sabe disso?" Eu o cortei. Um John artista, músico, estrategista, imbatível numa luta e piloto eu podia suportar, mas um John cientista era demais para mim.
"Gabriel. Ele me explicou tudo sobre os Chips. Ele acha que Bishop também está nesse chip." Eu o encarei. Ele ergueu as sobrancelhas negras, eu tive tanta vontade de socar aquela cara perfeita que eu fechei os punhos.
"E por que aquele fodido de merda não contou dessa suspeita?" Eu perguntei com voz baixa tentando me controlar.
"Ele contou. Para Candid." Eu puxei meus cabelos. Com força, estavam ainda muito curtos mas deu pra sentir dor.
"Vamos sair daqui. Vou rastreá-la e quando encontrá-la, eu falo com ela."
John soltou o lençol e eu não pude sair do quarto é claro.
Eu arrumei tudo, até arrastei uma cômoda para a esquerda para que se alinhasse com a quina das paredes, John tentou me ajudar, eu rosnei, ele ficou na porta esperando.
Que saudade de olhar para um espaço e ver tudo simetricamente disposto! Pelo menos tão simétrico quanto fosse possível. O mundo voltou a fazer sentido, eu inspirei. E o cheiro de Flora embebido de Valeriana deixou aquele lugar especial.
Eu e John saímos do hotel, eu inspirei e sorri. Usar valeriana para se esconder era o pior erro que alguém podia fazer quando o perseguidor era eu. Era como fazer uma trilha de néon para eu seguir.
Nós corremos, John reclamou que estávamos nos afastando de onde ele tinha deixado o helicóptero, eu o ignorei. Depois de várias milhas na estrada, ele segurou meu braço, eu parei e rosnei para ele.
"Sim, essa estrada vai para Nevada." Ele disse, eu rosnei de novo.
"Simple! Quer ouvir, porra?" Eu olhei para a jugular dele, mas eu nunca poderia matá-lo, mesmo ele estando entre mim e Flora.
"Por que ela estava em Phoenix? E por que de lá, Flora foi para Nevada? E de carro! Nada faz sentido, Simple! Pensei que você fosse inteligente."
Eu olhei para ele, John saiu da estrada, estávamos num lugar alto, a amurada da estrada era de cimento, ele se sentou sobre ela. Eu subi e me equilibrei de pé, ver o vale lá embaixo acalmava minha essência felina.
"Eu preciso vê-la, John." Eu disse.
"Antes de ir para Homeland, depois que vocês... Ela foi até minha casa. Ela ainda cheirava a você, eu quase fui para Fuller te matar." Ele contou.
"Eu no seu lugar faria isso." Eu disse, ele me encarou. Eu o encarei de volta, olhei nos odiosos olhos de príncipe dele, de macho perfeito. Olhos incomuns, da cor de uísque. Os mesmos olhos de Bronzy.
"Ela me disse que desde o dia do zoológico, nunca mais foi a mesma. Que você se mostrar imune a ela mudou tudo." Eu suspirei.
"Eu não queria tocar nela, John, por sua causa. Você sempre a amou, eu não sentia o que sinto agora, eu mesmo não entendo direito o que houve. Eu acho que pode ser Fuller, pode ser por ter ficado preso e..."
"Você está dizendo que daqui a algum tempo pode não querer Flora mais?" John disse e se levantou da amurada.
Eu pulei e me aproximei dele, ele rosnou para mim.
"Eu nunca magoaria você, John. Eu te amo. Eu me afastei dela por sua causa. E havia Bronzy. Eu me afastei dela, mas eu queria muito resolver o problema do veneno. Bronzy é tão doce e tão pura... " Ele fechou a cara e eu me lembrei de Gift. Para Candid, Gift era mais poderoso que John, eu achava que ele só era mais cruel.
"Foi você, não é? Você se passou por Candid. Você mudou seu..." Ele me encarou, eu suspirei.
"Usando valeriana." Eu completei e fechei os olhos por um momento.
Não há como tirar o cheiro de algo, não completamente. O que a valeriana faz é confundir os receptores em nosso cérebro e assim aquilo que está envolvido em valeriana fica inodoro. E é possível mudar o cheiro de algo com ela, pois valeriana se espalha pelo ar em alta velocidade.
"Como?" John perguntou, eu me sentei na amurada de novo.
"Se você retirar a percepção de cheiro de uma coisa, no caso de uma pessoa, basta uma roupa, ou algo com o cheiro de outra e pronto." Eu expliquei.
"Acha que Flora fez isso?" John perguntou e eu me perguntei se eu devia contar minhas suspeitas para ele. Não. Melhor não.
"Não sei."
"Você não me respondeu, Simple. Acha que daqui a um tempo você fazer o que fez com Cassie? Ou Bronzy?" Ele perguntou, eu sorri.
"Você não sabe de nada, John."
"Então..." John começou, mas seu telefone tocou. Ele colocou no viva voz, era Flora.
"John?" Ela disse, meu coração disparou, John me olhou, eu rosnei. Ele também ouvia corações? Mas que porra!
"Oi, querida. Viemos atrás de você, mas você fugiu de nós. Por quê?"
A ligação ficou muda, eu engoli em seco. Tudo estava muito estranho, mas eu já tinha entendido um pouco daquela merda.
"Sim?" Ela disse meu nome, eu respondi:
"Oi, Flo. Por que correu de mim? Só por que eu disse que você era uma delícia?" Ela riu.
"Não foi por isso, Sim. Foi por que eu descobri que você não é diferente dos outros." Eu não entendi, mas foi John que perguntou:
"Você me disse que foi isso que o diferenciava, como agora você diz que ele é como todo mundo, como eu?"
"Agora não importa mais, John. Eu estou num aeroporto, meu vôo sai daqui a pouco."
"Se você não me quiser tudo bem, mas tem de dizer isso na minha cara. Você não é uma covarde, por que continua fugindo?"
"Por que eu me casei. Hoje. E eu não quero você rosnando para meu marido." Ela disse, eu fiz um som com a boca.
"Casamento humano! Não tem valor pra nós." Eu disse, John me olhou com raiva.
"Exatamente. O que te impediria de matar meu marido?"
"Você dizer na minha cara que não me quer, que quer a ele. Como é o nome desse humano?" Eu me sentia começar a ferver.
"Quem te disse que ele é humano? Mas a essa altura, você já sabe o que eu estava fazendo aí, não é? Pois você terá de escolher Simple. Ou vem atrás de mim e se frustra, ou me dá sua palavra de que vai me deixar em paz e poderá ficar com Bronzy."
Então era isso. Wide era um idiota. Ela e ele se tornaram amigos, ele contou sobre as missões que eu tinha lhe incumbido.
Ela ficou por uns dias no hotel, com certeza fez amigas lá. Amigas que ligariam para ela se um de nós aparecesse. Amigas que guardariam algo para ela. E que destruiriam esse algo se ela ligasse e pedisse para destruir.
"Então é isso? Eu te deixo ir com seu 'marido' e você me dá a cura para Bronzy? Nunca imaginei que você usaria alguém dessa forma."
"Temos de usar o que temos à mão. E Honest vai acabar achando um antídoto, não estarei prejudicando Bronzy. Mas você tem a chance de mudar o destino dela agora. Cure Bronzy, Sim. Viva um grande amor com ela e eu viverei o meu. Se decidir vir atrás de mim, não vai chegar antes do meu avião partir, e se não voltar para o hotel em uma hora, minha amiga destruirá o antídoto." Ela disse, mas se ela chegou a esse ponto para me evitar, havia alguma razão escondida. E eu era paciente, então decidi perder essa batalha.
"Flora, isso tudo está muito estranho. Eu vou continuar te procurando, vou usar todos os recursos da força tarefa para isso." John disse, mas eu neguei com a cabeça.
Ele me encarou, viu que eu me rendia e rosnou.
"Boa sorte com isso." Ela disse e desligou.
John pegou o aparelho e ia ligar para alguém, provavelmente James ou Kismet, que era o cérebro da força tarefa, mas eu o impedi.
"Não." John rosnou de novo e ia me socar, eu segurei seu braço.
"Não, John. Ela planejou tudo isso. Eu vou encontrá-la, mas não posso deixar os meses que eu fiquei em Fuller não servirem de nada. Há o problema do chip de Doze, há o fato de que o burro do Honest sugestionou Darkness para que Tiger fosse para Fuller. Eu não posso ir atrás dela agora."
"Honest fez o quê?" John disse, eu comecei a correr de volta para o hotel, era uma longa distância. De todos que Hon podia ter feito Darkness trocar a direção de Fuller, ele escolheu logo Tiger que também tinha a mente fechada.
Enquanto eu corria, eu me lembrei que quando de saí de Fuller e não encontrei nada, Breeze tinha indo lá e visto que eu não estava. E foi por isso que essa história de aposta começou. Também foi por isso que eu enviei Wide no tal endereço, mas eu não o autorizei a arrombar o armário, então ele só confirmou que eu estava certo e voltou.
E aí, tanto as coisas aconteceram! Principalmente a falha no chip de Honest e a decisão de tentar trazer o Honest real de volta. Eu acabei deixando a questão do veneno para depois.
Eu cheguei no hotel faltando poucos minutos para a hora que Flora me deu acabar, uma fêmea humana estava na porta me aguardando. Ela me deu o embrulho que segurava e voltou para dentro. Eu abri e era uma caixinha térmica com alguns frasquinhos que continham um líquido branco e um, maior, que continha um líquido amarelado. Eu cheirei e não senti o cheiro dela, mas senti o cheiro de um humano. O cúmplice de Samantha. Um humano que talvez nem sabia o que guardava. Flora deve ter ido até ele sorrindo e ele entregou tudo o que ela pediu.
John ainda demorou a chegar, o que significava que eu era mais rápido que ele, o que não era muita coisa, mas seria legal jogar isso na cara perfeita dele algum dia.
Ele parou e colocou as mãos nos joelhos, respirando com dificuldade, eu sorri.
"E..." Ele não teve voz para perguntar.
"O antídoto para Bronzy." Eu mostrei a caixinha, ele me encarou ainda sem fôlego.
"Não... Quero... Suas... Mãos sujas... Nela." Ele disse e eu ri. Um riso um tanto amargo e meio triste também, mas um riso.

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