CAPÍTULO 39

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Eu sabia que ele estava no teto, não me pergunte como, mas eu sabia. A noite estava bonita, fria, mas ainda assim agradável, então, eu decidi subir até lá. Eu não me preocupei com o que vestir, eu fui de pijama mesmo, ele vestia a mesma roupa. Ele gostava de jeans mesmo que ficasse bem justo em suas pernas fortes, se eu fosse ser sincera comigo mesma admitiria que Nove, o bonzinho, vivia de moletons, ele não, outra coisa que os diferenciava. ele nunca fingiu ser Nove, eu só não sabia da existencia dele.
Ele não se virou quanto eu sai no terraço, eu fui até ele e fiquei parada lá olhando a noite. Dava pra ver muitas das casas da área familiar, a de Brass mesmo era a mais próxima. havia a montanha dos filhotes de Valiant, a própria colina da casa do Grande Leão, a casa de Vengeance, enorme, com jardins na frente e atrás. Haviam as menores que eu via só o telhado, como a de Harley e a de Flame. Já estavam me perguntando se eu iria construir uma casa para mim, mas eu sempre quis morar em Homeland. Acho que depois de tanto tempo faria bem um filhote crescer lá.
"Vengence disse que vai me dar uma casa. Ele disse que poderia ser entre a casa dele e a de Silent. O que você acha?" ele perguntou, eu me sentei na beirada do telhado.
"Eu moro em Homeland. Eu gosto do pessoal daqui, mas minha casa é lá." Ele assentiu e ficamos um bom tempo em silêncio. Ele se sentou também.
"Eu tenho Nove, que agora se chama Broad e Vengeance, ainda que eu acho que agora não dá mais para ser pai dele, mas ele disse que me quer por perto. Se eu e ele nos assumirmos como família, eu..." Eu o olhei com os olhos arregalados, como assim pai de Vengeance? Vengeance era de primeira geração, e ele não tinha nada de Wide!
"É estranho não é?" Ele disse devido a minha cara de assombro.
"Como?" Eu perguntei, ele se aproximou e pegou minha mão.
"Minha espécie foi a primeira a ser criada, somos uma mistura das três espécies padrão e ainda temos uma aparência mais humana, diferente dos outros."
Ele começou. Eu já sabia disso, eu estava lá quando acharam Silent numa instalação preso numa jaula. Ele parecia uma montanha de pêlos, quando entraram na jaula, ele rugiu e uivou. Alguns dias depois, quando rasparam todo o pêlo, inclusive seus cabelos, eu me surpreendi com a beleza dele.
"A maioria de nós, porém, não tinha um bom intelecto, acho que o mais inteligente era eu, o que não gostaram nada. Nós crescemos muito rápido, com uns sete anos já éramos maiores que os cientistas. Eles nos trataram bem no início, mas estavam procurando uma maneira mais fácil e menos custosa, uma vez que as fêmeas humanas que nos levaram no ventre morreram." Ele parou de falar, eu passei a mão em minha barriga, o medo me tomando.
"Não tenha medo, você é forte." Ele disse colocando a mão por sobre a minha, eu coloquei a outra mão sobre a dele.
"E então, os primeiros 'produtos únicos', como chamaram, nasceram. Primatas. Eu me lembro de um em particular que tinha os olhos vermelhos, muito vermelhos, era estranho. Outro tinha os cabelos brancos, talvez possa ser avô de Doze. Eu ando por aqui a quatro anos e se quer saber, todos são membros de uma grande família." Eu sorri, era bom saber algo de nossa origem.
"Nessa época, eu e Oito, que também não era como os outros, cuidávamos das crianças e eu adorava! Eu e Silent somos gêmeos, ele porém, demorou muito para falar e por isso ele ficava mais isolado, mas eu e Oito! Nós corríamos atrás das crianças no pátio, Oito carregava uns quatro deles de uma vez!" Ele sorriu para mim, eu levei a mão dele aos lábios e beijei.
"Mas então, fizemos dez anos e já tinham criado alguns felinos e caninos. Assim, tanto nós quanto os primatas perdemos o valor. Eles eram muito inteligentes, mesmo com pouca idade. E eram violentos. Exatamente o que Mercille queria. Soldados." Eu me lembrei de algumas vezes em que nos colocavam nas jaulas dos machos. Eles nos olhavam com um olhar vazio, muitas das vezes estavam sob o efeito de drogas. Eu balancei a cabeça tentando esquecer esse período triste da minha vida.
"E chegou o momento de procriarmos. Eles não nos deixaram tocar as fêmeas, mas pelo que parecia nosso sêmen não era difícil de congelar, pois eles diziam que não fariam muitos de nós, mas se nossa segunda geração fosse inteligente seríamos vendidos para o exército. E foi um desastre. Eles colocaram as fêmeas grávidas numa grande cela, ao lado da nossa, nós íamos vê-las de vez em quando, a que estava grávida de mim se chamava Silvie. E então uma a uma começou a entrar em trabalho de parto e morrer. A grávida de Oito se chamava Cora, quando ela começou a gritar, Oito enlouqueceu e quebrou a parede que dividia as jaulas, ele a abraçou, mas o bebê a rasgou e morreu nos braços dele. Oito saiu matando tudo a sua volta, até matarem ele." Eu deixei uma lágrima rolar em meu rosto por Oito. Nosso povo nasceu marcado por sofrimento e morte, eu nunca esqueceria isso.
Ele enxugou meu rosto com o dedo e sorriu tristemente.
"Oito era bom, ele não entendia tudo a sua volta, mas era carinhoso. Eu não fiz nada quando o mataram, por medo de machucarem Silvie, eu só sofri a morte dele em silêncio. Silent pareceu ficar em choque quando o filhote dele nasceu morto, a fêmea conseguiu sentir as cores do parto, eles a levaram para a sala de parto, fizeram o parto e ela talvez tenha sobrevivido, não a vimos mais. Mas Silent ficou ainda mais calado." Eu suspirei. Eles eram crianças!
"E então, foi a vez de Silvie morrer. Eu já sabia, ela sangrou algumas vezes até morrer com o filhote no ventre." Ele sorriu, seus olhos muito tristes, eu o beijei de leve na boca. Ele se afastou, ele queria contar tudo.
"E aí, vieram vocês. Lindas e poderosas, eu vi uma quando era bem novinha, mas já era bem forte e tinha um olhar inteligente. Algumas eram deixadas a ficar com a gente por um tempo, meus irmãos ficavam sorrindo o tempo todo em que ficavam no pátio conosco. Eu me lembro de Três, ele parecia achar que elas eram bonecas, ele as pegava no colo e cantava para dormirem."
Eu o encarei e perguntei:
"Sua instalação não parece com a que eu fiquei. Lá eu só ficava em minha jaula, só saía para compartilhar sexo com os machos, ou traziam os machos para minha cela." Ele fez um barulho quando eu falei em compartilhar sexo com outros machos, mas respondeu:
"Eu sou um dos primeiros. Mercille foi mudando de estratégia e de propósito com o tempo. No início, ficávamos em duas grandes celas, cinco em cada cela, mas íamos para o pátio e também podíamos ir de uma cela para a outra. Haviam salas em que fazíamos testes, salas em que nós éramos tratados. Era um lugar bem grande." Eu entendi. Eles começaram sem saber direito o que poderiam lucrar com a experiência. Depois foram se adaptando.
"Um dia, me separaram e levaram para uma cela e lá estava ela. Linda, com cabelos enormes e muito forte. Ela sorriu, eu olhei para o técnico, ele me disse que eu tinha tirado a sorte grande. É claro que eu era o mais inteligente e seria lógico que tentariam comigo." Ele fechou os olhos, uma onde de ciúme irracional me tomou, eu apertei os lábios. Quase não queria ouvir. Mas ele já tinha me contado da mãe de Nove, agora Broad, então eu fiquei calada e esperei.
"Eu me aproximei dela, ela sorriu. Seus olhos eram incríveis, azuis, brilhantes." Eu ergui uma sobrancelha, ele negou com a cabeça.
"Não era a mãe de Vengeance. Mas as duas eram parecidas. E eu a cobri, como diziam. Eu não queria que a tirassem da jaula, eu matei um técnico quando foi buscá-la, eles acabaram nos deixando juntos. E Broad nasceu e ela morreu. Seu número era sessenta e sete." Ele parou um pouco de falar, eu não disse nada.
"Eles trouxeram Broad e me deram, eu me apaixonei por ele. Silent estava em outra jaula, eu fiquei com meu bebê por um ano ou mais, foi um bom ano. Ele aprendeu a falar bem rápido, logo corria e saltava pela nossa jaula e..." Ele engoliu em seco, eu passei um braço pelos ombros dele.
"E acabaram me tirando ele. E durante muito tempo eu fui deixado em paz, eles estavam muito ocupados criando vocês. Hoje eu acredito que o cientista chefe escondeu que conseguiu fazer um de nós procriar, pois eles me tiraram Broad simplesmente por que ele era um clone. Eu acho que o colocaram com Sete, ele era bem carinhoso, ainda que muito burro, o pior de nós. Depois o colocaram com Silent, eu acho que ficaram juntos por muitos anos até Broad matar alguns técnicos e então o darem para Brenner. Eu não sei o tempo certo mas acho que uns quinze anos depois do nascimento de Broad, quiseram outro clone meu. Usaram uma fêmea muito parecida com sessenta e sete, acho que era gêmea dela, ainda que ela não falou comigo.
Eu tentei falar com ela, mas ela desviou o olhar, ela era totalmente diferente. E me encheram de drogas, eu fiquei totalmente louco de tesão, não sei como não a matei. Ficamos dias fazendo sexo, eu só a soltei quando meu coração pareceu explodir de exaustão. Ela aguentou bem e quando vieram tirá-la, ela saiu sem nem me olhar."
"Eu não a vi mais durante uns meses, mas quando ela entrou em trabalho de parto, eu a ouvi uivar. E depois ouvi o choro do bebê, um choro forte. Os cientistas comemoraram, mas por pouco tempo, logo eu não senti mais o cheiro dela na instalação. Nem do bebê. Mas quando ele ainda estava na instalação eu pude perceber algo estranho: ele não cheirava como se fosse meu. Broad cheira como eu, temos o mesmo cheiro, como Sunny cheira como Silent, mas aquele bebê não tinha o meu cheiro, ele cheirava como ela." Eu me levantei, minha cabeça girava. Vengeance filhote de Wide. Incrível!
Mas se eu fosse pensar bem, fazia sentido. Vengeance não era como os outros, ele sempre foi diferente. Ele ficou na pior instalação, teve seu corpo abusado e drogado como nenhum outro, mas resistiu. E tinha todos aqueles clones e filhotes.
"Vamos para seu apartamento? É claro que..." Eu o cortei.
"Vamos." Ele me pegou nos braços e saltou na minha varanda, o barulho foi enorme, eu pensei que a estrutura não aguentaria.
Entramos, ele me colocou sobre meus pés, eu lhe toquei o rosto.
"Você quer ficar comigo, Breeze? Por que tanto Broad quanto Vengeance não precisam de mim aqui. Se quiser que eu vá para Homeland com você eu vou." Ele disse beijando a palma da minha mão.
"Podemos visitá-los." Eu disse, ele sorriu.
"Podemos." Ele disse e eu entendi o que ele quis dizer. Estávamos juntos nessa e quando ele me beijou, eu tirei do coração o pesar pelas minhas irmãs.
Os pestinhas também tinham conseguido, se algumas delas quisessem, poderiam ser mães. Eu iria agradecer a Deus e fazer valer a dádiva que era ter Wide. E comecei nesse mesmo momento, o beijando como a raridade que ele era.
Eu reverenciei com a boca, ele se deixou beijar e me deu o controle. Só isso já significava que seria uma noite especial, Wide era possessivo e controlador. Mas toda aquela noite eu teria o controle e usaria isso para dar-lhe prazer. Muito prazer.
Eu o levei para o quarto, o despi, ele ficou nu, eu o beijei todo. Cada canto daquele corpo forte teve a atenção da minha boca, dos meus dentes e das minhas mãos. Ele rosnou quando eu mordi seus mamilos, eu vibrei minha língua sobre os relevos intumescidos, foi gostoso. Eu dei uma atenção especial ao pescoço forte, ele me deu acesso, eu o beijei e lambi sobre sua forte pulsação, ele rosnou. Eu o beijei, ele tentou tirar minha blusa do pijama, eu tirei as mãos dele de mim. Ele baixou os braços, eu sorri malvada. Ele era enorme e eu levei muito tempo me deliciando com a pele quente até colocar seu pênis em minha boca. Eu tive de abrir minha boca ao máximo e ainda tomar cuidado com as minhas presas, não era fácil fazer aquilo, mas ele gostava bastante, então valeu a pena. E foi rápido, eu tinha estimulado ele demais, com pouco tempo em que eu chupava a grande cabeça, ele jorrou sua semente. Seu penis inchou na base em minhas mãos, ele deu de ombros com um sorriso, eu sorri também.
"Quando vou poder te colocar de quatro?" Ele perguntou, eu sorri e o empurrei sobre a cama. Ele se deitou de costas e eu recomecei o trabalho delicioso de chupar e morder todos aqueles músculos. Ele rosnou e tentou me puxar por sobre ele, eu empurrei suas mãos, mas me sentei sobre seu pênis, o falo grosso entrou com facilidade, eu estava muito excitada.
E eu tomei meu tempo sentada sobre Wide. Ele rosnava e tentava me segurar, eu tirava as mãos dele de mim, ele descansava as mãos ao lado de sua cabeça, mas logo voltava a tentar tomar o controle, a ditar o ritmo. Eu, porém, levei meu próprio ritmo, lento, subindo e descendo pelo pênis dele aproveitando cada centímetro daquela coluna impressionante. Ele fechou os olhos e rugiu assim que eu me movi mais rápido, eu senti o calor dos jatos e aquilo me fez gozar. Eu uivei, foi um clímax de revirar os olhos, Wide aproveitou e me colocou de quatro, entrando em mim por trás com firmeza. E aí, foi a vez dele.
Wide entrou e saiu de dentro de mim com força e rapidez, a cama batia contra a parede, parecia que o quarto todo tremia, ou todo o mundo. Tudo ficou mais colorido com o êxtase que me tomou enquanto ele entrava e saía violentamente de mim, então minha realidade estava sendo alterada, só podia.
Ele rugiu dessa vez, mas não inchou, nem seu sêmen pareceu tão quente. Uma mistura, era o que ele era. A minha mistura.

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