CAPÍTULO 52

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"Quer fazer uma coisa muito, mas muito idiota comigo?" Eu fiquei pensando no tamanho dessa coisa enquanto Candid falava com alguém no telefone.
"Quer fazer uma coisa muito, mas muito idiota comigo?" Eu ainda estava com o coração acelerado, por que ele fez essa pergunta quando abriu a porta, eu tinha ido lá para conversar com ele sobre Bronzy.
É claro que minha mente criou vários cenários para quando eu entrasse na cabana, na maioria deles, Candid me beijava de um jeito tão tórrido que não haveria tempo de falar sobre Bronzy.
Mas aconteceu dele estar falando com Simple, de Simple precisar de ajuda e o motivo para ele ter mandado Gift me dar aquele bilhete foi esquecido.
Ele entrou no quarto da cabana eu fui atrás, quando passei pela porta ele sorriu e bateu na cama para que eu me sentasse. Eu olhei em volta, a cama estava desarrumada, ele devia ter dormido ali, eu torci as mãos.
"Temos de passar valeriana." Ele me estendeu um frasco branco, eu fiquei olhando para ele sem reação.
Valeriana não era aquela coisa que tirava o cheiro corporal? Eu apertei meus lábios, eu não era de fazer coisas erradas. E sequestrar uma filhote era algo muito além de errado.
"É como passar repelente, veja." Ele sorriu travesso e passou o aerosol por seu tronco que estava despido. Eu fingi que olhar para aquele peitoral super desenvolvido não era nada demais, por que não era, ele não era diferente de nenhum outro, o próprio Gift era muito forte, diziam que ele era mais forte que John. Mas ficar frente a frente com todos aqueles músculos e aquela pele bronzeada e quente era algo novo. E era Candid! Quando ele passou a mexer comigo?
Ele me deu o frasco de novo, eu apertei o botão e passei a mistura fria por meus braços e colo. Ele me olhava com uma fisionomia séria. Tão diferente da debochada de sempre!
"Bom, e aqui chegamos na parte embaraçosa. Para dar certo tem de passar por todo o corpo. Todo. Cabelos, pescoço, meio dos seios, meio das pernas..." Ele disse e se virou. Eu arregalei os olhos quando ele baixou a calça e passou o spray por suas pernas e... Eu não conseguia tirar os olhos da bunda dele. Ele era muito forte e tinha uma bunda perfeita. Minha mão coçou para alisar aqueles montes. Ele passou o spray por todo o corpo, ainda de costas para mim, subiu a calça de moletom velha que usava e me passou o frasco.
Eu fiquei com o frasco na minha mão, parada.
"Pode usar o banheiro se quiser." Ele apontou uma porta a direita. Haviam duas portas naquela parede, a outra devia ser o closet.
Eu entrei no banheiro e quando tirei meu vestido e minha calcinha eu tremia. Minha calcinha estava úmida, eu estava sem chão.
Eu passei o spray, a sensação era fria. Eu passei bem, mas passei rapidamente, eu tinha medo dele abrir a porta. Era só ter trancado, mas eu só pensei nisso quando saí do banheiro.
Ele tinha trocado de roupa, vestia uma calça e uma camiseta preta. Eu olhei para a cama e havia um conjunto de moletom também preto.
"Você está linda nesse vestido, mas iremos precisar correr." Ele disse, eu peguei a roupa e voltei ao banheiro e dessa vez tranquei a porta. Eu sorri me lembrando de quando Gift me pegou trocando de roupa no quarto de Sarah, aquele demônio! Eu estava passando uma blusa pela cabeça e quando terminei de vestir a blusa, ele estava lá. Eu joguei um enfeite de Sarah na cabeça dele, ele o pegou no ar e disse que achava que as fêmeas combinavam a cor da calcinha com a do sutiã. E ainda perguntou porque eu vestia sutiã se não tinha seios ainda.
Eu saí do banheiro e parei ao ver Jewel no quarto.
"Oi, Ann Sophie." Ela disse me olhando com uma expressão maldosa e eu vi que ela imaginava que tinha o fato de eu estar ali contra mim, já que com certeza ela sabia que Bronzy gostava de Candid.
"Eu achei melhor usar de inteligência, uma vez que não sou capaz de enfrentar Bestial e Quinze juntos." Candid disse, Jewel acrescentou:
"E nem separados." Ele ergueu uma sobrancelha.
"Eu poderia dizer que você está errada, mas..." Candid sorriu.
"Eu estou certa. Eu sempre estou certa." Ele deu de ombros e jogou uma roupa preta para ela.
"O banheiro é ali." Candid disse e indicou o banheiro.
"Não vou passar Valeriana?" Jewel perguntou, Candid negou com a cabeça.
"Você a ajudou a passar?" Jewel perguntou, mas eu não ia deixar aquela peste me interrogar.
"Isso não é da sua conta." Eu disse fazendo cara de malvada. Minha mãe me ensinou que com vadias se deve ser uma também e Jewel estava sendo uma vadia, então eu também seria.
Ela entrou no banheiro eu olhei para Candid ele tinha um sorrisinho no rosto, me deu vontade de socar aqueles lábios bem feitos.
Eu fui para a sala imaginando como eu poderia ajudar, eu não saberia mentir se fosse o caso e nem lutar. Eu era boa lutando, papai me colocou naquelas aulas de lutas que os humanos colocam seus filhotes, e eu era imbatível. É claro que uma filhote Nova Espécie como eu teria vantagem sobre as crianças humanas, mas eu acabei lutando com crianças humanas muito mais velhas que eu e ainda assim eu vencia. Mas nunca lutei pra valer.
Candid e Jewel saíram do quarto, Candid abriu uma gaveta, tirou um elástico de cabelo de lá e me estendeu, eu prendi meus cabelos. Jewel não quis prender os dela.
"Vamos." Ele disse e saímos correndo. A casa de Rebbeca e da doutora ficava na área do Zoológico, era como se ficasse em outra cidade, era longe. Mas eu gostava muito de correr e dei vazão àquela vontade. Corremos, Jewel seguiu nosso ritmo e quando Candid fez sinal para pararmos, ela não estava mais ofegante que eu. Ela não era uma humana comum. Eu nunca me importei com isso, eu sempre a vi como uma fêmea, mas mais por ser filhote de Bells do que por realmente ser como nós.
"Você entendeu o que deve fazer?" Candid perguntou para Jewel, ela revirou os olhos.
"Sim." Ela disse, Candid fez sinal para que eu e ele subíssemos numa árvore e Jewel correu até a casa de Missy.
Eu estava curiosa, Candid não me disse nada, mas eu ouvi sussurros quando os dois estavam no quarto. Eu ainda me perguntava o que eu fazia ali.
"Por que estou aqui?" Eu sussurrei para ele, Candid sorriu.
"Você faria o que Jewel está fazendo, mas se sentirem o cheiro dela, vão achar que se trata de mais uma travessura de Jewel. Vão se preocupar, mas não tanto quanto iriam se Missy simplesmente desaparecesse de seu quarto." Eu assenti.
Estávamos um pouco distante, mas eu podia ouvir o som de Quinze e Rebbeca compartilhando sexo, assim como Mônica e Bestial.
Eu baixei os olhos, Candid riu.
"Isso é uma vantagem. Não vão perceber até amanhã." Eu não disse nada. Era como na minha casa, ainda que o barulho não era alto, mas eu até sentia o cheiro às vezes. Filhotes cresciam ouvindo seus pais compartilhando sexo, era algo da vida.
Eu olhei para a casa e vi Jewel saltando e entrando por uma janela lateral, devia ser o quarto de Missy. Eu e Candid prendemos a respiração com a expectativa, parecia que meu coração batia em meus ouvidos.
Mas não demorou muito e Jewel pulou a mesma janela e saiu correndo com um volume nos ombros, devia ser Missy desacordada. Ela era mesmo muito forte, Missy era maior que ela, Missy era quase do meu tamanho e eu era bem alta.
Eu e Candid descemos da árvore pousando no chão com leveza, sempre que eu fazia algo como aquilo eu ficava orgulhosa da minha herança felina. Nós corremos, mas Candid não ia muito rápido, eu o olhei ele parou.
"Ela vai para o lugar que combinamos, nós vamos chegar depois." Ele disse olhando para todos os lados. Eu acenei e continuamos correndo, mas em baixa velocidade. Dava até para conversar e eu perguntei:
"Por estamos fazendo isso? O que Simple quer com Missy? E por que sequestrá-la?" Eu perguntei. Todos na Reserva fariam o que fosse preciso por Simple. Bestial mesmo levaria Missy até Fuller se fosse preciso.
Embora, talvez não fosse assim. Bestial era um membro do Conselho, Simple estava preso para evitar que questionassem a autoridade e até a necessidade de se haver um Conselho.
Pensando bem, Bestial não levaria Missy lá.
"Eu não sei, Simple não explica as ordens que ele dá." Candid disse, eu entendi. Simple estava preso e sem ter feito nada.Candid sentia que tinha de fazer o que ele pedisse não importava o que fosse e eu o admirava por isso. Sequestrar Missy não era certo, mas ele nunca machucaria ela, a faria sentir medo ou qualquer coisa do tipo. Simple amava todos ali, principalmente os filhotes e era amado por eles. Candid também nunca faria mal a Missy.
Todo mundo admirava o amor fraternal deles. Era um amor puro, diziam que mesmo adultos eles ainda dormiam juntos como quando eram bebezinhos. Eu entrei uma vez no quarto deles com Daisy, era noite e eles não estavam. Daisy foi até o armário de brinquedos deles e tirou um vídeo game de lá, nós jogamos durante toda a noite, foi divertido, mas Daisy e Violet diziam que a cereja do bolo seria quando vissem que elas entraram no quarto deles e pegaram algo deles sem permissão. Na hora, eu me senti um pouco mal com isso, por que aquilo era errado e eu tinha certeza de que era só pedir e eles nos deixariam jogar, para mim eles eram uns amores. Mas aí no dia seguinte, eu acordei com Honest apertando meu pescoço, eles estavam putos. Cada um deles tinha pegado uma de nós, Simple segurava o pescoço de Daisy. Honest não apertou muito, ele tinha os olhos um pouco sonolentos na verdade. Candid também não segurava Violet com muita força, ele e Honest só queriam evitar que eu e Violet gritássemos, o embate era entre Simple e Daisy. Ele exigiu que nós ficássemos longe das coisas deles, o olhar dele era bem malvado, eu tive medo. Daisy o enfrentou lhe dando uma cabeçada no nariz, ele rosnou e a jogou longe. Daisy saltou e...
"Ann?" Eu o encarei, estávamos andando agora.
"Eu estava me lembrando do dia que pegamos o vídeo game de vocês." Eu disse, ele sorriu.
"Daisy! Hon pegou leve com ela e levou a pior. Eu tive que colocar o nariz dele no lugar." Ele riu.
"Não foi Honest, foi Simple." Ele ergueu as sobrancelhas.
"É, é mesmo." Eu o encarei, ele sorriu.
"Você confundia seus irmãos?" Seria a coisa mais inacreditável de se acontecer.
"Não. Eu confundi a história. Daisy brigou com todos nós." Isso eu acreditava, Daisy era terrível.
Ele parou e inspirou. Eu me localizei, estávamos na Zona Selvagem, bem no meio dela.
"Consegue sentir o cheiro de Jewel?" Eu perguntei ele assentiu.
"Sim. O dela e de..." Ele se abaixou em posição de luta e eu gritei quando uma sombra o atacou. Candid aparou o ataque e lançou quem o tinha atacado longe. O macho mal tocou o chão e já saltava de volta em Candid e eu paralisei.
"Sheer! Sou eu, o tio Cam!" Candid disse depois de levar um soco na cabeça, um soco tão violento que sua cabeça balançou como o badalo de um sino.
Sheer rosnou e atacou de novo, Candid o socou de volta, eu me encolhi com a força do golpe.
Mas Sheer apenas rugiu e gritou 'Missy!' E voltou a atacar. Ele estava irreconhecível, seus olhos transbordavam sangue pelas órbitas e seus dentes estavam para fora, suas presas eram enormes. Candid o jogou contra uma árvore, ele bateu na árvore caiu de cara no chão, mas voltou a saltar em Candid. Dessa vez ele conseguiu ficar sobre o corpo de Candid e lhe deu vários socos no rosto, Candid o arranhou no pescoço o sangue voou, mas ele continuou socando. Eu peguei um galho grosso caído e bati na cabeça dele com toda a minha força, ele largou Candid e ficou de pé. Eu dei um passo para trás, eu estava trêmula de medo, até meus dentes batiam uns nos outros, mas não soltei o galho. Ele rugiu, eu chiei para ele e dei mais uma paulada na cabeça dele, de lado, o galho quase quebrou. Ele abriu as narinas e sorriu, minhas pernas quase não aguentavam o meu peso. Eu dei outra paulada nele, ele segurou o galho e puxou, eu soltei, não seria idiota de competir com a força dele.
"Sheer! Sou eu, a Ann!" Ele piscou, Candid o garroteou pelo pescoço, ele tentou lançar Candid por sobre seu corpo, mas Candid cruzou as pernas pela cintura dele e apertou. Sheer rosnou e rosnou, eu queria ajudar, então soquei o rosto dele, ele rugiu. Candid continuou segurando bem firme e eu o soquei várias vezes no rosto até que Sheer desabou, caindo sobre Candid, o barulho dos corpos gigantes batendo no chão foi assombroso. Candid fez um som de dor, mas continuou segurando Sheer pelo pescoço, até ter certeza de que ele apagou mesmo.
"Cam? Você está bem?" Eu perguntei, ele fechou os olhos.
"Me sinto como se um caminhão estivesse passado por cima de mim, mas fora isso, estou bem." Ele disse, se contorcendo debaixo do corpo de Sheer até empurrar seu sobrinho para o lado e se levantar. Ele se abaixou novamente e examinou Sheer, eu ainda estava muito assustada. Sheer tinha os olhos fechados, o rosto sujo de sangue ainda era extremamente bonito e em nada lembrava o rosto horrível que rugiu para mim.
"Você foi corajosa." Ele disse, eu balancei a cabeça, eu ainda tremia. Candid se levantou e segurou meus braços me encarando, mas os olhos roxos, o lábio partido e o grande hematoma em sua bochecha me fez arfar.
"Vem, cá." Ele me abraçou e eu deixei de tentar ser forte e chorei. Não de tristeza, eu não sei por que eu chorei, eu só ainda sentia muito medo. Candid me apertou em seus braços e alisou minhas costas com carinho até que os soluços foram parando e minha garganta parou de doer. Eu descansei o rosto no ombro dele, era bom estar em seus braços, eu me senti segura. Ele beijou o topo da minha cabeça, eu alisei suas costas fortes.
Ele se afastou.
"Eu quero que você pare de chorar, não ficar excitado." Ele disse, eu sorri.
Candid passou um dedo pelos meus lábios.
"Isso. Um sorriso faz tudo isso ter valido a pena. Obrigado por estar aqui." Ele disse, se abaixou, jogou o corpo gigante de Sheer no ombro e indicou o caminho. Eu entendi que ele não queria ter lutado com Sheer, ele amava seu sobrinho. Nós andamos por uma longa distância até chegar numa casa. Uma casa muito perto do muro, seria a tal casa de fachada do portão escondido? Eu nunca tinha ido ali.
Candid abriu a porta, Jewel veio correndo, um Nova Espécie que eu não via muito também. Ele parecia muito com o meu tio Valiant.
"Você lutou com ele?" Jewel perguntou com os olhos arregalados.
Candid jogou Sheer no sofá.
"Sim. Foi por causa dele que ficamos para trás. Ele me atacou." Candid disse e se sentou numa cadeira. Jewel veio e alisou o rosto dele.
"Está tudo bem." Ele disse, ela me olhou.
"Eu não entendi por que ela está aqui." Candid suspirou.
"Ela estava em minha cabana quando Sim ligou. E eu não estou a fim de explicar nada para você, Jeje, eu disse que era para não fazer perguntas e você disse que não faria." Ele disse apertando um corte em seu braço que ainda sangrava.
"Eu menti. Não vou ficar fora da Reserva e ser castigada depois sem saber por que estou fazendo isso." Jewel se esticou, o macho, Leaf, sorriu.
"Ela tem um ponto, Leãozinho." Ele disse, era estranho ouvi-lo chamar Candid de Leãozinho. Ninguém fazia mais isso.
"Tem a ver com salvar Honest, é só o que eu sei." Candid disse, Jewel ficou pensativa.
Mas Honest não estava na Reserva? Ele estava bem. Ou não?
"Ok. Eu já falei com o tio Al, ele já deve ter arranjado um hotel e seguranças pra mim, eu já vou. É melhor eu não saber onde você vai levá-la. Cuide bem dela, se não eu explodo seus ouvidos." Ela saiu andando como uma rainha com a cabeça erguida e nem se despediu de mim.
Leaf tinha um sorriso de orgulho no rosto, Candid balançou a cabeça.
"Coitado do Sim. Se ele não tiver acasalado quando essa aí ficar adulta, ele não terá chance alguma." Leaf deu uma gargalhada, eu acabei sorrindo.
Flora estava na jogada e Flora era apaixonante. Mas Jewel era feroz e isso poderia ser mais interessante que a candura de Flora. Bom, era esperar para ver. De qualquer forma, eu seria do Time Flora.
Ouvimos um jipe, eu não fiquei surpresa por ela já saber dirigir.
Candid deu mais uma examinada em Sheer, ele não parecia tão ruim, só o sangue em seu rosto dava a entender que ele não estava dormindo.
"Espere amanhecer e então vá ao hospital e traga Honest aqui. Não diga para ninguém que Sheer está aqui." Leaf ergueu as sobrancelhas.
"Por que acha que vou colaborar com isso? Eu não tenho por que me meter nas suas traquinagens." De novo ele falava com Candid como se ele fosse um filhotinho.
"É importante. E eu fico te devendo." O macho fechou a cara por um instante, seus olhos, dourados, tão parecidos aos do próprio Candid estavam sérios.
"Ok. Ao amanhecer eu procurarei um médico." Ele não disse que procuraria Honest o que eu achei estranho.
Candid beijou o rosto de Sheer, saiu da sala e voltou com Missy nos braços, eu acenei para Leaf e saímos. Candid fez sinal para que eu me sentasse no banco traseiro de outro jipe, eu sentei, ele me passou o corpo inerte de Missy, eu a ajeitei no meu colo, Candid subiu e colocou o veículo em movimento.
Enquanto ele dirigia eu olhei bem o rosto dela. Linda. Um rosto perfeito, delicado. Os cabelos eram loiros bem claros, mais claros que os meus e estavam maiores também. Ela era preciosa, dava para entender por que Sheer se deixou levar pela sede.
"Pride ficava como Sheer ficou?" Eu perguntei.
"Sim. Mas no caso dele era muito pior, ele não tinha controle." Candid me respondeu.
"Mas Sheer também não... Você acha que ele estava no controle?" Eu perguntei com os olhos bem abertos.
"Não totalmente. Mas ele sabia o que estava fazendo lutando comigo. Jewel estava a frente, o instinto dele foi me atacar, não contornar e ir atrás de Jeje." Eu pensei nisso.
"Mas você é tio dele!" E eu nem falei que eu era fêmea e muito mais fraca. Ele parecia que queria me trucidar, eu senti o medo apertar meu peito.
"É assim que a sede funciona. E é por isso que é tão terrível. Para a sede, eu, você e Jewel tocamos em Missy que é dele, logo todos tínhamos de morrer."
"Eu não acredito nisso, Sheer é doce e é bom." Eu disse.
"Sim, ele é, mas a sede não. Poderia ser alguém que não estava na jogada, alguém só passando por ali, que para a sede seria o mesmo. Ele caçaria e mataria a todos." Candid explicou, mas eu não podia acreditar.
"Não. Você está errado." Ele parou o jipe no acostamento e se virou para trás, para mim e me encarou, seus olhos brilhavam.
"Não teime comigo, assim eu me apaixono." Ele disse com um sorriso, se virou e voltou o jipe para a estrada.
Chegamos em Fuller, Candid dirigiu a margem do enorme muro até um portão pequeno, a pintura e textura iguais ao muro o escondiam parcialmente.
Candid pegou Missy nos meus braços a ajeitou no colo, foi até o portão e bateu. Depois de algum tempo alguém abriu o portão, pegou Missy dos braços de Candid e o portão se fechou.
"Eu disse que dava para trazer uma fêmea pra cá assim e Simple não acreditou." Ele sorriu e colocou o jipe em movimento.
Depois de um tempo na estrada, quando o sol já tinha nascido, eu perguntei onde íamos.
"Para a casa de Nove, o pai, agora Wide. Lá você vai quebrar duas costelas minhas que curaram errado e eu vou dormir. Você pode me fazer companhia se quiser." Ele disse, mas sem deboche ou lascívia na voz. Seus olhos estavam cansados e preocupados.
"Eu tenho de ligar para a minha mãe." Eu disse, ele assentiu.
"O Honest que está na Reserva..." Eu comecei, ele balançou a cabeça dizendo que sim.
"É, não é o Hon. Embora se você chamar ele de Doze, ele pode xingar você." Eu então não perguntei mais nada, eu só podia esperar ter ajudado em alguma coisa.

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