CAPÍTULO 5

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Candid me batia contra a parede, eu o empurrava de volta, tudo estava muito quente, muito... Como sempre, ainda que um pouco melhor que os outros.
Ele tentou beijar minha boca, eu desviei o rosto e como castigo ele mordeu meu pescoço. Uma deliciosa mordida com as presas, eu gozei, ele também.
Estávamos no tal 'laboratório Não Secreto Mais' dele, ele me baixou da parede eu me apoiei até minha respiração voltar ao normal. Ele se virou limpou o pênis com lenços umedecidos e jogou a embalagem pra mim.
"Não é a mesma coisa que um banho. Eu vou ficar cheirando à sua semente." Eu reclamei, ele vestiu sua calça e assentiu.
Ele se sentou numa cadeira e suspirou.
"Tem um frigobar com leite e frutas ali. Você pode ir embora também, você é que sabe." Ele deu de ombros.
"Eu devo dizer que sua postura distante é interessante, Creek, mas isso é um problema para nossa empreitada." E era isso que ele queria ao me trazer ali. O sexo só foi uma desculpa. Aquele lugar devia ser a prova de som.
"Eu vou achar um macho, pode deixar." Eu disse, mas não convenci nem a mim mesma.
E era isso. Eu não queria acasalar. Mas eu queria um filhote. Queria muito, demais.
"Não, não vai. Você não quer." Ele era bom, era um psiquiatra, esses doutores de cabeça sabiam praticamente ler mentes.
"Como ficamos então?" Eu não ia perder tempo, ele era objetivo, eu também.
Ele foi até a geladeira, abriu e tirou uma embalagem de leite pra ele, outra pra mim. Estava bem gelado como eu gostava. Candid terminou de beber e me encarou.
"Eu não quero perder. Não me interessa se você não quer um macho, eu não ligo se você enganar algum dos idiotas dos oficiais ou da força tarefa. Eu não morro de amores por eles, mas você falou em Noah, e eu te digo que ele não." Eu assenti.
"Eu pensei foi em Adam." Eu disse, ele passou a mão pelos cabelos. Lindos cabelos de fogo, macios, brilhantes e com um cheiro ótimo.
"Chimes chegou na frente. E seus cabelos são castanhos bem claros, ele acha que irá acasalar com uma que tenha cabelos escuros. Alguma profecia idiota do pau no cu do Harrison." Ele pegou outra embalagem de leite e começou a beber.
Era engraçado, ele dizendo aquelas coisas, fazendo aquela cara e bebendo leite, eu ri. Ele me encarou e eu fiquei alerta.
"Isso é uma brincadeira pra você?" Ele perguntou, eu suspirei.
"Não, mas é engraçado você com essa cara de cientista maluco e bebendo leite." Ele sorriu.
"Tanto quanto você fazer o tipo fêmea alegre e amiga de todos, quando na verdade você é fria e calculista. E todos os orgasmos que você finge, e estar com Timber por que ele dá uma rapidinha e depois dorme, te deixando em paz e evitando que outros se aproximem."
Eu o encarei, mas o que ele disse era meio verdade, não tudo, mas uma boa parte, então eu dei de ombros.
"As vezes eu gozo, só não é tão rápido quanto vocês e aí..."
"Sua vida sexual não me interessa. Eu estou numa aposta séria, uma que realmente é foda e estou com a pior fêmea. Isso está me deixando puto." Ele disse mais para ele mesmo que pra mim.
"Eu sou capaz de enganar um macho. Eu só quero o filhote. Humanos se divorciam o tempo todo e se eu conseguir, não vamos nem acasalar, filhotes crescem rápido e...
"Que parte de eu estou me fodendo para sua vida você não entendeu, Creek? Não me importa o depois, se você vai ficar acasalada ou não. Isso é um problema seu. A questão é que você não consegue se envolver, e talvez seja necessário um certo envolvimento."
Eu fiquei quieta. Era um azar ou sorte eu estar com o Candid? Esta questão estava me incomodando. Eu era competitiva, eu amava Breeze e Chimes era até legal, mas eu queria ganhar. E queria um filhote.
"Quando você fala em envolvimento..." Eu precisava entender. Ele dizia que era apenas um macho para plantar a semente, dizia que não se importava com o que aconteceria comigo depois e então vinha com esse 'envolvimento'?
"Eu tenho uma teoria. Vocês menstruam, então seus ovários funcionam. Mas quando os espermatozóides chegam no útero de vocês eles não fecundam seus óvulos. Por quê?" Ele me olhou e realmente esperava que eu respondesse, então eu tentei:
"Talvez nosso útero seja muito, sei lá, quente para eles, ou produza uma substância que os mata? Por que não importa se compartilhemos sexo com um humano ou um macho, não dá certo." Ele sorriu.
"Isso é uma boa forma de falar, Creek." Eu sorri.
"Mas é totalmente errado. O útero de vocês é normal, o sangue menstrual de vocês é igual qualquer um que eu tenha estudado. O problema são seus óvulos. E isso não é fácil de resolver."
Eu me sentei na maca e balancei os pés olhando para minhas unhas. Estavam grandes, nas mãos não ficava muito feio, mas nos pés... Candid abriu um armário, pegou uma tesoura e começou a cortar minhas unhas enquanto pensava em alguma coisa.
"Sexo casual não vai bastar, Creek, por que temos a porra de uma ovulação só. Você precisa de um macho pra ontem."
"Não pode mesmo ser você?" Eu perguntei. Ele era bom no sexo, melhor que muitos machos mais velhos. Eu gozei todas as vezes em que compartilhamos sexo e eu não era muito de gozar. Eu não gostava tanto de sexo assim.
"E te dar um filhote meu?" Ele disse com um sorriso e eu vi o quanto ele não era o Candid que os outros viam. Eu também não era, eu... O tempo foi me moldando e me fazendo ficar entediada e depois eu me vi ficando um pouquinho insensível. E eu tive de me adaptar. Eu era alegre, carinhosa e faladeira, mas não ficava muito tempo entre todo mundo. Eu gostava de solidão e de ficar sozinha.
"Tá, vamos lá, eu não gosto de terapia, eu odeio na verdade, mas como é por uma causa maior, vou te fazer uma exceção. Por que quer um filhote?" Ele me perguntou quando terminou de cortar minhas unhas. Ele continuou acariciando o meu pé, era uma tentativa de me deixar a vontade.
"Para me conectar. Eu perdi isso, eu não gosto de conviver mais com os outros. Eu faço meu trabalho, mas porque tanto Brass quanto Tiger me deixam patrulhar o muro e eu adoro isso simplesmente por que assim eu fico sozinha. Mas eu não era assim. Eu quero ser alegre de verdade, não dessa forma..." Eu procurei a palavra, ele continuou por mim.
"Falsa. Você quer voltar a ser a Creek de antes. Eu até gosto dessa Creek, eu sou eu mesmo com você e você não surta comigo."
"Por que eu te entendo." Ele ergueu as sobrancelhas enquanto assentia com a cabeça.
"Certo, então você acha que um filhote vai te colocar nos eixos. Vai trazer a Creek alegre de volta, por que você vai amá-lo e isso vai te transformar." Candid disse, eu acenei, ele começou a rir e eu acabei rindo com ele.
"Que porra de ideia ruim! Essa é a idéia mais ridícula que alguém já falou pra mim e olha que eu escuto muita coisa." Ele ainda ria quando falou isso.
"Mas é verdade." Eu disse, ele suspirou.
"Bom, é um plano de bosta, mas não é problema meu." Ele deu de ombros.
"Você não explicou a teoria do envolvimento."
"É, a terapia de merda me distraiu." Ele foi até a geladeira e pegou uma maçã.
"Está com fome?" Eu perguntei, ele rosnou.
"Você me esgotou e eu não jantei." Ele disse e eu achei engraçado ele estar ali totalmente despreocupado quando ele já deveria ter voltado ao hospital depois do jantar. Chimes vivia dizendo que ele se atrasava de propósito e era verdade.
"Vamos imaginar que eu consiga amadurecer e multiplicar seus óvulos, que é o que a salada de frutas faz com as humanas e as da segunda geração. Você precisa de muitos espermatozóides para fecundá-los, uma vez que sim, seu aparelho reprodutivo é mais agressivo que o das humanas e o das de segunda geração. Para isso é necessário muito esperma e como você sabe..." Ele fez a cara do um professor ensinando a um aluno burro dos filmes.
"Um macho envolvido faz sexo mais vezes que um que não está." Ele bateu palmas.
"Exato. Não são todos que prestam atenção nisso, mas você..." Ele riu e continuou:
"Você sabe tudo sobre isso, não é? De que outra forma você ia fazer o mínimo de sexo e ainda parecer uma fêmea normal?"
Eu era uma fêmea normal, só estava cansada de tudo. Eu era velha, essa era a verdade. Nas instalações não se via o tempo passar, mas quando se ficava o tempo que eu fiquei, bom, não dá pra não perceber. Eles estabeleceram a idade de trinta anos para todos os Novas Espécies libertos por causa de uns exames de arcadas dentárias ou coisas assim e com isso todos estavam então com pouco mais de sessenta anos, mas eu tive como saber o tempo em que fiquei na instalação, pois eu tive uma amiga humana. Uma técnica muito boa que estava ali contra sua vontade. Pelo menos foi assim. Ava. Ela começou sem saber de nós no subsolo, foi promovida e nos conheceu, tentou sair de lá e não deixaram. Daí, ela passou a nos ajudar da forma que pudesse. Não era muito, as vezes ela trazia mais comida ou só entrava na cela e me abraçava quanto abusavam de mim muito violentamente. Ela cantava pra eu dormir, enquanto limpava meus ferimentos. E ela foi envelhecendo. Até que ficou muito doente e morreu. Ela trabalhou até que não pôde mais andar normalmente. Ela me disse sua idade uma vez, pouco antes de sumir. Isso foi pouco antes da liberdade, o que me deu uma idéia da minha idade. Ava me disse que começou a trabalhar lá com vinte e três anos e antes de morrer, ela estava com sessenta e dois. Quase quarenta anos. E eu já era adulta quando ela começou. Se eu for adicionar uns doze anos a esses quarenta e os trinta de liberdade, eu teria mais de oitenta anos. Muito tempo, muita pouca coisa feita.
"Então, agora que você entendeu, o que me diz?" Candid disse, eu balancei a cabeça derrotada.
"Eu não sei. Farei o que você decidir." Ele balançou a cabeça.
"Tem um macho que talvez possa nos ajudar. Ele é humano e eu acho que esse componente pode ser importante e se for, nós ganhamos. Mas você vai precisar de todo instinto maternal que tiver. E estou falando de instinto maternal puro." Eu olhei para ele e sorri.
"Talvez tenhamos que praticar, então, vem pra mamãe." Ele riu, tirou a minha blusa e começou a sugar meus seios. Não era todo dia que um macho me fazia gozar como ele, eu tinha de aproveitar.

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