CAPITULO 59

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Uma festa na Reserva só podia ser considerada uma boa festa se estourar uma briga durante a festa. E, se levarmos isso em consideração, minha festa de boas vindas foi espetacular.
E o melhor é que foi quando a festa estava ficando morna, quando todo mundo já tinha me abraçado e eu já tinha explicado o que eu sabia que Simple tinha feito, ou seja, nada, pois ele não me contou, Candid não sabia direito.
Modest, que uma ou outra pessoa chamou de Honest, algo muito irritante em minha opinião, era uma espécie de convidado especial, já que agora ele era 'ele' e não 'eu' mais.
Na verdade... Bom, vamos ao ponto alto da festa: Ninguém esperava o que aconteceu, foi uma daquelas coisas que quando você conta você acaba tendo de dizer que só na Reserva se vê algo como aquilo.
Noble e meus sobrinhos encantadores tocavam uma batida envolvente. Eu gostei muito de Polux e Castor, mas os filhotes de Nob eram doces e eu me derreti por eles, ainda mais por parecerem ter o dom do meu irmão e serem já ótimos percursionistas. A música era daquelas sensuais e eu decidi tirar Lunna para uma dança, só que quando eu cruzava o salão com meus olhos nos dela, Sunny passou por mim como um raio, eu o segui com o olhar e abri a boca pasmo ao vê-lo socar a cara de Pride, jogar Lily no ombro e correr para a saída. Eu procurei Cam na multidão, ele se dobrava de rir, eu acabei rindo, Pride voou longe com o murro que Sunny deu nele.
Sunny tinha dois metros e quinze centímetros de altura e devia pesar uns cento e trinta quilos de puro músculo, ele era muito forte. Sunny passou pela entrada e depois que ele saiu, Silent e os dois Noves, pai e filho, barraram a saída. Honor foi o primeiro a reagir ao susto indo atrás de Sunny usando sua super velocidade, mas Sunny foi mais rápido e Honor o perdeu por pouco. Silent empurrou Honor, Honor rugiu e se jogou contra ele, Silent aparou o golpe, lhe deu um murro que o jogou longe.
Slade, Brass, Harley e Moon logo montaram um balcão de apostas, Tia Marianne mandou meu tio ajudar Honor, Tio V. apenas sorriu. Pride se recuperou do soco e foi lutar na porta, já que Honor levava uma surra dos três gigantes.
"Eu aposto em Pride." Candid veio até mim, eu balancei a cabeça.
"Não. Ele vai conter a sede." Eu disse, Cam me mostrou uma nota de cem, eu suspirei e assenti apontando para Honor que acabava de levar outro soco de Nove pai.
"Em quem devemos apostar?" Modest veio perguntar, eu dei de ombros.
"Em quem você quiser." Ele ergueu uma sobrancelha quando Noble foi ajudar, mas levou um chute de Silent.
"E nós não vamos ajudar?" Modest perguntou, eu o encarei, ele era bem chato se fossem me perguntar.
"Quando papai e tio V. brigarem a gente entra na diversão." Candid apontou para Vengeance e Valiant, já olhando com raiva um para o outro.
"Mas por que eles não ajudam seus irmãos?" Modest perguntou quando Joe entrou na linha que tentava passar pela linha dos gigantes.
Cam olhou para mim, ele devia estar impaciente para ir ajudar, afinal Joe estava dando um monte de socos em Nove, o filho, e parecia que iam conseguir passar se ele fizesse Nove filho cair.
"Silent é filho adotivo do tio V, Broad é uma espécie de filho adotivo de papai e Wide é pai de Vengeance. É tudo a mesma família, Lily é neta deles." Candid explicou, Modest ergueu as sobrancelhas pois era muita informação.
E o fato de ser todo mundo uma grande família estava dando um nó na cabeça de papai e do meu tio, eles não sabiam de que lado da luta deviam entrar.
Eu olhei para os clones, Chimes segurava Adam, ele também parecia confuso, Noah rosnou e foi ajudar os quimeras e aí mais um ficou impedindo a saída. E Noah via o futuro, então isso mudou as apostas e Slade deu um tiro para o alto, pois os machos estavam gritando e jogando dinheiro para eles sem que eles pudessem ouvir direito quem apostava em quem.
Ann deu um beijo nos lábios de Dusky autorizando ele a ir lutar e aí mais um se posicionou impedindo a saída, James foi ajudar nossos irmãos e isso fez Cam se jogar contra Noah lhe dando uma voadora na cabeça. Eu e Modest ficamos observando. Era soco e chute para todo lado, mas o lado de Silent era mais forte. As fêmeas puxaram algumas mesas e se sentaram, afinal depois da briga os envolvidos apanhariam de novo segundo tia Marianne e eu fiquei com dó dos braços de Noah, os beliscões dela eram bem dolorosos. Elas fizeram sinal para os garçons humanos que olhavam assustados para a luta na porta, eles correram a serví-las levando bandejas cheias de carne, Livie parecia preocupada, eu me preocupei.
Quinze estava sentado, Rebbeca segurava a mão dele, eles estavam juntos, mas era estranho ele não lutar.
Os filhotes também apostavam, Jonathan ficou ao lado de Noah e quando ele chutou Candid eu entrei na luta. Eu tomei um soco bem na cara de Dusky, ele me disse que tinha sido por ter feito ele chorar a toa. Honor rugiu tão alto que abalou a estrutura do refeitório e ele pareceu perder o controle justo com Nove, o pai. Todo mundo parou de lutar, os dois começaram a se morder e arranhar arrancando pedaços de pele, foi horrível e aí papai e o tio V. entraram no meio para separar e foram trucidados, Nove torceu o braço de papai com tanta força que o quebrou. E aí todo mundo quis separar e finalmente os quimeras caíram, Dusky se rendeu, Noah e Candid ainda estavam engalfinhados, eu e Modest separamos os dois.
Silent tinha um lado do corpo sangrando e eu pus a mão na massa, já fui logo atendendo ele no chão mesmo. Honor e Pride estavam desfigurados, Joe tinha quebrado uma perna e James e Noble tinham desmaiado. Noah quebrou o nariz de Candid, ele estava puto, quase se pegando com ele de novo. No fim, ninguém foi atrás de Sunny e Lily.
E eu passei a noite cuidando dos machos, Candid com um grande curativo na cara não perdia a chance de chamar Florest de covarde por não ter entrado na briga.
De madrugada eu me sentei na sala da enfermagem e o telefone que Bravery deixou comigo tocou, eu atendi.
"Oi." A voz de Simple em meus ouvidos foi como música. Eu estava com saudade dele, muita.
"Oi. Já ficou sabendo?" Eu perguntei com um sorriso, eu senti o sorriso dele do outro lado da linha.
"Bravery disse que nunca viu tanta pancadaria. Como estão nossos irmãos?"
"Honor já voltou pra casa, ele foi o que mais apanhou, foi uma surra indescritível. Pride conseguiu conter a sede, então apanhou bastante também. Sheer não estava na festa, ele e Missy estão namorando, sabia disso?" Eu perguntei, Simple riu.
"É claro que eu sabia." Ele respondeu.
"E você não vai acreditar, mas depois de Honor que mais apanhou do que bateu, quem honrou as bolas do papai foi Joe. Ele trucidou Nove filho."
"É, eu acredito. Há muito para te atualizar. Mas eu preciso de um favor, Hon." Ele disse.
"Diga." Eu esperei.
"Flora. Ela sumiu, você pode perguntar onde ela foi para Halfpint? E se foi para longe, eu quero que você fale com James. Diga que eu quero imagens de onde ela está." Eu achei muito estranho aquilo.
"Halfpint estava aqui, ela disse que Flora ia adorar me dar um abraço, mas que ela estava em Homeland." Eu o informei.
"Acha que ela falava a verdade? Por que Flora não está em Homeland." Se ele dizia que Flora não estava em Homeland, ela não estava. Simple tinha meios de saber, talvez ele soubesse por causa de seu super faro.
"Quer que eu sugestione Halfpint?" Eu perguntei, ele ficou em silêncio.
"Quero. Faça e me ligue. Faça amanhã, o mais cedo que puder. Eu te amo."
"Feito. Eu te amo também." Ele desligou, eu fiquei pensando no porquê haveria essa urgência de saber onde Flora estava. Ele estava sempre provocando John, só isso.
Mas eu me lembrei do beijo no zoológico. Quando ela me fez quase vomitar meu fígado fora e Simple não foi atingido. Não foi um beijo a toa. Isso eu sabia.
"Que bela recepção, nheim?" Lunna disse, eu me surpreendi por ela estar ali, já era madrugada.
"O que está fazendo aqui?" Ela sorriu.
"Eu trabalho aqui agora." Eu ergui minhas sobrancelhas.
"Mas você não estudava psicologia?" Ela assentiu.
"Eu vim te ver, vim falar com você." Eu me levantei da cadeira e fui até ela. Eu me lembrava do toque dela, mas de uma forma nebulosa. Eu senti sua presença, mas de muito longe. Eu ainda me sentia estranho. Bill disse que a Criogenia poderia me deixar confuso, até agora tudo tinha corrido bem.
Eu lhe toquei o rosto, era estranho, parecia que eu tinha acabado de sair da casa dela quando ela me expulsou de lá, me acusando de ter me passado por Candid. Eu não queria me lembrar daqueles dias, minha cabeça doía. Eu me afastei.
"Você está mesmo de volta?" Ela perguntou, eu assenti, ela sorriu.
Um lindo sorriso, um sorriso que me fez sentir saudade de tanta coisa! Mas também me lembrei de que ela foi na cabana atrás de Simple, não de mim. E passou a noite pensando que estava compartilhando sexo com Candid. Ela falou o nome dele quando gozou!
Eu me afastei, ela me encarou.
"Eu preciso cuidar de Pride. Depois conversamos." Eu disse passando por ela e saindo da sala.
"Honest." Ela veio atrás de mim e me chamou, eu só parei, não me virei.
"Podemos nos encontrar na sua cabana?" Ela perguntou, eu me virei.
"Eu não tenho uma cabana, Simple tem. Mas eu acho que Cam está..."
"Você requisitou a cabana de Gabriel quando voltou no corpo de Doze." Ela me informou.
"Por que eu ia querer morar tão longe?" A cabana de Gabriel ficava no cume de uma montanha longe pra caramba de tudo.
"Acho que você não queria que soubéssemos que você foi implantado. Você só se revelou como Honest quando teve de testar Ella. Você insistiu para fazer o teste de DNA." Eu não entendi. Por que eu faria isso?
Ella me foi apresentada, claro. Filhote de Joe e Mary. Embora... Ela me pareceu estranha, eu olhei para Cam, nós nos comunicávamos pelos olhos e os olhos dele me diziam que era isso que eu estava vendo. E eu estava vendo algo terrível.
"O que você me diz?" Eu a olhei confuso, minha mente pensava no motivo de me revelar. Um teste de DNA? Por que eu faria isso? Era tão nítido. Mas havia muitas coisas a considerar e a minha volta dos mortos em outro corpo mudaria o foco das pessoas.
"Não. Eu estou me acostumando com tudo ainda. Me dê um tempo. Afinal, você não quis me ver. E o Honest que estava no corpo de Modest não era eu. Se eu e você..."
"Nós não tivemos nada." Ela disse, eu acenei. Isso era bom.
"Então até logo." Eu disse e continuei até o quarto que Pride estava. Minerva dormia na cadeira, Pride se sentou com um gemido.
"Que porra! Estou todo dolorido." Ele disse, eu sorri.
"Você demorou muito para entrar na briga." Pride reclamou.
"Eu sou esperto, você é burro." Eu disse e tirei uma faixa do pulso dele, estava curado.
"Pride?" Minerva abriu seus olhos eu levei um susto. Ela piscou.
"O que foi?" Eu fechei os olhos com força.
"Seus olhos. Sempre foram assim?" Eu perguntei já sabendo a resposta. Minerva tinha um olho verde e um azul, eu sempre soube disso.
"Algum problema, quer que eu chame o Cam?" Pride perguntou, seus olhos estavam preocupados.
"Não. Eu estou bem, me desculpe, Min. Seus olhos são lindos, únicos." Pride rosnou.
"Aí já foi abuso. Vem, Amor, vamos pra casa." Ele se levantou, pegou Minerva no colo com um gemido, mas ainda assim saiu carregando ela.
Eu suspirei, minhas lembranças estavam confusas, mas eu estava fisicamente bem, minha cabeça era outra história.
Eu voltei para a casa dos meus pais, fui até o nosso quarto, Modest já dormia e na minha cama. Eu apertei os lábios com raiva, meu nome e minha cama! E minhas roupas também, afinal ele usava uma camiseta verde. Eu me deitei na cama de Simple e apertei o lençol no nariz, mas o cheiro dele não estava ali.
Eu me forcei a dormir, eu precisava descansar.

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