CAPÍTULO 70

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E teve chá de bebê! Não pra mim, eu ainda estava com quase três meses, achei melhor esperar mais um pouco.
A decoração estava primorosa em tons de amarelo, o preferido de Creek e de bege, o tom da decoração do quartinho de Elijah. Não foi surpresa para ninguém Wide escolher o nome do meio de Simple para seu filhote, eu até pensei que Breeze pudesse não gostar, mas ela adorou o nome.
Adam estava às voltas com um nome para nosso bebê, Noah disse que já sabia, mas não contaria, eu o deixei com esse encargo.
Por que eu não era boa em escolher nomes e depois de Enoch, eu fiquei tão traumatizada que não quis nomear esse novo bebê.
Quando Wide anunciou que seu filhote teria o nome do meio de Simple, Adam me olhou esperançoso, eu apenas sorri.
O nome do meio de Honest era Collin um nome bem bonito, mas ele estava em dúvida, eu não me pronunciei.
Uma nova gravidez não era a cura que eu precisava, ao contrário, me obrigou a ser forte num momento em que eu estava muito fragilizada. Eu conversei com Lunna sobre isso, sobre a minha falta de apego à gravidez e ao medo de passar por outro aborto.
Eu tinha um medo e pânico enorme disso! Lunna me ajudou a ver que essas coisas nos fogem ao controle e que eu tinha de viver um dia depois do outro. Que o medo era esperado e que eu deveria me cercar das pessoas que me amavam e procurar ocupar minha mente com outras coisas.
E parecia um conselho tão inútil, mas quando eu resolvi passar o dia na casa de Elizabeth que tinha virado a sede da loja de bolos dela e de Emma, eu comecei a ver que estar entre pessoas que eu amava e que me amavam realmente ajudava. Eu era muito sincera, então virei um tipo de controle de qualidade delas e isso que rendeu muitos quilos a mais. À noite, eu e Adam começamos a jantar na casa de Vengeance e às vezes eu saía de lá com a barriga doendo de tanto rir da bagunça deles. Adam era o mais zoado em todo jantar e ele fechava a cara, mas sorria de lado quando eu ria.
O episódio do gato selvagem que ele vigiou por que achava que era uma fêmea prenha durante um dia inteiro debaixo do sol era o preferido. A cada vez que contavam a história, acrescentavam uma coisa diferente.
Rom era zoado por que nunca gostou de deixar os cabelos crescerem e agora não queria cortá-los por causa de um desenho de Harrison. Ele estava sempre arrumando o cabelo, era bem engraçado, por que ele nem mesmo os prendia. Uma vez ele abriu a boca para tomar sopa, Peace soprou seus cabelos e quando ele fechou a boca, acabou tomando a sopa junto com uma grande mecha de cabelos e engasgou. Até Marianne, que era quem ralhava com todos, riu.
E a cada dia que passava o apoio da família de Adam e de Elizabeth e Jericho, que eram minha família, de certa forma foi me mostrando que eu podia ter esperança. Que eu podia enfrentar qualquer coisa.
E agora faltando só alguns dias para que meu filhote completasse três meses em minha barriga eu estava pronta para lhe dar um nome.
Eu procurei Adam em meio a multidão e como se sentisse que eu o queria perto, ele surgiu de surpresa e me abraçou por trás.
"Oi." Ele disse no meu ouvido, eu fechei os olhos.
"Acha que uma filhote precisa de tantas roupas?" Ele perguntou por que eu estava olhando as roupinhas que Creek ganhou. Muita coisa em rosa, verde clarinho e lilás, vários vestidinhos cheios de laços e rendas.
"Uma fêmea até pode ser. Já filhotes machos não tanto." Eu apontei para a pilha de presentes de Breeze, havia mais fraldas e brinquedos do que roupas.
"Arnold só vestia roupa se fosse sair e mesmo assim era difícil colocar algo nele. Heitor só veste vermelho e Leonard não gostava nem de fralda." Ele disse com om olhar sonhador.
"Você ajudou a cuidar deles?" Ele assentiu.
"Mais de Leonard na verdade. Para Jonathan sair." Ele disse com um ar de orgulho no rosto, Jonathan era como um irmão para ele.
"Ele simplesmente tirava a fralda e fazia xixi ou... você sabe, em qualquer lugar. Um vez ele fez cocô no tapete de mamãe e eu o levei para o banheiro, quando estava dando banho nele, ouvi mamãe gritar e corri com Leonard debaixo do braço pelado. Quando cheguei na sala..." Eu fechei os olhos já imaginando a cena.
"Arnold estava comendo..." Eu gritei, ele riu.
"Mentira!" Eu disse com os olhos arregalados.
"Mamãe ficou uma fera! Eu não vi o cocô, estava misturado aos padrões do tapete! E eu não estava respirando pelo nariz quando peguei Leonard e o levei para o meu banheiro." Eu balancei a cabeça. Filhotes aprontavam muito!
"Eu queria te dizer que se você quiser chamar nosso Filhote de Collin, bom, eu acho um bonito nome." Ele abriu um lindo sorriso mostrando suas presas, meu coração se agitou.
Como eu podia amar tanto alguém assim?
"O que foi? Olha, se você quiser pensar melhor, tudo bem. É que Honest foi quem..." Eu coloquei o dedo nos lábios dele, ele beijou meu dedo.
"Eu só estava admirada do quanto eu te amo Adam, só isso. E Honest fez acontecer, além de que eu adoraria que meu filhote tivesse o mesmo caráter dele. Eu poderia ficar sem as traquinagens, mas até isso nele eu admiro." Eu disse, nós olhamos para Honest do outro lado do refeitório, ele conversava com Gabriel. Ele nos olhou e nos deu um pequeno sorriso, eu sorri de volta, me virei e procurei Modest. Adam entendeu e também se virou, Modest conversava com Broad, ele ria de alguma coisa. Ele nos encarou e abriu um grande sorriso e ergueu seu copo num brinde a nós. Adam vocalizou um 'eu te amo', para ele, ele disse 'eu também' e eu decidi que para mim a festa tinha dado o que tinha de dar, pois eu precisava de Adam. De um jeito que só nós dois sozinhos numa cama poderia satisfazer. Eu o encarei e vi o fogo nos olhos gelados, então fomos até Creek.
"Creek, está tudo muito lindo!" Eu disse pela segunda ou terceira vez, Creek me olhou um tanto quanto séria.
"Creek, tudo bem?" Ela engoliu em seco e disse:
"Foi tudo muito corrido e agitado, mas só agora que eu me dei conta de que não senti Pollyana se mexer." Ela disse bem baixinho, eu me forcei a me manter calma.
Alguns dias antes do parto os bebês paravam de se mexer. A teoria do porquê disso era que o filhote pressentia que ia nascer e que evitava o gasto de energia. O instinto de todo Nova Espécie ao nascer era rasgar sua mãe, mas só no caso de acontecer alguma coisa errada. Creek me olhou, eu sorri para ela e perguntei:
"O que Gabriel acha?" Ela balançou a cabeça.
"Eu não falei com ele, eu acabei de perceber. Estou tentando me lembrar se ela se mexeu ontem, mas..."
Eu olhei em volta, Gabriel discutia algo com Honest. Eu olhei para Adam, ele foi até eles e eu me sentei ao lado dela.
"Eu estou com medo Chimes." Eu alisei seu rosto e sorri.
"Vai dar tudo certo." Eu disse, Creek me sorriu de volta e logo Gabriel se ajoelhava ante ela e beijava a enorme barriga.
"Pollyana?" Ele chamou, Creek engoliu em seco de novo.
Gabriel então bateu com o nó de um dedo na barriga de Creek e olhou para ela, Creek fez que não com a cabeça.
"Bom, ainda não há nenhum sinal de alarme, Bela Creek. Vamos aproveitar a festa e qualquer coisa, qualquer..." Ele foi cortado por um gemido de Creek.
"Creek?" Eu perguntei, Creek se levantou da cadeira e eu olhei para baixo, para o chão e havia uma poça de água aos pés dela.
"Gabriel!" Ela disse o nome de seu macho travando os dentes, Gabriel a pegou no colo e saiu andando, todos abriram caminho, Candid, Honest e Modest foram atrás dele.
Eu olhei para Breeze, ela estava um pouco assustada.
"A bolsa estourou?" Breeze perguntou, eu disse que sim com a cabeça.
"Amigos! Parece que Pollyana está vindo, mas não podemos encher o hospital, então, que tal ficarem aqui mesmo? Assim que ela nascer iremos fazer uma escala, tudo bem?" Breeze ergueu a voz, eu não ficaria ali a espera de notícias, então eu saí na frente.
Quando eu e Adam saíamos eu ouvi Noble começar a afinar seu violão, era uma ótima idéia.
No hospital, eu e Adam, Gift, Breeze e Wide, além de Brass e Sophia estávamos na porta do quarto. Creek gritava em intervalos, eu abraçava Adam com força a cada grito.
A porta se abriu e Kit entrou, ela foi até Sophia e a abraçou, eu só acenei para ela. Robert esperou Kit largar Sophia para abraçá-la, ela parecia bem nervosa.
As horas foram passando, eu contava entre os intervalos que Creek gritava e demorou muito para esse intervalo ser de cinco minutos. Tammy tinha aparecido e rezava num canto, eu estava quase indo rezar com ela mesmo sem saber como se rezava.
"Calma, Gabriel, Candid e os dois Hons estão lá. Vai dar tudo certo." Adam disse beijando minha testa.
Os gritos de Creek ficaram mais altos, mas o intervalo diminuiu para dois minutos, Halfpint e Christmas exigiram entrar, Destiny deixou. Rosalie era quem estava auxiliando eles.
Trisha também apareceu, eu não vi de onde e a doutora Mônica também, mas não entraram no quarto.
Creek passou a gritar sem parar e quando eu tinha escondido meu rosto no peito de Adam, Pollyana chorou.
E todos nós choramos com ela, eu solucei alto com o alívio. Ela continuou chorando alto e muito forte, eu tapei meus ouvidos, mas eu queria mesmo era dançar.
Um Gabriel todo sujo de sangue saiu do quarto com Pollyana gritando entre seus braços, ele foi até Wide e Breeze, Breeze se desmanchou em lágrimas.
"Veja, meu amigo! Ela não é linda?" Gabriel disse, Wide segurou as lágrimas e sorriu apertando os lábios. De Wide e Breeze, ele foi até Gift, que contrariando sua fama de ter a cara mais fechada dos filhotes de Brass, estava com um enorme sorriso no rosto e com lágrimas nos olhos.
"Deu tudo certo! Você é um dos responsáveis e eu te agradeço." Gabriel disse, Gift assentiu. E de Gift Gabriel foi até Kit. Ele se ajoelhou ante ela com a bebê nos braços, Pollyana ainda chorava, mas sem gritar tão alto como antes.
"Eu te juro, Kit aqui, entre as pessoas que eu mais amo e com minha descendência nos braços que eu me arrependo de tudo que eu te fiz. E que se houver algo que eu..." Kit colocou a mão na boca dele e fez sinal para ele se levantar.
"Faça Creek e Pollyana felizes. Muito felizes. Isso é o que eu te peço. Eu já te perdoei." Gabriel baixou a cabeça, disse um 'eu te agradeço' bem baixinho e foi até nós. Pollyana parou de chorar, abriu a boca e bocejou, eu ri, Adam também.
"Oi, Pollyana!" Eu disse, Pollyana fechou os olhinhos.
"Gabriel, é melhor você levá-la para Creek." Trisha disse, Gabriel sorriu.
"É, eu sei." Todos rimos e eu abracei Adam o mais forte que eu consegui.
"Vamos pra casa?" Ele perguntou, eu assenti e nos despedimos de todos.
Fomos para o quarto dele, eu estava ficando mais ali que em meu apartamento, Adam entrou já me beijando na boca.
"Eu estou tão feliz por Gabriel! Ele salvou minha vida uma vez e vê-lo feliz assim me faz feliz. Eu acho que isso é plenitude. Não dinheiro ou uma profissão, mas família e amigos." Ele disse, foi a minha vez de beijar sua boca, ele se afastou, me pegou nos braços e me depositou na cama com cuidado. Eu o beijei de novo, ainda me maravilhando que aquele macho incrível fosse meu, todo meu.

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